Insegurança no campus: onda de assaltos assusta UFMG

Reprodução/Whatsapp + Divulgação/UFMG

Andar pelo campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) tem sido um verdadeiro desafio, principalmente para os alunos do turno da noite. O que era para ser uma atividade rotineira, tornou-se assustadora desde que uma série de assaltos começou a ocorrer dentro da Universidade. Os diversos casos, que vão de furtos a roubos de carro, despertam medo e insegurança e têm preocupado quem circula pelo campus.

Os primeiros relatos começaram a surgir no dia 8 de agosto, quando um ônibus interno da linha 4 foi assaltado a mão armada por volta das 22h30. Desde então, mais de 10 casos já foram relatados. Os arredores da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), da faculdade de Engenharia e do Instituto de Ciência Exatas (Icex) têm sido os principais alvos dos bandidos.

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Só na noite dessa quarta-feira (23), houve informações de quatro roubos: dois carros na Fafich, uma moto na Engenharia e uma bicicleta, no bicicletário atrás do Icex. Na terça-feira (22), casos de furto também foram informados por estudantes dentro do campus e nos arredores da Universidade.

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Ontem mesmo, estudantes usaram as redes sociais para informar sobre um grupo de cinco garotos que rondavam o campus. Segundo as mensagens, o grupo estava armado e promoveu um arrastão. Alunos da UFMG também informaram sobre um assalto a pedestres em um ponto de ônibus em frente ao Instituto de Ciências Biológicas (ICB).

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Ao Bhaz, a Polícia Militar confirmou o registro de três boletins de ocorrência, incluindo o assalto ao ônibus, no qual três menores de idade foram presos em posse de uma réplica de pistola. No entanto, como a Universidade é um órgão federal, muitos dos casos são registrados dentro da própria Instituição, não sendo de competência da Polícia Militar.

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Medo e insegurança

“Ir para a UFMG, principalmente no turno da noite, está sendo difícil. É uma eterna sensação de ir sem saber se vai voltar bem e da necessidade de estar sempre alerta”, disse ao Bhaz um estudante que preferiu não se identificar.

Para alguns, o medo era tamanho que foi necessário abrir mão de matérias à noite, horário em que ocorre a maioria dos crimes. Foi o caso da estudante de jornalismo Júlia Vilaça. “Havia duas matérias maravilhosas que eu queria ter incluído na minha grade esse semestre, mas preferi deixar de lado por ter medo de ficar na UFMG até de noite. Os ônibus estão sendo assaltados, não tem luz noturna lá, é super perigoso”, comentou a jovem.

“Eu que sou mulher tenho medo de ser estuprada, de alguém abusar de mim de alguma forma. Imagine você ir para a aula morrendo de medo de sair e ser assaltada ou acontecer alguma coisa? Você anda no escuro, no ermo e quando entra no ônibus ainda está vulnerável”, finalizou Júlia.

Estudantes criam memes zombando da situação (Reprodução/Whatsapp)

O policiamento dentro do campus – alternativa colocada para reforçar a segurança – é uma questão discutida pelos estudantes. “Ao mesmo em  tempo que precisamos de uma maior sensação de segurança, sabemos que, historicamente, a militarização do campus pode trazer malefícios”, comentou um aluno do curso de Comunicação Social que também preferiu não se identificar.

“É uma questão que precisa ser discutida, mas, além da polícia, precisamos de ações da própria Reitoria, como mais investimentos em iluminação, por exemplo. Na realidade, eu acho que essa situação é só um dos reflexos dos constantes e crescentes cortes em educação no Brasil”, ponderou.

O que fazem os estudantes?

No fim da noite de ontem, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) lançou uma nota a respeito da situação. No alerta, o DCE informou sobre os três casos de assalto que ocorreram na terça e comunicou que pretende se reunir com a reitoria para discutir o assunto.

“Em vista desse cenário crítico, o DCE UFMG tem tomado todas as providências cabíveis para cobrar da Reitoria um encaminhamento adequado para à situação. Assim que tivermos algum encaminhamento da administração da UFMG teremos maior lucidez para proceder quanto à segurança na universidade”, afirmou o DCE em nota.

Hygor Hernane, coordenador geral do DCE, disse ao Bhaz que duas reuniões já estão marcadas, sendo uma deles para hoje (24). “Hoje, no fim da tarde, haverá uma reunião com a Reitoria para cobramos medidas voltadas à segurança da UFMG. Já existe uma política de segurança no campus, como delimitar o horário de entrada de não-estudantes, mas nós vamos cobrar que elas sejam intensificadas”, disse o coordenador.

Ainda segundo Hygor, outra reunião acontecerá amanha, na Praça de Serviços, às 11h. “Amanhã realizaremos uma reunião aberta a toda comunidade da UFMG. Lá, vamos repassar sobre a conversa que tivermos coma reitoria e discutir a respeito dos relatos e da segurança na Universidade”, finalizou.

O Diretório também alertou aos alunos que evitem andar com notebooks e celulares expostos. “Evitem andar sozinhos, em especial em horários de menor movimento. Guardem seus objetos de valor de forma a dificultar seu acesso e visualização. Evitem andar com celular na mão ou com fones de ouvidos conectados”, comunicou.

O Diretório Acadêmico da Fafich também se mobilizou e vai realizar uma reunião nesta segunda (24). O DA pretende reunir estudantes, professores e técnicos administrativos para discutir a questão e pensar formas de pressionar a Instituição.

O que diz a UFMG?

Procurada pela reportagem do Bhaz, a UFMG não deu retorno sobre o caso até a publicação da matéria.

Letícia Almeida

Letícia Almeida é redatora no Portal Bhaz

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