Leitos não serão fechados e Sofia Feldman continuará atendendo mães e crianças

Com repasse da prefeitura leitos, continuarão abertos

O prefeito Alexandre Kalil (PHS) repassou ao Hospital Sofia Feldman a quantia de R$ 1 milhão, assumiu o controle do banco de leite da maternidade e aumentou o tempo para pagamento da dívida da instituição em 14 parcelas. A informação foi divulgada, nesta quarta-feira (18), após reunião com os administradores.

De acordo com o prefeito, ainda é necessária a realização de mais reuniões para “resolver a história do hospital”. No entanto, Alexandre Kalil afirmou que realizará cobranças nos âmbitos estadual e federal para que os recursos possam ser repassados ao Sofia Feldman.

Para o médico Ivo Lopes, diretor Técnico-administrativo da maternidade, o repasse da prefeitura proporciona um “alívio” no fluxo do caixa. Com a proximidade do fim de ano, há o décimo-terceiro salário para ser pago aos funcionários.

Sobre salários, os funcionários da maternidade receberam, nessa terça-feira (17), o pagamento dos vencimentos a que têm direito. Para uma das representantes do Sindicato dos Enfermeiros, “na segunda-feira os trabalhadores da maternidade aderiram 100% à greve. Enfermeiros, porteiros e profissionais de serviços gerais são alguns dos profissionais que apoiaram o movimento”, afirmou.

Ivo Lopes afirmou que, com o repasse, os leitos não serão fechados (Fotos: Maike Hannder/Bhaz)

Os trabalhadores foram informados pela administração que os governos do Estado e de BH não haviam efetuado os pagamentos e que, por isso, não foi possível pagá-los anteriormente. “A greve, por enquanto está suspensa, e, na sexta-feira, vamos retomar as conversas pedindo que quando isso ocorrer o trabalhador não seja o primeiro a ser impactado”, concluiu.

O prolongamento da dívida da maternidade com a PBH é referente a um repasse ocorrido em março deste ano. Na oportunidade, a prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, emprestou aos Sofia Feldman R$ 5 milhões. O pagamento desse valor foi dividido em 10 parcelas de R$ 500 mil.

Como já foram pagas três parcelas, ainda faltam R$ 3,5 milhões, que serão quitados em 14 meses – R$ 250 mil ao mês. Porém, a dívida não para por aí, pois como o R$ 1 milhão anunciado por Alexandre Kalil também é um repasse, eles precisarão pagá-lo em quatro parcelas. Durante os próximos 18 meses, a maternidade terá abatimento nos valores que tem direito.

Leitos continuam em funcionamento

De acordo com Ivo Lopes, com o repasse da PBH não será necessário diminuir o número de leitos do hospital. “Quem ganha com isso são as mães e as crianças”, disse. A maternidade recebe mulheres vindas de diversas cidades de Minas Gerais, além das que moram em Belo Horizonte e região metropolitana.

O Bhaz conversou com três mulheres que estão na expectativa do nascimento dos filhos e que encontraram no Sofia Feldman a solução para os problemas de saúde enfrentados durante a gestação. Maíra Rocha, Camila Evangelista e Cláudia Pereira estão há uma semana na Casa da Gestante devido a problemas de saúde durante a gestação. Elas vieram de Lagoa da Prata, Patrocínio e Nova Serrana, pois nesses municípios não existe o recurso necessário para atender à demanda que elas apresentavam.

“Se eu não viesse para cá não teria mais esperança de ter minha filha, pois na minha cidade disseram que meu caso não tinha solução”, afirma Maíra. A futura mãe precisou realizar o procedimento chamado cerclagem do colo uterino para que o útero pudesse segurar o feto até o nascimento. “Aqui eu tenho a oportunidade de ganhar a minha Chloe”, diz emocionada.

A dedicação das profissionais é destacada por elas. “Elas estão conosco em todos os momentos. Em qualquer dor que sentimos, elas nos medicam o mais rápido possível”, enfatiza Cláudia.

Nossa equipe questionou as mães sobre um possível fechamento dos leitos da maternidade que impediriam que mães e crianças fossem atendidas. As mulheres foram categóricas: “O Sofia não pode fechar”. “Esse é o único recurso que nós temos, pois os nossos médicos nos disseram que, ou nós tirávamos nossos bebês e eles morriam, ou morreríamos com eles alguns meses depois”, destacou Camila.

Doula: companhia na hora mais necessária

O vazio preenchia a vida de Maria Mazarelo de Freitas, 81 anos, devido ao falecimento do marido e à aposentadoria precoce. Sem ter o que fazer em casa, ela foi a hospitais oferecer-se para auxiliar de forma gratuita as mulheres que passariam pelo trabalho de parto. “Fui à Santa Casa e ao Mário Pena e não fui bem aceita. Quando cheguei ao Sofia, de cara fui bem acolhida e eles autorizaram que eu prestasse meu serviço”, relembra.

Desde então Maza, maneira que é conhecida, não parou mais e cativa todas que passam por elas. Durante 17 anos, ela prestou serviços voluntários, até que um dia Dr. Ivo a chamou e ofereceu-lhe um contrato remunerado. “Eu falei com ele: ‘estou com 70 anos e mesmo assim quer me contratar?’”. Ele logo respondeu: “Até se você estivesse com 100, Maza’”, diz.

Para ela, a troca de amor entre ela e paciente são os fatores que contribuem para que ela continue firme na missão. “Eu amo este lugar e afirmo que o Sofia é minha casa e que essas mulheres são minhas filhas”, conclui.

Maza e outras 16 mulheres auxiliam as mulheres que entrarão em trabalho de parto. “Elas pegam uma confiança tão grande que desejam que nós a acompanhemos no momento do nascimento do filho”, diz agradecida.

Camila recebendo atendimento de Maza. Ela foi ao hospital por indicação de uma amiga
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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