No meio da cidade havia um parque – 120 anos de história e 500 mil visitantes por mês

IMAGEM ILUSTRATIVA (Maick Handder/BHAZ)

O Parque Municipal de BH completa, nesta terça-feira (26), 120 anos. Localizado no Centro de Belo Horizonte, ele é querido e frequentado por moradores da capital, de cidades da região metropolitana e por turistas. O parque é também o espaço verde com maior fluxo de pessoas em BH, recebendo uma média de 500 mil visitantes/mês.

O parque foi inaugurado antes mesmo da capital mineira. Com estrutura inspirada nos parques franceses da Belle Époque, foi criado para ser o maior e mais bonito parque urbano da América Latina. Ele abriga diversos monumentos que fazem parte da sua história e da cidade de Belo Horizonte. Entre eles, destacam-se a Ponte Rústica e a dos Namorados, Ponte Seca, Fonte da Lagoa dos Barcos, Bebedouro dos Burros, Escadaria do Belvedere, Mãe Mineira e Coreto.

Maick Hannder/Bhaz

História

O Parque Municipal Américo Renné Giannetti foi projetado no final do século XIX pelo arquiteto e paisagista francês Paul Villon. Antes de sua implantação, o espaço abrigava a Chácara Guilherme Vaz de Mello, conhecida como Chácara do Sapo. O local serviu de moradia para o próprio Paul Villon e para Aarão Reis, engenheiro chefe da Comissão Construtora, encarregada de planejar e construir a nova capital de Minas Gerais. Em 1924, o governador do Estado, Olegário Maciel, transferiu a residência oficial para o Parque Municipal até o final de sua gestão.

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Do projeto original, que previa um cassino, um restaurante e um observatório meteorológico, pouco saiu do papel. As ruas, alamedas, lagoas e riachos foram traçados de forma livre pelo arquiteto. A arborização foi introduzida por meio de transplantio de árvores de grande porte trazidas de diversos locais da cidade e através do plantio de mudas produzidas em dois viveiros, criados por Paul Villon às margens do Córrego da Serra. Assim como a cidade, o parque foi inaugurado tendo apenas uma parte da obras previstas finalizadas.

O parque possuía, originalmente, uma área de 600 mil metros quadrados, tendo como limites as avenidas Afonso Pena, Mantiqueira (atual Alfredo Balena), Araguaia (atual Francisco Sales) e Tocantins (atual Assis Chateaubriand). A partir de 1905, inicia-se o processo de perda de espaços para construções diversas.

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No início do século XX, o Parque Municipal e a Praça da Liberdade tornaram-se as principais referências da cidade para a realização de eventos. Em janeiro de 1898, foi inaugurado o Velo Club, que passou a promover grandes festas esportivas com corridas de bicicleta, velocípede e a pé. No pavilhão do clube, construído onde atualmente está o Teatro Francisco Nunes, o público acompanhava os eventos com apostas e torcida. Eram realizadas, ainda, partidas de futebol e competições de natação nas lagoas. Em 1908, um grupo de adolescentes fundou, no parque, o Clube Atlético Mineiro.

Espaço verde

O que pouca gente talvez saiba é que, ao longo dos anos, o Parque Municipal perdeu espaços para diversas construções como a Faculdade de Medicina da UFMG, o Centro de Saúde do Estado, Moradia Estudantil Borges da Costa, Teatro Francisco Nunes, Colégio Imaco, Palácio das Artes, entre outros.

Hoje, como um espaço tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN-MG), possui 182 mil metros quadrados. O espaço conta com área verde preservada, lagoas e vários locais para atividades de lazer, descanso, esporte e cultura. Cerca de 500 mil pessoas frequentam e passam pelo espaço, mensalmente.

O aposentado João Batista, de 68 anos, é um dos que gosta de visitar o parque. “Esse espaço me fez sentir conectado com a natureza. É um local prazeroso que nos faz sentir bem e com liberdade. Além de nos trazer um ar diferente. Um espaço verde importantíssimo em meio aos prédios da capital”, conta.

Batista conta que foi ambulante na região do parque e na Praça da Estação. Segundo ele, os locais precisam de mais cuidados. “O jardim precisa ser mais cuidado. Vários espaços aqui precisam de mais cuidado. Eu nunca fui incomodado aqui. Mas, na questão de jardinagem, o parque precisa de atenção”, afirma.

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Visitas e prática de esporte

Para os visitantes, o parque oferece orquidário, viveiro de mudas, bosques, trilhas ecológicas e lagoas com barquinhos a remos. Também estão entre os atrativos monumentos, teatro de arena, Teatro Francisco Nunes, monumentos históricos (Busto de Anita Garibaldi, Bustos de Aarão Reis, Afonso Pena, Augusto de Lima e Bias Fortes), equipamentos esportivos como quadra de tênis, pistas de patinação, ciclovia para crianças, pista de Cooper e caminhada, brinquedos, além de animais de montaria e diversos eventos gratuitos ao ar livre no local.

Durante a caminhada encontramos o casal Maria das Graças e Luiz Gonzaga, que decidiram visitar o parque hoje para matar a saudade, mesmo sem saber do aniversário do espaço. Eles moram em Ibirité, na região metropolitana, e contam que no início do namoro visitavam o parque com mais frequência. “Estamos com 17 anos de casados e viemos aqui para matar a saudade. Acho o lugar lindo”, conta ela.

Maick Hannder/Bhaz

Problemas

Apesar do lindo espaço, o parque também tem defeitos. Entre eles, a superpopulação de gatos e a ocupação de pessoas em situação de rua. Muitos usuários reclamam da segurança no local que, por ser grande, facilita a ocorrência de furtos longe dos olhos de policiais e guardas. Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) disse que “o local conta com um ponto de apoio fixo da Guarda Municipal, com efetivo atuando durante todo o funcionamento do parque (das 6h às 18h)”. “Além disso, a GM desenvolve diversas atividades próprias da corporação dentro do Parque Municipal, como treinamentos, o que garante sempre a presença e circulação de equipes de segurança no local”, garante a PBH.

Em relação a superpopulação de gatos, a intenção da PBH era retirar, castrar e encaminhar para adoção os cerca de 300 felinos que ocupam o Parque. Para evitar que a ação de retirada dos gatos causasse danos a eles e, a partir de mobilização de ONGs defensoras dos direitos dos animais, como a Gato Negro Direitos Animais, o Ministério Público Estadual entrou na questão. O órgão obrigou a PBH a elaborar um plano de manejo dos gatos do Parque Municipal. Com isso, uma solução para a questão terá de ser apresentada até o final deste ano.

“Existem ações em curso através de parcerias com a Secretaria Municipal de Saúde, Meio Ambiente e outras instituições. A população está sendo criteriosamente dimensionada. Os animais estão sendo vacinados, castrados e microchipados para monitoramento de possíveis recapturas. Além disso serão programadas campanhas coibindo o abandono por se tratar de crime previsto em lei, bem como interlocução com instituições e indivíduos interessados em adotar animais”, diz a prefeitura.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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