[Coluna do Orion] Com oposição desunida, Pimentel faz barba, cabelo e bigode na Assembleia

Maioria governista se impõe na Assembleia Legislativa (Divulgação/ ALMB/Ricardo Barbosa)

Foi mais uma demonstração de força política do governador Fernando Pimentel (PT) e do principal parceiro de seu governo, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adalclever Lopes (PMDB). Com ajuda indireta até da oposição, que não votou em bloco, a base governista aprovou com ampla maioria o projeto de lei que cria seis fundos de investimento do governo, entre eles o polêmico fundo imobiliário. Foram 48 votos favoráveis dos 55 governistas e 16 contrários dos 22 da oposição.

A oposição trabalhou o dia todo na obstrução da votação, apresentou 74 emendas, mas todas foram rejeitadas pelo rolo compressor governista. O fundo imobiliário é o mais polêmico, porque o estado pretende vender cerca de 200 imóveis e utilizar outros 4.000, entre esses, os prédios da Cidade Administrativa (sede do governo estadual), para criação de um fundo de investimentos.

Para o líder da oposição (Bloco Verdade e Coerência), Gustavo Corrêa (DEM), o projeto é um desmantelamento do patrimônio do Estado. Já o líder do governo, Durval Ângelo (PT), disse que o governo está buscando caminhos para Minas crescer. A ideia, segundo ele, é conseguir levantar R$ 4 bilhões para incentivar o crescimento da economia.

Com o resultado, fica consolidada a base de governo, que compareceu em peso à votação, chegando a 50 votos na rejeição de algumas emendas. A mesma base sinaliza também que estará unida nas eleições do ano que vem, quando o PT e PMDB deverão reeditar a aliança. O segundo turno da votação acontece nesta quarta-feira (5).

Tudo somado, temos o governador e o presidente da Assembleia mais fortalecidos politicamente, e a oposição, apesar do esforço, sem conseguir influir. E mais, após a derrocada do senador Aécio Neves, presidente nacional licenciado do PSDB, os tucanos e seu grupo político estão de asas quebradas. O feitiço se virou contra o feiticeiro: se antes os petistas reclamavam de acusações sem provas, hoje são o PSDB e Aécio que usam o argumento. É a roda da política.

Aécio volta em clima de constrangimento

Aécio Neves reassumiu o mandato de senador, nessa terça (4), e fez pronunciamento, sem pompa ou circunstância como gostaria que fosse. Foi até meio constrangedor para quem disse que lideraria o ‘exército’ da oposição após a eleição presidencial de 2014. Não foi atrapalhado pela oposição, que se retirou em protesto por ser impedida de se manifestar, mas por uma campainha que disparou por três minutos, criando aquela saia justa, até que alguém achou o botão ‘desliga’.

Recomposta a situação, Aécio disse que não cometeu crime algum diante das provas apresentadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, mas que foi vítima da trama diabólica de um criminoso confesso e mau caráter. Não dá para defender os donos e delatores da JBS, que agiam para comprar todo mundo em Brasília, mas o que não foi explicado é como alguém vai pedir R$ 2 milhões, seja como empréstimo ou doação, para um criminoso confesso. Se esse alguém faz negócio, ou participa de alguma operação, com um criminoso confesso, o risco de se envolver em encrenca ou crime também é grande.

Mas, nesse ponto, ele está sorte. Recuperou o mandato e terá seu inquérito conduzido pelo amigo e ministro Gilmar Mendes, no Supremo Tribunal Federal, e que, ontem, foi sorteado novamente para assumir mais dois inquéritos contra Aécio; já é o quarto dos nove contra o senador.

Nesta quinta (6), o Conselho de Ética do Senado vai analisar o recurso contra o arquivamento do pedido de cassação dele. A volta ao Senado deverá permitir que ele impeça isso.

Relator chega falando grosso e em independência 

O relator escolhido para dar parecer sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB), deputado federal Sérgio Zveiter, é do mesmo partido e chegou falando grosso e em independência, mas, em Brasília, todos representam um papel. Apesar de ser do PMDB, se disse independente, mas sabemos que essa é uma virtude que falta à maioria quase que absoluta dos políticos, especialmente depois que o poder econômico assumiu o controle sobre o poder político, como demonstrou a Operação Lava Jato.

Com raríssimas exceções, a maioria recebeu dinheiro de empreiteiras para virar deputado ou senador. Com Zveiter não foi diferente: ele recebeu R$ 1 milhão de três empresas investigadas na Lava Jato, mas nunca foi denunciado ou teve o nome relacionado a propinas. Como o sistema tem sido assim, e está sendo desmontado, vamos ver até onde vai sua independência.

Ele não é da cozinha do PMDB de Temer, nem de seu governo. Sua indicação não foi tão ruim para o governo, mas também não foi boa. Tem gente que teme as ligações próximas que ele tem com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que seria o beneficiário em eventual saída de Temer. Por enquanto, só intrigas da corte.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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