Relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Edson Fachin autorizou a abertura de investigação contra dois dos principais políticos mineiros: os senadores Aécio Neves e Antonio Anastasia, ambos do PSDB.
Denunciados pelo recebimento de R$ 7,2 milhões para financiamento de campanha ao Governo de Minas, eles serão investigados com base em informações prestadas por dois executivos da Odebrecht: Benedicto Barbosa Silva Júnior, o BJ, e Sérgio Luiz Neves, ex-diretor da empreiteira no Estado. As informações foram publicados nesta terça-feira (11) pelo Estadão.
Segundo o despacho assinado pelo ministro Fachin no início do mês, os colaboradores apontaram ao MPF (Ministério Público Federal) que foi pago, a pedido do senador Aécio Neves, “vantagens indevidas a pretexto de campanha eleitoral ao Governo Minas do hoje senador Antonio Anastasia”.
“Narra-se o repasse de R$ 5,4 milhões. Relata ainda o Ministério Público que os colaboradores também apontam o pagamento, em 2009, de R$ 1,8 milhão, a pedido do então governador Aécio Neves e a pretexto de doação eleitoral em favor da campanha ao Governo de Minas do atual senador Antônio Anastasia”, escreve o ministro na decisão.
Em nota, a executiva nacional do PSDB apoiou as investigações, mas afirmou que os citados pelo STF “comprovarão que agiram de forma correta e em consonância com a lei”.
Ainda conforme a publicação, além dos senadores mineiros, tiveram pedidos de investigação aceitos pelo STF nove ministros do governo Temer (PMDB), outros 27 senadores, 42 deputados federais, três governadores e um ministro do TCU (Tribunal de Contas da União).
Outros 24 políticos e autoridades que, embora não tenham foro no tribunal, estão relacionados às denúncias narradas pelos delatores e tiveram pedidos de investigação aceitos.
Na mira do STF
Além da denúncia sobre financiamento de campanha, o senador Aécio Neves é alvo de outras quatro autorizações de inquéritos no STF. Entre elas, está o suposto esquema de fraudes em processos licitatórios na construção da Cidade Administrativa, em 2007, conforme relatos de ex-dirigentes da Odebrecht.
Ainda conforme a publicação, os delatores teriam afirmado ao MP que pagaram suborno para que o tucano favorecesse interesses da Odebrecht, junto à Andrade Gutierrez, em obras das usinas do Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau — empreendimentos executados pelo Governo de Minas à época em que esteve à frente do Executivo. As vantagens indevidas beneficiariam o senador e o partido.
Nota do PSDB
“O PSDB sempre defendeu o fim do sigilo das delações e o aprofundamento das investigações. Confiamos que elas serão conduzidas dentro do estrito respeito aos ritos processuais, com amplo direito de defesa e exercício do contraditório.
Consideramos que as investigações das citações feitas permitirão que a verdade prevaleça, pondo fim a boatos e insinuações que não interessam aos que prezam a democracia, a ética e, sobretudo a Justiça.
A partir de agora, os membros do partido citados terão a oportunidade de defesa e de fazer os esclarecimentos necessários a comprovar que agiram de forma correta e em consonância com a lei”.