[Coluna do Orion] Ausência de Pimentel fica mal na foto da posse da nova AMM

PMDB: Sem Pimentel, autoridades integram a mesa de posse da nova AMM (Divulgação/PMDB)

O advogado Eugênio Pacelli disse que não, mas pode ser que a delação do casal de marqueteiros, Mônica Moura e João Santana, tenha incomodado tanto o governador Fernando Pimentel (PT) que ele, no mesmo horário em que os sites espalhavam a “bomba”, por volta das 16h, ligou para a direção da Associação Mineira dos Municípios (AMM) cancelando sua presença na posse da nova diretoria para o biênio 2017/2019. O evento aconteceu durante o encerramento do 34º Congresso Mineiro de Municípios, no Expominas, em BH.

Deve ter apresentado alguma desculpa de agenda e informou ainda que o secretário de Governo, Odair Cunha (PT), iria representá-lo. Também não apareceu. Ao final, o núcleo do governo mineiro não teve um representante na mesa de posse do novo comando da associação que integra os 853 municípios mineiros. Oficial e burocraticamente, acabou representado pelo secretário de Cidades, Carlos Murta (PMDB), que não tem a cara do governo nem do partido do governador.

Tudo somado, Pimentel perdeu a fácil oportunidade de mostrar-se líder e estadista perante os prefeitos mineiros. Ficou menor para decepção deles e do mundo oficial que gostam e se sentem prestigiados com a presença do mandatário. Ainda que improvável, a divulgação da delação provocou constrangimentos, mas teria sido mais coincidência, porque a ausência dele parecia combinada com a de outras lideranças políticas expressivas e aliadas.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adalclever Lopes (PMDB), por exemplo, também não compareceu. Um prefeito aliado e influente da região metropolitana chegou às portas do Expominas, onde acontecia o evento, e, quando soube das ausências, virou-se de maneira aborrecida e foi embora, levando nas mãos algum despacho que teria com o governador. Dito isso, os gestos sinalizam desconforto de Pimentel e aliados com a perda da eleição, pela segunda vez consecutiva, para o comando da AMM.

Resultado, o vice-governador Antônio Andrade (PMDB), rompido com o governador e tido como o vitorioso na votação que elegeu o prefeito de Moema, Julvan Lacerda (PMDB), como o novo presidente da AMM, faturou sozinho. Além dele, seus novos aliados, os tucanos e parceiros, ocuparam o vácuo deixado pelos governistas. De quebra, Andrade, que é presidente estadual do PMDB, até admitiu a possibilidade de aproximação com os tucanos nas eleições para governador em 2018.

Julvan quer somar as energias políticas

Empossado como novo presidente da AMM, Julvan Lacerda reafirmou que as intermináveis disputas políticas entre as lideranças rivais são perda de tempo e de energia. Convocou prefeitos e deputados a se unirem em defesa de projetos e ideias que fortaleçam os municípios, especialmente durante a XX Marcha de prefeitos sobre Brasília, entre os dias 15 a 18 de maio, em defesa de uma pauta municipalista.

Andrada ataca burocratas de Brasília

Já o ex-presidente da entidade Antônio Andrada (PSB) fez um inflamado discurso contra as ‘entidades’ de Brasília ao despedir-se do cargo. De acordo com Andrada, o Brasil não vai pra frente porque um punhado de burocratas e tecnocratas querem decidir até mesmo a cor do móvel que os prefeitos devem usar em creches. “Eles não conhecem o Brasil. Ficam metidos em seus gabinetes e querem decidir e padronizar o atendimento ao cidadão de norte a sul de um país marcado por diferenças regionais”.

Reformas ameaçam reeleição

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado Fábio Ramalho (PMDB), mudou o discurso e defendeu ardorosamente, perante os prefeitos, as reformas trabalhista e previdenciária do governo Michel Temer. Disse até que aceita ir para o sacrifício em favor delas. “As reformas precisam ser aprovadas ainda que ao custo de mandatos”, disse ele, reconhecendo que a impopularidade das mudanças ameaça a reeleição dos defensores das reformas. Falta combinar com os demais 512 deputados federais, que, como a maioria dos políticos, têm na sobrevivência política uma prioridade absoluta.

Marqueteiro desconstrói o que construiu

A quebra do sigilo da delação premiada dos marqueteiros Lula e Dilma, João Santana e sua mulher Mônica Moura, trouxe graves acusações sobre os dois ex-presidentes petistas e sobrou até para o governador Fernando Pimentel (PT). O que é curioso em tudo isso é que, por função, o marqueteiro constrói a imagem de um partido e de um candidato e, agora, para evitar penalidade agravada, esses marqueteiros estão descontruindo os personagens e o partido deles.

Em troca, evitarão pena de prisão em regime fechado, depois de ficarem presos preventivamente, em Curitiba, pelo juiz Sérgio Moro. Vão pagar R$ 80 milhões de multa e pegar pena de prisão domiciliar. Ficou barato para eles, em compensação, aos delatados, sobram danos irreparáveis na reputação, mesmo que os marqueteiros não consigam provar o que dizem. E como disse um advogado, imagine se um ministro de estado vai ficar por aí, carregando uma mala de dinheiro com R$ 800 mil, como denunciou Mônica Moura, referindo-se ao então ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento Econômico (2012/2014).

(*) Jornalista político; leia mais no blog do Orion em www.blogdoorion.com.br

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