Lacerda é citado entre políticos que receberam doações ilegais da Odebrecht

marcio lacerda

Em depoimento prestado na Operação Lava Jato, Sérgio Luiz Neves, ex-superintendente da Odebrecht em Minas, contou que a construtora realizou doações ilegais milionárias para as duas campanhas de Marcio Lacerda (PSB) à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O Setor de Operações Estruturadas, que ficou conhecido como setor da propina dentro da empresa, chegou a ser acionado em uma das ocasiões. O ex-chefe do Executivo municipal alega que todos os recursos recebidos da empreiteira foram declarados.

Lacerda deve ser alvo de uma investigação comandada pelo Ministério Público Federal em Minas Gerais, já que não tem mais foro privilegiado. Sérgio Luiz Neves revelou que a Odebrecht tinha interesse em obras a serem realizadas pela PBH. Por isso, a empreiteira fez contribuições nas campanhas de 2008 e 2012.

Antes de Lacerda ser reeleito, a Odebrecht fechou um contrato com a prefeitura para a construção de 32 novas Unidades Municipais de Ensino Infantil (Umeis) e cinco Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef). O acordo, que tem 20 anos de vigência, prevê ainda a manutenção das estruturas e operação de alguns serviços, como os de limpeza e segurança. Com a ampliação da parceria em 2014, os repasses previstos superam a marca de R$ 250 milhões.

Na delação, Neves conta que durante a segunda campanha eleitoral, meses após a assinatura do contrato das Umeis, foi procurado por um então secretário da PBH, Marcello Abi-Saber. “Ele me convocou para uma reunião no comitê do Marcio, que fica na Avenida Afonso Pena. Chegando lá, ele me pediu contribuição pra campanha do Marcio de reeleição. E nós fizemos isso via bônus eleitoral e fizemos via caixa 2. O Setor de Operação Estruturada pagou R$ 500 mil ou contribuiu com R$ 500 mil na candidatura. Essas entregas foram feitas, o representante designado pra receber era o Pier Giorgio [Senesi Filho, ex-secretário de Serviços Urbanos], que era secretário municipal também”, disse o ex-executivo da Odebrecht.

Porém, durante a depoimento, Neves negou a existência de irregularidades nos contratos assinados com a PBH. “Nós ganhamos um contrato na gestão do Marcio que é uma PPP de cunho social na área de educação Modelada pelo IFC, do Banco Mundial, que passou a ser referência no Brasil em termos de investimento adequado em educação. Na realidade, você não entra na parte pedagogia, nem das merendas, mas você faz toda manutenção dos edifícios. Nós temos esse contrato, depois da construção, você tem que operar durante 20 anos. (…) [Teve alguma irregularidade nessa contratação?] Nenhuma”, respondeu.

Lacerda rebate acusação de caixa 2

A assessoria de imprensa de Lacerda divulgou uma nota afirmando que nos depoimentos da delação não há nenhuma acusação de corrupção contra o ex-prefeito. O comunicado ainda informa que todos os recursos recebidos durante as campanhas foram devidamente declarados.

Leia a nota na íntegra:

Destacamos que nos depoimentos da delação não há nenhuma acusação de corrupção contra o ex-prefeito Marcio Lacerda. Todos os recursos recebidos pela campanha foram oficialmente declarados e não houve Caixa 2. Em nenhuma obra da gestão de Marcio Lacerda houve qualquer tipo de contrapartida, propina ou troca de favores. Todas as obras eram definidas por processos licitatórios que eram absolutamente transparentes e abertos a quaisquer interessados que tivessem as qualificações exigidas. Em seu depoimento, o delator Sérgio Neves disse que a empresa teria interesse em obras na Avenida Antônio Carlos e no Arrudas. A empresa não realizou obras em nenhum dos dois locais. E afirmou que não houve irregularidade na PPP da Educação. Reiteramos que durante os oito anos de sua gestão, o ex-prefeito Marcio Lacerda realizou uma administração honesta e transparente.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!