Um pronunciamento do vereador Jair Di Gregório (PP) durante a sessão de segunda-feira (13) na Câmara Municipal de BH vem causando polêmica nas redes sociais. Durante a reunião, Gregório – membro da igreja evangélica Assembleia de Deus – se referiu ao líder de governo na Casa, Gilson Reis (PCdoB), como “mariquinha”. A atitude foi considerada homofóbica e repudiada por membros do Legislativo.
O fato ocorreu durante votação do Projeto de Lei (PL) 1977/2016, que prevê a criação de um Fundo Municipal de Esporte e Lazer para a capital. O PL foi enviado à Casa pela prefeitura e foi rejeitado pelo Legislativo, obtendo apenas 19 votos favoráveis. Reis, por ser Líder de Governo, pediu a lista dos votantes, pois, em votações informais, calculou que o projeto teria 24 votos a favor.
Em seguida, o religioso pediu a palavra e afirmou que pedir lista era “coisa de mariquinha”. Reis pediu a réplica, pedindo por respeito e afirmando que orientação sexual não é motivo para diminuição. Gregório treplicou, afirmando que “mariquinha” era uma “expressão do interior”, que se refere a “fuxiqueiro”.
A plateia presente no local vaiou o vereador Jair Di Gregório, com gritos de “com homofobia, não tem democracia”.
Logo após, ainda durante a sessão, o vereador Gabriel Azevedo (PHS) afirmou que orientação sexual e questão de gênero não devem perpassar como ferramenta de ofensa.
Nas redes, os integrantes da Gabinetona – gabinete integrado das vereadoras do PSOL, Cida Falabella e Áurea Carolina – foram os primeiros a se manifestar, ressaltando ser absurdo que “discursos preconceituosos sejam reproduzidos por representantes eleitos”.
O Líder de Governo também se pronunciou no Facebook, destacando os índices alarmantes acerca dos crimes ligados à LGBTfobia no Brasil e que a atitude do religioso somente perpetua tal intolerância.
Resposta de Jair di Gregório
Em resposta, Jair di Gregório afirmou, também por meio de sua rede social, que utilizou o termo “mariquinha” como sinônimo de “fofoqueiro”, negando haver qualquer motivação homofóbica em seu pronunciamento. Entretanto, também declarou que “não foi o caso, mas que defenderá a família”.
A equipe do Bhaz procurou o vereador Jair di Gregório, que reafirmou não ser homofóbico e que “não sai por aí denegrindo a imagem de ninguém”. Sobre a manifestação ocorrida durante seu discurso, o religioso afirmou que se tratavam de funcionários do gabinete das vereadoras PSOListas.
“A Áurea e a Cida pediram pra equipe delas descer. Eles chegaram na galeria e começaram a gritar palavras de ódio comigo. Isso é uma coisa que não pode, funcionário de gabinete não pode descer e atrapalhar o trabalho do legislativo, eles estavam em horário de trabalho”, conta.
Jair ainda afirma que denunciou a ação ao Presidente da Casa.
Em resposta, a assessoria da Gabinetona nega que as vereadoras teriam convocado a equipe e que eles desceram por livre e espontânea vontade, após verem o pronunciamento de Jair pela transmissão ao vivo.
Afirma que a Constituição Federal garante o livre direito de manifestação a todos cidadãos brasileiros e que o regime interno da câmara não veta tal comportamento. Argumenta, ainda, que não houve nenhuma palavra de ódio e que a equipe é formada por ativistas dos direitos humanos e que, durante o trabalho, não o deixam de ser.