Após a repercussão envolvendo o Clube Chalezinho por atos de discriminação, a jovem responsável por desencadear uma enxurrada de críticas na página da boate abriu, oficialmente, um processo contra o estabelecimento na quarta-feira (17). Ela tornou público, na última semana, o caso em que teria sido vítima de tratamento desigual.
Ao Bhaz, o defensor dela, o advogado Thiago Simões, contou que a cliente está bastante abalada após ser proibida de entrar no clube no dia em que iria comemorar o aniversário de 21 anos dela. “Ela está triste e assustada, mas não vai desistir de ir até o fim contra a injustiça que sofreu”.
O processo da jovem contra a casa noturna pede indenização por injúria racial e tratamento desigual, já que ela se sentiu humilhada ao ser impedida de entrar na festa e por ter que desmarcar o evento em que iria comemorar com amigos. “Ela não vai mais falar com jornais para evitar se expor, esse caso a fez muito mal”, disse Simões. “Vamos até a última instância, até Brasília se for preciso”, completou.
Polêmica
A casa noturna localizada no bairro Buritis, na Zona Oeste da capital, é acusada de impedir a entrada de jovens negros e “fora do perfil” do público frequentador nas festas que realiza. Fotos publicadas pelo Chalezinho na web mostram que, apesar de o slogan da boate ser “Todos os estilos, uma só paixão!”, falta diversidade entre os participantes dos eventos.
A galeria com as imagens que mostram os frequentadores do Chalezinho foi excluída após a repercussão negativa do álbum nas redes sociais. Cerca de 500 comentários com críticas foram feitos no material.
Cometer injúria racial contra alguém é crime no Brasil, assim como racismo. A injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. No caso da estudante, o crime se configura se for comprovado o fato de ela ter sido barrada pela cor da pele. Já o racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível. Clique aqui para saber mais.
Procurada pelo Bhaz, a assessoria do Chalezinho não foi encontrada para comentar a exclusão da galeria de fotos alvo das críticas por parte dos internautas, nem o fato de a aniversariante impedida de entrar na festa estar determinada a seguir com o processo. Na última semana, após questionamentos do Bhaz, o clube informou que “não existe a prática de discriminação no local” e pediu desculpas à jovem barrada.
Veja a nota do Chalezinho enviada à imprensa na última semana:
Lamentamos ter que explicar o caso sem ter conhecimento de informações suficientes para entender o que de fato houve e até a existência de supostos ex-funcionários não identificados, mesmo após tentarmos contato com a cliente. Mas reafirmamos a inexistência de qualquer prática de discriminação com base em etnia, o que parece ter sido alegado. Nossas restrições de entrada tem critérios objetivos tais como programas de fidelidade, serviços adquiridos, vestimentas (camisetas de time, chinelos, etc), entre outros, abertamente divulgados e disponíveis para consulta de nossos frequentadores. Mais uma vez, nos desculpamos de antemão se a cliente não foi atendida com propriedade. Estamos abertos a buscar a solução para o episódio e apresentar o funcionamento da casa para quem estiver genuinamente interessado no esclarecimento dos fatos.
