Profissionais da comunicação e demais trabalhadores que foram demitidos do jornal Hoje em Dia estão realizando ocupação no local que era sede do jornal, Rua Padre Rolim – 625 – Bairro Santa Efigênia, desde às 6h desta quinta-feira (1º). Eles reivindicam o recebimento dos direitos trabalhistas e o salário do último mês trabalhado (fevereiro de 2016).
A ocupação reúne, segundo os organizadores, cerca de 200 pessoas e conta com o apoio do Sindicato dos Jornalistas, movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), profissionais da comunicação e de funcionários que continuam trabalhando na empresa.
Arquimedes Pio, auxiliar de impressor, trabalha no jornal Hoje em Dia há 20 anos. Em 2015 foi demitido da empresa, e ficou durante 6 meses sem receber salário. Por decisão judicial, o jornal teve que reintegrá-lo ao corpo de funcionários, e efetuar o pagamento dos débitos. Mesmo estando empregado ele faz questão de participar da ocupação, pois “os companheiros estão desempregados e sem receber a multa rescisória que possuem direito. Essa luta é de todos nós”, afirma. O auxiliar, que também é diretor do Sindicato dos Gráficos, está confiante com o resultado, acreditando que os trabalhadores receberão, ao final da ocupação, o que é deles por direito.
O objetivo da ocupação é denunciar o não pagamento de salários e benefícios aos profissionais do jornal, entre eles o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).
A delação premiada do empresário Joesley Batista revelou que o prédio que era sede do jornal, e mais um terreno na Rua Padre Rolim foram vendidos por R$ 17 milhões, valor considerado pelo dono da JBS como superfaturado. A compra dos imóveis foi realizada após pedido do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG). Parte desse valor era suficiente para quitar as dívidas e os direitos trabalhistas dos funcionários demitidos, no entanto, segundo os trabalhadores foi utilizado para pagar dívidas da campanha presidencial do senador mineiro em 2014.
Ação judicial do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais pede que o pagamento seja realizado por Ruy Muniz, ex-prefeito de Montes Claros e atual proprietário, além dos antigos donos do jornal. A ocupação não tem data para ser finalizada.