DEER proíbe Buser, mas faz vista grossa ao transporte clandestino intermunicipal

Reprodução/StreetView

O Buser, o Uber de Ônibus, teve sua viagem inaugural impedida pela Justiça na última sexta-feira (7). A alegação feita foi que se tratava de um transporte clandestino e que, por isso, não poderia operar. Com isso, a reportagem do Bhaz foi até a rodoviária e constatou que vans, carros e ônibus ilegais saem todos os dias para os mais variados destinos sem problemas aparentes com a fiscalização.

Ao chegar na praça em frente a rodoviária da capital, pode-se ver diversas pessoas que oferecem um transporte mais barato para quem não quiser pagar mais caro no modelo convencional. Ipatinga, Mariana, Ouro Preto, Sete Lagoas, Conceição do Mato Dentro e Governador Valadares são só alguns dos destinos oferecidos.

Transportes alternativos atuam livremente na praça em frente a rodoviária de BH (Bhaz)

Fiscalização

Foi possível observar que pelo menos dez pessoas ofereciam as viagens na tarde desta segunda-feira (10). A Polícia Militar estava do outro lado da rua, mas somente observava. Uma das pessoas que oferecia esse transporte informa que as viagens são feitas todos os dias. “É só escolher o destino. Temos para vários lugares de Minas. Se quiser ir pra Ipatinga, é R$ 60; na rodoviária você paga R$ 75. E ainda posso te deixar onde você preferir”. O homem possui até mesmo um cartão com número para contato e reservas.

No anúncio, o motorista informa que tem carro próprio, é rápido, com viagens econômicas, hora marcada e aceita qualquer cartão para pagamento. A fiscalização não assusta. “Se por um acaso nos pararem, o que não acontece, é só falar que somos amigos e você está de carona. Mas é muito difícil. Geralmente nem perguntam nada, é tranquilo”, comenta um dos motoristas.

Alguns passageiros parecem não se importar de participarem dessas viagens. “Eu já fui, não é a melhor coisa do mundo, mas é mais barato que na rodoviária. Nem fico com medo. A gente acaba conhecendo o pessoal e fica tudo bem”, comenta Maria Aparecida, auxiliar de cozinha.

Mas nem todos têm esse pensamento. “Eu não viajo em um transporte em que não confio. Como vou deixar minha vida na mão de pessoas que não têm as licenças necessárias? Nem sei se elas podem dirigir um ônibus. Não entro de forma alguma”, relata o professor de educação física Geraldo Ferreira.

Por meio de nota, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG) informou que a ação dos “angariadores” vem sendo combatida por uma força tarefa que reúne equipes do DEER/MG, Policia Civil e Polícia Militar. “O objetivo deste trabalho é de impedir que passageiros das linhas regulares embarquem em viagens em ônibus clandestinos. A participação da Policia Militar é ostensiva e, em algumas abordagens, aos angariadores, que atuam em frente ao Terminal Rodoviário de Belo Horizonte, foram identificadas pessoas procuradas pela justiça”.

Buser na Justiça

Após a polêmica da última sexta-feira (7), na qual o DEER-MG e Polícia Militar impediram o ônibus de seguir viagem, a Buser informou que entrou na Justiça. “Somos contra o transporte clandestino. Temos notal fiscal, autorizações, tudo dentro da lei. Nosso advogado está tomando as medidas cabíveis para o funcionamento”, comenta Marcelo Vasconcelos, co-fundador do Buser.

Após não conseguirem embarcar, passageiros do Buser foram escoltados até a rodoviária de BH (Bhaz)

A empresa acredita que a Justiça será correta e não proibirá o transporte de funcionar. “Acreditamos muito que tudo correrá bem e a viagem de estreia poderá ser feita sem problemas em breve. Pagamos impostos igual todo mundo e seguimos todas as normas da lei. O transporte é 100% legal”, completa Marcelo Vasconcelos.

Guilherme da Cunha, advogado do Buser, fala sobre a preocupação na escolha das empresas que irão fazer as viagens fretadas.”Ela (a empresa) deve ser devidamente regularizada, registrada junto a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e com todas as licenças necessárias para efetuar o transporte. Também é importante que todos os passageiros que vão participar do transporte, sejam devidamente cadastrados e reportados junto ao DEER-MG e tudo isso foi cumprido. A empresa teve a preocupação de cumprir todas essas exigências legais”, relata o defensor.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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