Guerra na Síria; paz e solidariedade na Praça da Liberdade

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Yuran Khan/Bhaz + Divulgação/EBC

Em meados de 2015, a foto de um garoto morto na beira de uma praia chocou o mundo. A criança em questão era um menino sírio, que morreu quando tentava fugir do país para se livrar da guerra. À época, o confronto na Síria tornou-se um tema que despertou atenção e preocupação geral, mas, quase dois anos depois, esse já é um assunto esquecido na memória de muita gente. A guerra, porém, perdura há seis anos e já matou cerca de 400 mil sírios.

Mas, ao que tudo indica, Belo Horizonte reacenderá a mobilização pelo país árabe. Nessa terça-feira (15), feriado de Assunção de Nossa Senhora na capital mineira, uma manifestação na Praça da Liberdade pretende reunir brasileiros, descendentes de sírios e refugiados que vivem em BH para pedirem paz no país. O ato, organizado pelo Consulado da República Árabe da Síria, vai contar com apresentações de danças, soltura de balões brancos e gritos de paz.

“A intenção é promover um ato para chamar a atenção das autoridades, fazer com que nosso grito pedindo paz na Síria seja ouvido em todo o país e até fora. O que vem acontecendo lá é muito cruel. Para se ter uma noção, a população da Síria era de 22 milhões de habitantes, hoje apenas 11 milhões estão morando lá, pois parte da população ou morreu ou se refugiou”, disse ao Bhaz Emir Cadar, cônsul da Síria em Minas Gerais.

No ato, as apresentações vão de dança até a declamação do pai nosso em aramaico – língua falada por Jesus Cristo –, por uma cantora lírica síria refugiada em BH. Além disso, haverá canto do hino sírio pelo coral Fran Pax e apresentação do hino brasileiro pela banda da Polícia Militar. Quem estiver na manifestação também poderá participar de uma grande dança, que pretende juntar todos os presentes em celebração às tradições árabes.

Até o Papa Francisco estará, de alguma forma, presente no ato. Segundo o cônsul, o líder religioso enviou uma carta apoiando a manifestação e ela será lida durante o ato. O encontro acontecerá das 10h às 12h e espera-se que outros estados, como São Paulo – que tem a maior colônia síria do país – também promovam manifestação amanhã.

Hospitalidade mineira atrai os sírios

Apesar de não haver pontos de convergência entre a cultura síria e a mineira, Belo Horizonte é um destino procurado pelos refugiados. Estima-se que cerca de 250 sírios chegaram a BH a partir de 2014, quando a situação ficou insustentável no país. Hoje, aproximadamente 180 deles ainda vivem na capital, de acordo com o consulado.

“A hospitalidade e a acolhida mineira é o que os atrai até aqui”, afirma Emir Cadar. Acolhidos, eles se incorporam ao comércio, principalmente ao ramo alimentício, chegando até a gerar emprego para os próprios brasileiros. “Existem 6 lanchonetes de refugiados sírios espalhadas pela capital e, em algumas, há brasileiros trabalhando, ou seja, eles geram emprego para a população local, o que é muito bacana”, comentou o cônsul.

Entenda a Guerra

Em 2011, parte da população síria estava insatisfeita com os altos índices de desemprego, falta de liberdade política e repressão por parte do governo local, comandado por Bashar al-Assad. Motivados pela indignação, em março de 2011, adolescentes pintaram mensagens revolucionárias no muro de uma escola em Deraa, cidade no sul do país. No entanto, esses jovens foram presos e torturadas pelas forças de segurança.

A repressão aos adolescentes gerou revolta popular e, inspirada pelos movimentos da Primavera Árabe que avançavam pelos países da região, a população síria inciou uma onda de protestos. As tensões ficaram maiores quando diversos ativistas foram mortos, o que fortaleceu tanto os movimentos que pediam a saída do presidente al-Assad – acusado de repressão – quanto as represálias do governo.

Os protestos e a violência rapidamente se espalharam pelo país. Os movimentos antigoverno começaram a pegar em armas, o que gerava o contra-ataque do Estado, que, além de assumir o controle das cidades e vilarejos, tentava reprimir os manifestos. O conflito foi tomando enormes proporções e logo tornou-se uma guerra de dimensões internacionais, mobilizando grandes potencias mundiais e gerando milhões de mortes e um êxodo de 4,5 milhões de pessoas, segundo dados da ONU.

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