UFMG amanhece pichada com indagação sobre casos de suicídio

Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG amanhece pichada/Bhaz

A matéria do Bhaz sobre os casos de suicídio na UFMG postada neste domingo (21), repercutiu bastante nas redes sociais. Nos comentários, desabafos de pessoas que já passaram por situações complicadas na universidade. Entre as principais reclamações estão a carga horária atribulada e a pressão que os alunos sofrem. Além disso, a Faculdade de Ciências Econômicas (Face) amanheceu pichada como forma de protesto, com os dizeres “A UFMG mata. Você acha normal o suicídio estudantil?”.

No Brasil, são 8 mil casos de suicídio por ano, uma média de 24 casos por dia, de acordo com Organização Mundial da Saúde (OMS). Somente em Belo Horizonte, em um levantamento feito pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), foram 137 casos de suicídio em 2013. Contagem contabiliza 23 no mesmo período.

De acordo com a ONG Centro de Valorização da Vida (CVV), que é especializada no atendimento a pessoas com propensão ao suicídio, na faixa etária de 15 a 29 anos, o suicídio é um fenômeno preocupante, sendo a segunda causa de mortes mais recorrentes entre os jovens.

Em um dos comentários postados no Facebook sobre a matéria, um desabafo cortante. “Muitos não têm ideia do que se passa na cabeça de quem tem transtornos psiquiátricos. O mundo não nos aceita. Não acreditam e não entendem a dor que se passa nessas mentes. Para alguém com transtorno depressivo morrer parece lucro. Viver dói. Dói muito. Uma dor quase insuportável. E parece estarmos sós. Viver requer uma luta diária que nem sempre é possível encarar…”.

Em outro momento, uma ex-aluna comenta sobre a pressão. “Em 2012 eu atingi o meu limite. A faculdade me fazia doente. Meus professores não tinham o mínimo de empatia. Chegou a correr no Colegiado que eu tinha inventando o meu problema, simplesmente por ter sido vista no shopping. Este modelo de educação falido, esta batalha de egos na academia está, na melhor das hipóteses, gerando profissionais doentes”.

Para entender melhor sobre o que se passa na cabeça dos estudantes, o Bhaz conversou com uma psicanalista. Thascila Silveira fez a análise de alguns comentários da matéria publicada. “O que vi foram muitas reclamações dos alunos referentes à pressão da vida universitária. Alguns também falaram sobre o tratamento. O ponto principal é entender os motivos. Cada caso é um caso. O paciente chega ao consultório e fará um tratamento a base de remédios prescritos por um psiquiatra. É importante entender que a pessoa precisa de apoio. Não é frescura. Não se pode banalizar o assunto”, comenta a psicóloga.

“As campanhas de prevenção são de extrema importância. É precisa divulgar os locais de ajuda e mostrar que essas pessoas não estão sozinhas”, conta Thascila.

Cuidados

A psicóloga ainda fala de alguns indícios que uma pessoa pode apresentar que demonstram a necessidade de ajuda. “É preciso observar o comportamento. Os principais fatores são a perda de interesse, falta de esperança e de motivação pela vida e esperança. Deve-se incentivar a busca por ajuda de um profissional”, completa Thascila Silveira.

O Ministério da Saúde fez um levantamento das principais causas do suicídio. De acordo com o órgão, 35,8% dos casos ocorrem por transtornos de humor (depressão e bipolaridade), 22,4% por dependência de substâncias químicas. Outros 11,6% são causados por transtornos de personalidade e 10,6% por esquizofrenia. Claro que é sempre importante lembrar que cada caso deve ser analisado separadamente, não existe uma regra.

UFMG

Por meio de nota, a assessoria de comunicação da UFMG informa que a universidade possui canais da pró-reitoria de assuntos estudantis. Neles, os estudantes podem se informar e pedir algum tipo de auxílio. Os meios são válidos para todos os alunos da universidade, inclusive os assistidos pela Assistência Estudantil da UFMG (Fump). São eles: [email protected] ou pelos telefones 3409-4178 ou 3409-3862.

A instituição ainda reforça os programas de assistência, também abertos para todos os estudantes:

Assistência psicológica
Em Belo Horizonte e em Montes Claros, a Fump oferece a todos os estudantes de graduação, classificados nos níveis I, II e III, acesso à psicoterapia breve individual e em grupo, na sede da Instituição e na Gerência de Montes Claros. Os atendimentos têm foco na psicoterapia de curta duração. Se for necessário ampliar esse tratamento, o estudante será encaminhado à rede pública de saúde ou para clínicas sociais.

Assistência médica
No Programa Saúde do Estudante (PSE) em Belo horizonte, o estudante assistido terá sua primeira consulta médica focada na escuta ativa para criação de um plano terapêutico individualizado. Após o acolhimento inicial o estudante é acompanhando pelo médico da Fump e, se necessário, pelo psicólogo, de acordo com sua necessidade. O estudante poderá também ser encaminhado para atendimento de um especialista na rede do SUS.

Assistência psicológica e médica na Moradia Universitária de BH
Nas dependências da Moradia Universitária em BH os residentes têm acesso ao atendimento psicológico uma vez por semana. O atendimento médico também é realizado uma vez por semana. Já o atendimento com os assistentes sociais acontece de segunda a sexta-feira. O objetivo desses atendimentos é que o morador tenha mais comodidade, não precisando se deslocar para a sede da Fump, pois os serviços prestados na moradia são os mesmo que os da sede.

Ajuda

O Centro de Valorização da Vida (CVV) também ajuda com suporte a pessoas que precisem. Você pode entrar em contato pelo número 141 ou pelo site da CVV, o atendimento é feito via chat, email, Skype, 24 horas por dia. Tudo feito sob sigilo.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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