Lá da Favelinha: Um projeto de resistência que promove arte e cultura no Aglomerado da Serra

A necessidade de programas que incentivem a cultura, arte e educação é vital para o desenvolvimento de crianças e adolescentes que estão a mercê da violência nas ruas. E não há como negar: Belo Horizonte é uma capital carente de incentivos a projetos sociais que promovam essas necessidades. São poucos os programas de desenvolvimentos culturais mantidos por verba pública, como o Valores de Minas e o Fica Vivo. Que, ainda assim, enfrentam dificuldades para manter-se de pé no cenário econômico atual.

Dentro desta realidade, a capital mineira abriga o 2º maior conjunto de aglomerados e favelas da América Latina – o Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Local onde nasceu o Centro Cultural Lá da Favelinha. Um espaço que atua na transformação desse cenário.

Sem o apoio do governo ou de algum patrocinador, o Lá da Favelinha caminha sempre com as próprias pernas. Fundado em janeiro de 2015, o projeto nasceu a partir de uma oficina de rap que acontecia há oito anos no aglomerado. Com o crescimento da oficina que, logo após, se tornou também uma biblioteca, surgia a demanda de haver mais atividades que promovessem a cultura nos entornos da comunidade.

Biblioteca comunitária do Centro Cultural Lá da Favelinha (Foto: Jéssica Munhoz/Portal Bhaz)

“A gente era limitado pra ter algumas oficinas, como capoeira e algumas danças, e como eu já tinha alugado o espaço desde setembro de 2014, tivemos a ideia e a necessidade de fundar o Centro Cultural Lá da Favelinha”, conta o músico e fundador do projeto, Kdu dos Anjos, de 26 anos.

Hoje, o espaço atende a comunidade oferecendo uma programação semanal com 12 oficinas (Corpo e Movimento, Ballet, Teatro, Capoeira, Jiu-Jitsu, Rap, Comunicação, Violão, Inglês, Percussão, Passinho e Break Dance). Além da biblioteca e brinquedoteca, que funcionam diariamente. Em média, são atendidas 300 pessoas por semana no espaço, onde todos os oficineiros são voluntários.

“A gente tem sido uma grande ponte para essas crianças e jovens conhecerem o universo das artes e dos esportes. O que eu acho mais interessante de tudo é o compromisso que eles passam a ter à partir do momento que eles conhecem esses oficios”, conta o músico.

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Oficina de Passinho promovida no Centro Cultural Lá da Favelinha (Foto: Jéssica Munhoz / Portal Bhaz)

Kdu explica que é visível o respeito da comunidade pelas ações do projeto, reconhecendo a necessidade e a importância do espaço “O próprio tráfico respeita e não influencia em nossas atividades”.  Já para a manutenção do projeto, são promovidos eventos culturais, que além de promoverem a recreação, ajudam a arrecadar verba, como o Sarau, o Arraial e o Rap da Favelinha.

“Tirando a parte financeira, o desafio agora é manter as atividades de pé, principalmente os eventos, porque a gente ainda necessita de equipamento, tipo projetor, som e microfone, mas, até então, está funcionamento de forma voluntária. É bem interessante essa troca que a gente faz com a comunidade e com as pessoas que apoiam o espaço.”

Em 2015, foi lançado o “Financiamento Coletivo Lá da Favelinha”, uma campanha de arrecadação para manter o funcionamento efetivo do espaço, que tem um custo de manutenção mensal de R$ 1.100, destinados ao pagamento de aluguel, água, luz, lanche e limpeza. A campanha conseguiu arrecadar o valor suficiente para cobrir as despesas por um ano. Contudo, as movimentações continuam para que esse projeto continue tendo vida por muito tempo.

As pessoas que tiverem interesse em conhecer ou ajudar o projeto, podem entrar em contato ou acompanhar todas as suas atividades através da página no Facebook.

Jéssica Munhoz

Jessica Munhoz é redatora do Portal Bhaz e responsável pela seção Cultura de Rua.

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