[Coluna do Orion] Kalil foi traído ou deu aval à armação de seu líder na Câmara?

Não durou nem 24 horas a maioria harmoniosa que se formou em torno do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), na Câmara Municipal, na aprovação, em 1º de turno, de sua reforma administrativa. O projeto foi aprovado, na segunda (5), por um consenso de 40 dos 41, que, além de “burro”, como diria o dramaturgo Nelson Rodrigues, foi também enganoso. No dia seguinte, insatisfeito com a conquista, o líder do governo, Léo Burguês (PSL), pôs tudo a perder ao driblar a boa-fé dos colegas e mudar o projeto, excluindo as mais de 200 emendas deles.

Quando a esperteza é muito grande, ela engole o próprio esperto, dizem as raposas políticas. E a de Burguês não fugiu à regra. Ele pediu voto de confiança para que os vereadores votassem o projeto original, sem emendas, com a promessa de que elas seriam incorporadas na segunda votação. Recebeu o apoio de todos e, no dia seguinte, foi lá e deu um golpe na turma, como acusou a vereadora Áurea Carolina (PSOL). Apresentou um substitutivo novo (o segundo) sem incluir as emendas e achou que passaria em branco.

A situação é grave e crítica para a prefeitura, o prefeito e, muito mais, para o líder do governo, que, sem apoio dos vereadores, perde as condições de liderança e de permanecer no cargo. Ao ser questionado pelo vereador Jorge Santos, Kalil disse que não sabia do que estava acontecendo. Nesse caso, também foi traído, já que ele havia chamado para si a coordenação política de seu governo perante a Câmara e não foi avisado da armação. Poderá dispensar Burguês do cargo, do qual, por muito menos, derrubou o líder anterior, Gilson Reis (PCdoB). Se sabia, aí quadro se agrava e a desconfiança e rejeição que, agora, recaem sobre Burguês, poderão também afetá-lo.

Para lembrar, como disse aqui, no dia 30 de maio passado, reproduzindo advertência de alguns vereadores “a Câmara de BH não é conselho do Galo”, referindo-se ao time do Atlético que Kalil já dirigiu. O recado não foi entendido, porque, agora, o prefeito terá que recomeçar todo o trabalho para resgatar a confiança junto aos vereadores e aprovar sua reforma. Boa parte das 227 emendas apresentadas revelavam desejo de participar da administração e de valorização do exercício parlamentar.

Quem cai primeiro: Juca ou Burguês?

A bolsa de apostas na Câmara de Belo Horizonte, na tarde desta terça (6), girava em torno de Juca Ferreira, futuro secretário de Cultura de Belo Horizonte, e o atual líder do prefeito, Léo Burguês (PSL), para saber quem irá durar no cargo. O caso do atual líder foi explicitado acima, já o de Juca Ferreira tem mais relação com seu estilo e personalidade.

Nada contra sua capacidade, ou a quantidade de processos judiciais que responde, mas por sua falta de conhecimento de Belo Horizonte e da complexidade da cultura local. E mais, vai assumir uma pasta esvaziada financeiramente. Dizem, no meio, que não haveria tempo suficiente, neste ano, para as demoradas licitações que viabilizam a virada cultural e outros eventos.

(*) Orion Teixeira é jornalista político; leia também o www.blogdoorion.com.br.

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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