Advogado que espancou ex-namorada em BH é indiciado; homem já agrediu outras cinco mulheres

Arquivo pessoal

“Fora da cadeia ele é um risco para mim e para minha família”. Essa expressão é parte do desabafo da ex-namorada de um advogado de 45 anos que a espancou na porta da casa onde ela vivia no bairro Buritis, Zona Oeste da capital. Kely Loyola Pereira, de 41 anos, sofreu traumatismo craniano e ficou internada no Hospital João XXIII após levar chutes e socos de Demétrio Antônio Vargas de Mattos. Nesta quarta-feira (12), a Polícia Civil confirmou o indiciamento dele por tentativa de feminicídio, crime motivado pela condição de mulher da vítima. Mas Kely não foi a primeira a ser agredida pelo homem. Ele possui um histórico de violência que se arrasta há pelo menos 12 anos e já chegou a bater até mesmo na própria irmã.

Reprodução/Facebook

Ao Bhaz, Kely contou ter conhecimento de outras sete mulheres vítimas de Mattos após ser agredida – a polícia registrou cinco desses casos. Inconformada, ela começou junto com familiares uma campanha nas redes sociais para que o ex-namorado continue preso. Ele foi detido há uma semana, três dias após espancá-la. “Por enquanto estamos divulgando umas imagens na internet para que ele fique na cadeia e não agrida mais ninguém”, disse. “Alguns amigos e familiares também foram até a porta da casa dele para protestar. Foi um protesto pequeno, mas achamos válido diante da covardia dele”, explicou.

Partes do rosto de Kely completamente machucado aparecem nas imagens compartilhadas no Facebook. Elas contêm as expressões “mexeu com uma mexeu com todas”, “homem de verdade não bate em mulher” e “impunidade não, Demétrio na prisão”. “Fora da cadeia ele é um risco para mim e para minha família, além de outras mulheres. Não aceitou o fim do namoro e me espancou na porta de casa”, afirma Kely. “Se não fossem meus vizinhos eu teria morrido. Eles correram para me socorrer e o Demétrio fugiu, mas a placa do carro dele foi anotada”, conta.

A mulher ainda conta que, após as agressões, se mudou para o interior de Minas com o objetivo de se recuperar. “Não tinha condições de ficar em Belo Horizonte. Ele continuou me batendo mesmo depois de desacordada. Os médicos relataram que eu poderia ter morrido se os vizinhos não tivessem chamado o Samu tão rápido”, afirma. Segundo ela, um novo protesto deve ser organizado na capital em breve, em um fim de semana, para repercutir o caso e conscientizar as pessoas sobre a violência contra as mulheres.

Mattos foi detido na manhã da última quarta-feira (5), três dias após espancar a ex-namorada
Divulgação/Polícia Civil

Com o indiciamento de Mattos, cabe ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) oferecer ou não a queixa-crime contra o advogado. Segundo a Secretaria Estadual de Administração Prisional (Seap), ele está preso preventivamente no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira, na Zona Oeste da capital, enquanto aguarda os desdobramentos do caso.

Histórico de violência

O Bhaz obteve acesso a seis boletins de ocorrência registrados junto à Polícia Militar em que Demétrio aparece como autor de lesão corporal contra mulheres, a maioria delas ex-namoradas. O primeiro caso foi denunciado em 2005, quando ele agrediu a então companheira de 47 anos. Na época, a mulher e o advogado foram levados para uma delegacia. E nem mesmo a presença de policiais impediu que ele partisse para cima dela. No meio da confusão o homem ainda feriu um soldado, que sofreu cortes nas duas mãos e luxação na perna esquerda.

Já em 2007, Mattos quebrou o nariz da ex-namorada, que tinha 44 anos. A mulher levou vários socos no rosto e precisou fazer uma cirurgia de reparação. Os dois estavam dentro do carro dela, no bairro Santo Antônio, quando a agressão ocorreu. No ano seguinte, em 2008, a mesma vítima procurou as autoridades para contar ter sido novamente alvo dele. Da segunda vez, o homem correu atrás dela e, ao perceber que não a alcançaria, usou uma chave para riscar o veículo.

Arquivo pessoal

Demétrio ainda foi detido em 2007 por portar crack, segundo a PM. Câmeras do Olho Vivo o flagraram comprando a droga no aglomerado Pedreira Prado Lopes, na região Noroeste de BH. Ele tentou fugir, mas foi perseguido por policiais e tentou se livrar da abordagem justificando ser advogado. O homem prestou esclarecimentos em uma delegacia e foi liberado em seguida.

Durante uma viagem para o Rio de Janeiro, Mattos deu chutes e empurrões em outra mulher com quem se relacionava. Aos policiais, ela disse ter caído e se machucado após ser agredida por ele. O homem também quebrou a porta do quarto onde os dois estavam hospedados e a ameaçou de morte pelo telefone. O caso ocorreu em 2010. No ano seguinte, em 2011, foi a irmã de Demétrio quem procurou a PM para registrar boletim de ocorrência contra ele. A vítima explicou ter apanhado quando os dois se desentenderam. Ela levou puxões de cabelo, socos, chutes e joelhadas. Quatro anos depois, em 2015, ele descumpriu uma ordem judicial que o obrigava a ficar distante de outra ex-namorada e a mulher o denunciou à polícia.

Reprodução/Facebook
Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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