Estádio do Independência agora virou o ‘patinho feio” do Horto

Construção do novo estádio custou cerca de R$ 100 milhões ao Estado

Um dia após o Atlético ter aprovado a construção de seu estádio, começa o jogo de empurra entre o América Futebol Clube e o Governo do Estado. O estádio pertence ao América Futebol Clube, que o cedeu ao Estado até o ano de 2029, como contrapartida à construção do novo Independência. O Estado, por meio de licitação pública transferiu a operação do Independência à LuArenas (antiga BWA). Procurado pelo Bhaz, o América informou, por meio de sua assessoria, que as despesas de manutenção do estádio são de responsabilidade do Governo de Minas.

Já o governo de Minas, por meio de nota divulgada no início da noite desta terça-feira, 19, negou que isso seja verdade. De acordo com a Secretaria de Esportes, a manutenção do Independência cabe à concessionária, não ao Estado. Procurada pelo Bhaz, a LuArenas informou que não iria se pronunciar sobre o assunto porque o principal executivo da companhia, Bruno Balsimelli, estava na Europa e não tinha conhecimento da decisão do Atlético de construir seu próprio estádio de futebol.

Até que o estádio fique pronto, o Atlético continuará jogando no Independência, dando lucro tanto para o próprio time,  para a LuArenas e também para o América, que recebe um percentual da receita dos jogos. O problema é que sem o Atlético, o América fica com a responsabilidade de “encher o estádio”, algo difícil de ocorrer. Por duas razões. A primeira é que o América não é um time de grande torcida. A segunda é que o “Coelho”, como é também conhecido, disputa a Série B do Campeonato Brasileiro, onde estão times de menor torcida e onde o América é líder, com 48 pontos.

Ano que vem, a situação deve melhorar porque o América deve subir para Série A do Campeonato Brasileiro, onde jogam times como Flamengo, Corinthians ou São Paulo, entre outros, que sempre atraem mais público que os da Série B.  O América deverá fechar 2017 com 21 partidas disputadas no Independência, dos quais 19 da Série B, sete do Campeonato Mineiro e uma da Primeira Liga.

Este ano, a média de torcedores por jogo que o América disputou foi cerca de 3200, número correspondente a uma ocupação da ordem de 15% da capacidade do estádio, que é de 23 mil torcedores. O estádio tem despesas fixas, necessárias à sua manutenção, independentemente de haver ou não jogo. Essas despesas é que o América e o Governo de Minas alegam que não são suas, e sim da LuArenas.

Associação de moradores comemora

A decisão do Atlético de construir seu próprio estádio repercute entre lideranças de bairros próximos ao estádio Independência, na região Leste da capital.  Se os torcedores alvinegros estão com motivos de sobra para comemorarem, o mesmo acontece com lideranças dos bairros localizados nas proximidades do Independência. Em conversa com o Bhaz, Jorge Souza Reis, diretor de Esportes da Associação de Moradores do Bairro Sagrada Família, afirma que “finalmente a paz voltará a reinar no bairro”. “É muito desagradável em dias de jogos a entrada das nossas casas ficar com odor de urina, além das brigas que acontecem vez ou outra”, afirma.

Jorge sabe que a saída do Atlético do Independência diminuirá o número de jogos no estádio. Mas, vê com bons olhos o novo desafio que a empresa administradora do estádio terá pela frente. “Agora é que vem o desafio da LuArenas, pois como o América não atrai muito público serão necessárias novas ações. Na minha opinião, é chegado o momento de promover eventos com as categorias de base”, afirma o diretor.

Adelmo Gabriel Marques, diretor de Relações Institucionais da Associação dos Amigos do Estádio Independência, espera que com a saída do Atlético do estádio, o projeto original, da época da reforma, seja colocado em prática. “Nos falaram que seria uma arena multiuso, mas desde a reinauguração, o que temos aqui é só evento esportivo. Tomara que, de fato, aconteçam atividades diversas nesse espaço e, principalmente, que ele seja aberto ao público da nossa região”, afirmou.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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