Natal sem Fome retorna após 10 anos para evitar volta do Brasil ao Mapa da Fome

Meta da campanha é arrecadar cerca de 600 toneladas de alimentos

Com a meta de arrecadar 500 toneladas de alimentos, a campanha Natal sem Fome foi relançada após 10 anos pela organização não-governamental (ONG) Ação da Cidadania. O objetivo é evitar que o Brasil volte ao Mapa da Fome das Nações Unidas, do qual o país deixou de figurar em 2014.

De acordo com Daniel de Souza, que é filho do criador da campanha, o aumento da pobreza e da vulnerabilidade social foram fatores que contribuíram para a retomada da campanha. A crise econômica vivenciada pelo país nos últimos anos tem resultado nas dificuldades enfrentadas pelas famílias brasileiras. Em 1993, a campanha foi criada pelo sociólogo Herbert de Souza, popularmente conhecido por Betinho.

A retomada da campanha mistura sentimentos de alegria e tristeza, conforme explica Daniel. “A gente se alegra com a solidariedade, com a disposição de todo mundo de participar, de arregaçar as mangas e de lutar contra a fome, mas, ao mesmo tempo, tem um gosto muito amargo porque achou que essa batalha a gente já tinha vencido”, afirmou.

Em julho, um relatório elaborado por cerca de 40 entidades da sociedade civil sobre o desempenho do Brasil no cumprimento dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU trouxe um alerta quanto ao risco de o país voltar a figurar no próximo Mapa da Fome.

Para doar alimentos, basta levá-los aos postos de coleta que estão espalhados em algumas cidades. Moradores de Belo Horizonte podem contribuir através do site da campanha. Nesse portal está a lista com os endereços dos locais onde as doações podem ser feitas. Para alcançar o máximo de pessoas possível, peças publicitárias estão sendo realizadas através das redes sociais, outdoors e comerciais na televisão. Artistas também estão se engajando no projeto.

Quem é Betinho?

O sociólogo Herbert José de Sousa nasceu em Bocaiuva, Minas Gerais, e sempre se envolveu em militâncias. Destaque para a da reforma agrária e renovação do cristianismo, entre outras. Porém, o trabalho do militante mineiro foi enfatizado na busca por alternativas para erradicar a fome que acometia/acomete milhares de brasileiros. Foi esse trabalho que marcou sua imagem.

O projeto Ação da Cidadania Contra a Miséria, a Fome e pela Vida teve início em junho de 1993, com a arrecadação de alimentos. Betinho e sua equipe distribuía os alimentos para as pessoas carentes. O projeto foi abraçado pelos brasileiros, tendo sido arrecadados cerca de 600 toneladas de alimentos, algo que surpreendeu os envolvidos. O projeto espalhou-se por outros países com o mesmo desejo: o de combater a fome. Além do Brasil, foi implementado na Suíça, França, Inglaterra, Canadá, Itália, Estados Unidos, Japão e Chile.

Por ser homofílico, Betinho precisava realizar constantes transfusões de sangue. Com isso, acabou contraindo Aids, uma doença que, à época, ainda matava. Em 1997, ele acabou morrendo debilitado em decorrência da doença.

Da Agência Brasil

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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