O início do fim? Confira os principais pontos do escândalo que abalou o governo Temer

temer michel temer
Prioridade agora, segundo Temer, não é aumentar impostos, e sim aprovar reformas

A política brasileira parecia apresentar ares de estabilidade, nas últimas semanas, mesmo com parte da população se manifestando de forma contrária às reformas Trabalhista e da Previdência, ambas propostas pelo Governo de Michel Temer (PMDB). Porém, por volta das 19h30 dessa quarta-feira (17), o cenário virou de ponta cabeça e o país inteiro não fala de outro assunto.

O colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, revelou que o dono do frigorífico JBS, Joesley Batista, havia entregado ao Ministério Público Federal uma gravação comprometedora. No áudio, feito em março, Joesley e Temer falam sobre o ex-deputado Eduardo Cunha. Na delação, o empresário disse que Temer estava comprando o silêncio do então parlamentar. E, no mesmo áudio, é possível ouvir Temer responder: “Tem que manter isso”. A fala é apontada como um aval para repassar dinheiro a Cunha e evitar que ele comprometa o presidente.

Documentos da nova fase da Lava Jato também revelaram um acerto R$ 2 milhões entre Joesley e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB). O valor seria um repasse a pedido do senador para pagar despesas com sua defesa na operação. O dinheiro teria sido entregue a um primo de Aécio. A Polícia Federal (PF) rastreou o dinheiro e descobriu que o montante foi depositado numa empresa do senador Zezé Perrella (PMDB).

Na manhã desta quinta-feira (18), agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão nos gabinetes dos senadores mineiros. Aécio foi afastado do cargo e deixou a liderança nacional do PSDB. Já Perrella gravou e publicou um vídeo se defendendo das acusações.

Ainda durante a manhã, a irmã do senador Aécio Neves (PSDB), a empresária Andrea Neves foi presa preventivamente. Ela foi localizada pela PF em um condomínio de Nova Lima, na região metropolitana da capital. Andrea é suspeita de pedir dinheiro ao empresário Joesley Batista, em nome de Aécio, antes mesmo do senador.

No início da tarde, o ministro e relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, negou o pedido de prisão do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Além disso, Fachin não levou o caso ao plenário do STF. A decisão ficou em aberto para caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, autor do pedido, recorresse.

Renúncia de Temer

Enquanto isso, em Brasília, cogitava-se uma possível renúncia do presidente Michel Temer. Políticos de oposição começavam a se articular para três cenários possíveis: A renúncia de Temer, um impeachment e a cassação da chapa Dilma/Temer no STE.

O STF autorizou a abertura de investigação contra Temer. A decisão foi tomada pelo ministro Edson Fachin, com base em um pedido feito pela Procuradoria Geral da República (PGR).

Por volta das 15h00, noticiava-se que Temer faria um discurso em rede nacional. Por volta da 15h30 o jornal “O Globo” adiantou que o presidente renunciaria ao cargo. Enquanto isso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, encontrava-se reunido com advogados e especialistas em Brasília. O deputado seria o responsável por conduzir o país e uma eleição indireta caso Temer saísse do governo. Entretanto, o peemedebista se pronunciou e negou os fatos. Ele chamou a gravação de clandestina e disse que não pretende renunciar.

Áudio divulgado

O STF divulgou uma das gravações relacionadas à delação premiada da JBS. O arquivo foi enviado à Presidência da República e, em seguida, para a imprensa. Edson Fachin homologou as delações premiadas dos irmãos Batista, o que dá validade jurídica ao acordo e passa a permitir novas investigações. Em um dos trechos, Temer e Joesley falam sobre Eduardo Cunha:

Joesley: Eu queria falar assim. Dentro do possível, eu fiz o máximo que deu ali, zerei tudo, o que tinha de alguma pendência daqui para ali, zerou tudo. E ele foi firme em cima e já estava lá, veio, cobrou, tal, tal, tal. Pronto. Acelerei o passo e tirei da fila. O único companheiro dele que está aqui, porque o Geddel sempre estava [inaudível] Geddel é que andava sempre ali, mas o Geddel eu perdi o contato, porque ele está investigado e eu não posso encontrar ele. […] O que que eu mais […] O negócio dos vazamentos, [inaudível] Eu to lá me defendendo. Como é que eu, o que eu mais ou menos consegui fazer até agora. Eu estou de bem com o Eduardo…

Temer: Tem que manter isso, viu…

O áudio tem 38 minutos e fica mais claro a partir dos 11min. Na gravação é possível escutar a voz de um dos donos da JBS, Joesley Batista, e do presidente Michel Temer.

Quedas e baixas

No início da noite, o governo perdeu dois ministros. O ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), foi a primeira baixa no governo Temer. A decisão foi tomada após conversas com deputados do PSDB. Roberto Freire (PPS) também comunicou sua renúncia ao governo. Ele  comandava a pasta da Cultura desde novembro, quando substituiu Marcelo Celero.

Temer perdeu o apoio de um dos partidos que formavam sua base na Câmara dos Deputados. O PTN rompeu a aliança com o governo, levando 13 parlamentares. Além disso, Aécio Neves (PSDB), afastado do cargo de senador, deixou a presidência do PSDB.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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