Pimentel se beneficiou de R$ 1 milhão em troca de lobby quando ministro, diz delator

O governador Fernando Pimentel (PT) foi apontado em delação premiada à Polícia Federal como beneficiário de R$ 1 milhão de caixa dois por destravar o projeto de construção do aeroporto Catarina, em São Paulo. As gestões teriam ocorrido enquanto o petista foi ministro do Desenvolvimento no governo Dilma Rousseff (PT).

A informação foi divulgada nessa quinta-feira (19) pela revista “Época”, que teve acesso a depoimento de executivo do grupo JHSF — responsável pela execução do empreendimento. Ao Bhaz, a defesa do chefe do Executivo estadual negou irregularidades.

Conforme o depoimento do empresário Humberto Polati, o repasse de caixa dois teria sido exigido pelo Benedito de Oliveira Neto — o Bené, apontado nas investigações como operador de Pimentel — “para devolver o apoio dado pelo petista no projeto do aeroporto de Catarina” (confira a íntegra da reportagem com trechos da delação).

Para os investigadores, a retribuição decorreu de lobby do então ministro do Desenvolvimento para garantir que o projeto Catarina não enfrentasse burocracias na liberação do empreendimento.

Ainda segundo Polati — sempre conforme apurado pela “Época” —, o montante teria sido repassado diretamente ao instituto de pesquisa Vox Populi — também investigado pela PF — para pagamento de serviços prestados durante a campanha eleitoral.

Trecho do depoimento pimentel
Trecho do depoimento do empresário Humberto Polati à Polícia Federal (Reprodução/Revista Épcoca)

Procurado pelo Bhaz, o advogado Eugênio Pacelli, que atua na defesa de Pimentel, descartou haver qualquer irregularidade envolvendo a aplicação de recursos de origem ilícita na campanha de Pimentel — que o elegeu governador de Minas em 2014.

“O testemunho de Humberto Polati, aliado ao acordo que fez o empresário da JHSF como o MPF [Ministério Público Federal], comprovam a inexistência de qualquer infração penal que pudesse ser imputada ao governador, em relação a esta empresa”, diz nota encaminhada à redação. “As contas de campanha eleitoral foram aprovadas pela respectiva Justiça”, conclui.

Pacelli se refere ao acordo de leniência — espécie de delação premiada fechada com pessoas jurídicas — firmado entre o proprietário da JHSF, José Auriemo Neto, e o MPF. O acordo foi homologado pelo STJ (Supremo Tribunal de Justiça) nesta sexta-feira.

Julgamento

As novas revelações contribuem para engrossar os indícios de corrupção passiva e lavagem de dinheiro atribuídos a Pimentel — as acusações estão sendo apurados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Acrônimo.

Ainda assim, o governador de Minas só será levado a julgamento se o STF (Supremo Tribunal Federal) entender que ele pode ser alvo de decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Primeiro, o STF deverá decidir se a autorização para julgamento na Justiça deverá passar pela ALMG (Assembleia Legislativa de Minas Gerais).

Esse trâmite está parado desde dezembro de 2016, quando o falecido ministro Teori Zavascki havia pedido mais tempo para analisar o processo — o chamado pedido de vista.

Guilherme Scarpellini

Guilherme Scarpellini é redator de política e cidades no Portal BHAZ.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!