[Coluna do Orion] AMM chega aos 65 anos e diz que é parceira e não montaria do governo do Estado

AMM e o Tribunal de Justiça fazem parceria em projeto de interiorização (Reprodução/AMM)

O estresse na relação das prefeituras com o governo do Estado, por conta do atraso nos repasses de recursos, deixou o campo institucional, atingiu em cheio o meio político e parece ter afetado também o relacionamento com a Assembleia Legislativa. Durante evento de comemoração dos 65 anos da Associação dos Municípios Mineiros (AMM), prefeitos e diretores acusaram a Assembleia Legislativa de vetar homenagem que seria prestada à entidade por ocasião de seu aniversário.

Um dos dois deputados presentes ao evento, o deputado estadual Ivair Nogueira, autor do requerimento no Legislativo, amenizou o conflito, dizendo que haveria só uma divergência quanto à data e outras restrições regimentais. Os prefeitos não ficaram convencidos e sustentam que há um desentendimento entre as instituições em função das brigas políticas-partidárias.

Na última sexta-feira (27), a AMM sofreu ameaça de boicote após manobra do vice-presidente da Câmara dos Deputados e coordenador da bancada federal de Minas, Fábio Ramalho (PMDB), que tentou esvaziar evento da entidade na cidade de Poté, no Vale do Mucuri. Região na qual é votado, Ramalho espalhou áudio no qual pedia aos prefeitos locais para não comparecerem, evitando, segundo ele, retaliação do governador Fernando Pimentel (PT) àqueles que seriam considerados ‘adversários’.

A manobra fracassou, porque os mais de 30 prefeitos ignoraram a armação e compareceram em peso ao encontro. O argumento de Ramalho era o de que a AMM estaria ligada a interesses políticos da oposição e que teria propósitos eleitorais. Mais do que isso, setores do governo mineiro estariam irritados com a posição contundente da AMM contra os atrasos de repasses aos municípios pela fazenda estadual.

No mês passado, o governo fez o repasse da cota-parte do ICMS com atraso e em três parcelas, afetando ainda mais as dificuldades financeiras dos municípios. Em termos gerais, o governo ainda deve cerca de R$ 2,5 bilhões de recursos para a saúde pública e transporte escolar aos municípios mineiros. Também no dia 20 de outubro, o presidente da AMM e prefeito de Moema, Julvan Lacerda (PMDB), enviou ofício ao presidente Michel Temer, cobrando socorro financeiro aos municípios.

“Queremos parceria, não aceitamos montaria. Não aceitamos mais ser montados pelo governo federal ou estadual. Queremos apenas nossos direitos”, pontuou o presidente da AMM e prefeito de Moema, Julvan Lacerda (PMDB), dando o tom de independência e de defesa intransigente do municipalismo que marcou o evento que ainda ganhou selo comemorativo dos Correios. Ainda no ato, foram homenageados todos os ex-presidentes e funcionários da Associação.

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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