Começa amanhã a discussão dos projetos urbanísticos para a nova Bento Rodrigues

Em meio às ruínas em Bento Rodrigues, se sobressaem as cruzes de madeira

Dois novos projetos urbanísticos para a reconstrução do povoado de Bento Rodrigues, em Mariana, começam a ser discutidos nesta terça, em oficinas que serão realizadas em Mariana. Bento Rodrigues é um dos povoados que foram destruídos pela ruptura da barragem de Fundão, no dia 5 de novembro de 2015.

Segundo a análise realizada pela Secretaria de Cidades e de Integração Regional (Secir) do governo de Minas, do jeito que o projeto estava proposto, ele não atendia a preceitos legais que visam à segurança das construções, além de impactar nas condições de recomposição das características sociais do distrito, desejadas pelos moradores, como a construção de moradias com quintais, que permitam o plantio de hortas e a criação de animais de pequeno porte, a manutenção das relações de vizinhança e a construção de espaços que possibilitem os festejos e as relações sociais.

Reportagem produzida pela Agência Brasil e veiculada pelo Bhaz apontou que a perda das relações de vizinhança é uma das principais causa do aumento dos casos de depressão entre os antigos moradores de Bento Rodrigues.

O projeto que trazia o desenho do novo distrito, com a definição de seu tamanho e limites aproximados, além da distribuição inicial das ruas, quadras, moradias e equipamentos públicos, foi aprovado, em Assembleia Geral dos Moradores, em janeiro deste ano. No entanto, ao ser avaliado pelo Governo do Estado e pela Câmara Técnica de Reconstrução e Recuperação de Infraestrutura (CT Infra) do Comitê Interfederativo (CIF), foram constatadas grandes inconsistências técnicas que inviabilizariam o cumprimento das expectativas dos moradores e a recomposição do mesmo cenário do distrito atingido.

A CT Infra, coordenada pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Cidades e de Integração Regional (Secir), identificou que o projeto previa o parcelamento do solo em áreas de declividade acentuada, superior a 47%, percentual acima do que é permitido pela legislação; e, ainda, que havia excesso de movimentações de terra, o que impacta diretamente na qualidade do solo, nas condições de fertilidade e capacidade agrícola do terreno.

Para o secretário de Cidades e de Integração Regional, Carlos Murta, o contato direto com os moradores, por meio da Mesa de Diálogo do Governo de Minas Gerais, e da realização das reuniões junto das comunidades, foi fundamental para chegar a um consenso e garantir o cumprimento do Acordo por parte da Fundação.

“Reunimos a Comissão dos Atingidos, Prefeitura de Mariana, Cáritas, Governo do Estado e Ministério Público e articulamos, juntos, uma solução que vai trazer o Bento o mais próximo possível do que os moradores tinham antes do desastre”, afirma.

Projeto Final

A nova proposta a ser apresentada pela Fundação Renova deve respeitar o plano diretor municipal e legislações aplicáveis ao licenciamento ambiental e construção de novos loteamentos, além de contemplar o levantamento de expectativas dos moradores e todas as adequações e ajustes solicitados pela CT Infra.

Os dois projetos serão apresentados em maquetes, que permitam a melhor visualização e compreensão dos atingidos. “A ideia é que eles mesmos consigam ver, por meio das maquetes, as características físicas do terreno e como se dará a disposição dos lotes e equipamentos públicos, para que eles se sintam contemplados e satisfeitos com o lugar que será o novo lar deles e tenham condições de definir qual projeto melhor os atende”, explica Weslley.

As incorreções dos projetos e as insatisfações dos moradores serão apresentadas durante as oficinas, à Fundação Renova, que terá até o dia 2 de dezembro para realizar as correções e apresentar os resultados das determinações, que serão apreciadas em uma nova Assembleia Geral de Moradores.

Marcelo

Marcelo Freitas é redador-chefe do Bhaz

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