Adolescente é atingida por bala de borracha no rosto em reintegração de posse

Menina de 14 anos foi atingida no rosto por uma bala de borracha durante operação da PM (Reprodução/Facebook Ocupação Rururbana Manoel Aleixo)

Uma adolescente de 14 anos foi atingida por uma bala de borracha no rosto durante uma ação da Polícia Militar (PM) para retirar famílias acampadas na Ocupação Manoel Aleixo, em Mário Campos, perto da MG-040, na região metropolitana de Belo Horizonte. Na manhã desta segunda-feira (1º), mais de dez viaturas da corporação foram empenhada na reintegração de posse. Advogados do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) dizem que as autoridades não apresentaram mandado da Justiça que respaldasse a remoção das pessoas que dormiam em barracas no local há cinco dias.

“O terreno está há mais de um década sem função social. Poderia abrigar dezenas de famílias com uma estrutura de horta sustentável. Algumas pessoas identificaram isso e montaram as primeiras barracas na semana passada. O número de acampados foi aumentando, já passava de 100 famílias. Os movimentos sociais se mobilizaram desde então para estruturar a ocupação”, conta Pedro Henrique Vieira, que faz parte da coordenação do MLB.

A PM contesta a informação e alega que o terreno foi ocupado na madrugada desta segunda-feira. Após ser acionada pelo dono da área em questão, a corporação se mobilizou para realizar o flagrante pelo crime de esbulho possessório, que se caracteriza a invasão de propriedade.

O coronel Hércules de Paula Freitas, comandante do 48º Batalhão da PM, classifica como “orquestrada” a ação dos movimentos para tomar posse da área e garante que houve a tentativa de promover uma operação pacífica. “Demos um prazo até 11h para que saíssem do terreno. Usamos até mesmo um alto falante para pedir que se retirassem. Mas é como se invadissem uma casa, por exemplo. O dono apresentou a escritura, então a PM tem que cumprir seu papel”, explica o comandante.

Reprodução/Facebook Ocupação Rururbana Manoel Aleixo

Após o fim do prazo estabelecido, militares entraram no terreno. Os acampados decidiram se manter no local na tentativa de negociar com os policiais até que a Justiça mineira se posicionasse sobre um habeas corpus impetrado em caráter de urgência pelos movimentos sociais com o intuito de impedir a retirada à força das famílias. Antes que o pedido fosse avaliado, integrantes do Batalhão de Choque acionaram sprays de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar aqueles que resistiam à operação.

“Nada foi arremessado contra a polícia. Pedimos para aguardarem a decisão judicial, o habeas corpus já estava nas mãos do desembargador. Ainda assim, preferiram entrar de forma truculenta, encurralando crianças e idosos que estavam na ocupação. E até agora não sabemos de onde veio essa ordem de retirar todo mundo à força, não apresentaram mandado nem justificativa legal”, diz Vieira.

O comandante do 48º Batalhão da PM diz que algumas pessoas presentes chegaram a esboçar reação pegando pedaços de pau. “Como resistiram, tivemos que fazer o uso contido de munição química e elastômero (bala de borracha)”, explica.

Em um determinado momento, policiais dispararam balas de borracha para retirar os acampados que resistiam à retirada. Um dos disparos atingiu o rosto de um menina de 14 anos, que quebrou dentes e precisou ser levada para a Unidade Básica de Saúde (UBS) de Mário Campos. Posteriormente, a adolescente foi transferida para o Hospital João XXIII. “É inaceitável esse tipo de truculência em uma resistência pacífica, em uma ocupação com idosos e crianças”, avalia Pedro Henrique Vieira.

A PM informou que pais colocaram crianças em risco mesmo após serem orientados a deixar o local. O fato foi registrado no boletim de ocorrência para apuração posterior pela Polícia Civil. Um integrante do Movimento Luta de Classes foi detido durante a operação e levado para a delegacia de plantão.

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