Presidente do BNDES pede demissão em meio a acusações

Maria Silvia é acusada de ter “travado” o banco aos empresários/EBC

A presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, pediu demissão nesta sexta-feira (26). Em nota, ela alegou “razões pessoais” para deixar o cargo. A decisão foi comunicada ao presidente Michel Temer pela própria Maria Sílvia, que esteve no Palácio do Planalto no início da tarde, por volta das 14h30. De acordo com a assessoria do Planalto, a notícia pegou o presidente de surpresa.

Mestre e doutora em economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Maria Silvia estava no cargo desde maio do ano passado.

Em nota, o Palácio do Planalto agradeceu o trabalho realizado pela economista, classificando sua conduta como “honesta, competente e séria”. A Presidência frisou ainda que Maria Silvia “despolitizou” a relação do banco com as empresas.

“Seu trabalho honrou o governo e moralizou um setor estratégico para o país, despolitizando a relação com o setor empresarial e elegendo critérios profissionais e técnicos para a escolha de projetos a serem contemplados com financiamentos oriundos de recursos públicos. Deixará como legado um modelo a ser seguido em toda máquina pública”, disse a nota.

O BNDES informou que o diretor Ricardo Ramos, funcionário de carreira do banco, responderá interinamente pela presidência da instituição.

No começo deste mês, o site da revista “Época” chegou a afirmar que Temer havia dado um prazo de três meses para o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, encontrar um substituto para comandar o banco. Segundo a revista, Maria Silvia estaria sendo alvo de reclamações ostensivas de empresários que a acusavam de fechar o caixa do banco estatal. O Planalto negou que tivesse tal intenção.

Gravação da conversa entre Joesley Batista, da JBS, e Temer mostra que o empresário criticou a atuação de Maria Silvia. “Está bem travado”, disse ele.

O BNDES é investigado na operação Bullish da Polícia Federal, deflagrada em 12 de maio. A operação envolve os irmãos Batista, da JBS, e o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho; além disso, 37 servidores do banco foram alvo de condução coercitiva, quando a pessoa é obrigada a depor.  Há suspeita de fraudes e irregularidades na concessão de recursos para o grupo JBS. Segundo a PF, R$ 8,1 bilhões teriam sido liberados com velocidade recorde, a partir de junho de 2007, para compra de outras empresas, inclusive no exterior, o que permitiu à JBS tornar-se uma gigante mundial no setor de carnes.

As transações geraram um prejuízo aproximado de R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos, estima a a PF.  A associação dos funcionários do BNDES rebateu as acusações de envolvimento de técnicos da instituição em irregularidades e classificou-as como “descabidas”.

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