‘Queria chamar a atenção’; polícia traça perfil de vigia que incendiou creche

A Polícia Civil começou as investigações para descobrir o que motivou o ataque a uma escolinha na cidade de Janaúba, na região Norte do Estado.  O vigia da creche, de 50 anos, é apontado como o responsável pelo crime. A ação deixou, 40 pessoas feridas, sendo algumas em estado gravíssimo, e dez mortos.

A polícia informou que está elaborando um documento com algumas considerações preliminares em relação à saúde mental do suspeito. Os dados farão parte do inquérito. Até o momento, o que foi levantado é que o homem sofria de transtorno mental, detectado em 2014 a partir de uma avaliação feita com psicóloga. A profissional detectou uma disfunção de consciência e sugeriu acompanhamento psiquiátrico.

De acordo com a PCMG, não foi encontrado, até agora, nenhum registro de consulta médica, receita, ou algo que comprove que ele fizesse uso de medicação. “Ao que tudo indica, no momento da ação, ele não estava em surto psicótico, haja vista que o crime foi premeditado e bem organizado”, diz em nota.

De acordo com o Delegado Regional de Janaúba, Bruno Fernandes, que coordena as investigações, não há dúvidas em relação à motivação fútil do crime. “Ele queria apenas chamar atenção. Além da se queimar, desejava vitimar o maior número de inocentes. Agora, aguardamos os laudos periciais, conclusão dos depoimentos e restituição do crime para conclusão do inquérito policial”.

Perseguido, obcecado e premeditado

De acordo com as investigações, o transtorno psiquiátrico sofrido pelo guarda, o levava a crer que estava sendo perseguido, inclusive por sua mãe.

Em junho de 2014, o vigia compareceu à Promotoria de Justiça de Janaúba para informar que suspeitava de que sua mãe adicionava substâncias tóxicas à sua comida. Um estudo social, na época, apontou que o núcleo familiar era regular, mas que ele apresentava disfunção de consciência.

Mas, de acordo com o perfil psicológico traçado pela perícia médica, tal transtorno não o tornava uma pessoa agressiva ou impedida de trabalhar.

Também foi apurado que ele era obcecado por crianças. Ainda segundo as investigações, o crime foi premeditado. Através de buscas, a polícia encontrou na residência do autor, galões com combustível. Os achados seguem sendo analisados pela perícia.

Também foi apurado que o autor do crime marcou simbolicamente a data do ataque para o dia em que, há três anos, seu pai faleceu. Ele disse à família, na última terça-feira (3), que daria um presente à família, pois iria morrer.

As investigações continuam para definir o real motivo que levou o guarda a cometer tal atrocidade. Estão sendo realizadas novas perícias e, também, oitivas com testemunhas.

MPMG instaura inquéritos

 

Tendo em vista a tragédia ocorrida no Centro Municipal de Educação Infantil Gente Inocente, em Janaúba, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informa que foi instaurado o Inquérito Civil (IC).

O objetivo da ação é garantir a assistência material e psicológica às vítimas e suas famílias quanto aos danos e agravos sofridos em razão do atentado. No curso deste IC, realizou-se contato com a Cruz Vermelha. A intenção é estruturar uma missão com viés médico e psicológico.  Com objetivo de auxiliar a recuperação física e emocional das pessoas diretamente afetadas.

A Coordenadoria da Infância do Norte de Minas também instaurou procedimento para a realização de levantamento cadastral de dados e entrevistas para averiguar os danos e apurar necessidades. Haverá um estudo social, para avaliar a situação familiar das crianças afetadas.

Outro Inquérito Civil vai fiscalizar a destinação de recursos doados na Conta Bancária aberta, de forma a garantir que esses valores sejam integralmente revertidos no amparo às vítimas. Foi definida abertura de conta bancária para o recebimento de doações em dinheiro (ag. 0935-0, c/c 600-9, do Banco do Brasil)

E um terceiro inquérito será feito para apurar se o vigia era portador de alguma doença ou transtorno mental que lhe tornava não recomendado para função na creche.

O objetivo é investigar se houve alguma falha do Poder Público local quanto à avaliação e tratamento da disfunção de consciência apontada. .

O MPMG também vai investigar se o prédio em que a creche Gente Inocente estava instalada possuía segurança estrutural, plano de fuga e estratégia de combate a incêndios.

Nos próximos dias, uma reunião com a comunidade escolar e o Poder Público, almejando à construção de plano de ação para a reinserção escolar dos alunos e profissionais vitimados pelo ataque.

 

Atualização: às 11h40 mais uma criança foi confirmada como vítima fatal do ataque. O número sobre para dez mortos e 40 pessoas feridas.

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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