As dez empresas mais citadas por belo-horizontinos no Reclame Aqui acumulam, juntas, cerca de 18 mil denúncias apenas nos últimos 12 meses. O Bhaz teve acesso ao levantamento feito pelo site com foco específico na capital mineira. Operadoras de telefonia móvel e fixa aparecem no topo do ranking acompanhadas por um dos aplicativos de maior sucesso no Brasil, o Uber.
A campeã de reclamações entre moradores de BH é a NET Serviços (TV, Banda Larga e Telefone), com 3.419 citações. No site, é possível notar que entre as denúncias se destacam cobranças apontadas como indevidas e problemas técnicos. Atualmente, a empresa possui um índice de solução dos fatos narrados no site superior a 66%.
Em seguida, aparecem no ranking a Vivo (celular, fixo, internet e TV), com 2.208 reclamações, e a Oi (móvel, fixo e TV), com 2.081 denúncias. As duas operadoras possuem um baixo índice de solução dos problemas relatados no site, girando em torno dos 30%.
Uma novata na lista aparece em quarto lugar: a Uber. A empresa que administra um dos aplicativos mais populares no Brasil já foi alvo de mais de 2.037 reclamações por parte de moradores de Belo Horizonte. Grande parte dos problemas relatados tem relação com cobranças indevidas ou outros transtornos enfrentados no pagamento das corridas. O índice de solução das denúncias feitas no site é superior a 67%, atualmente.
A Tim aparece na quinta posição entre as mais reclamadas (1.754). Entre o sexto e o décimo lugar, estão empresas de comércio eletrônicos: Extra.com.br, Ponto Frio – Loja Online, Americanas Marketplace, Netshoes e Casas Bahia – Loja Online.
A força da internet
Por dia, mais de 600 mil pessoas pesquisam sobre a reputação de empresas no Reclame Aqui. Nos últimos anos, o site virou referência para consumidores quando o assunto é registrar a insatisfação com alguma companhia e alertar outros potenciais clientes.
Para o advogado Rodrigo Soares, membro da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB/MG, sites como o Reclame Aqui mudam a dinâmica do mercado quanto ao pós-venda. “Essas novas ferramentas virtuais são importantes inclusive para estimular que as leis sejam cumpridas na prática. Elas encurtam o caminho da cobrança pelo devido atendimento ao qual o consumidor tem direito. São fontes de pesquisa para aquela pessoa que ainda está indecisa sobre onde efetuar uma compra. Com isso, as empresas se veem obrigadas a rever determinadas posturas ou a pelo menos responder aos clientes insatisfeitos”, avalia.
Um outro ponto que o advogado destaca é o volume de empresas de comércio eletrônico denunciadas nesses sites. Ele explica que já existe uma regulamentação para companhias que realizam suas vendas por meio virtuais, mas normas simples são descumpridas rotineiramente. No mesmo ambiente online, os consumidores buscam expor os problemas vivenciados.
“As pessoas não costumam entrar na Justiça ou procurar órgãos de defesa do consumidor para reaver valores baixos, por exemplo. Mas nesses sites elas podem registrar suas reclamações de forma pública. Isso explica, por exemplo, a posição do Uber no ranking. Ao mesmo tempo, também tem a questão do comércio eletrônico ainda não demonstrar tanto cuidado com as normas previstas no Código de Defesa do Consumidor. Um exemplo é o direito do cliente de se arrepender da compra em um prazo de até sete dias corridos”, conclui o advogado ao analisar a presença massiva de lojas virtuais na lista de reclamadas.