[Coluna do Orion] Maioria do PMDB mineiro envia carta a Jucá por aliança com o PT

Três dias após encontro com o presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), cinco dos seis deputados federais e cinco dos 13 estaduais do partido, além de dois membros da executiva mineira, protocolaram no diretório nacional, no dia 27 de outubro, ofício (veja abaixo a íntegra do documento)  no qual defendem aliança com o PT do governador Fernando Pimentel nas eleições de 2018. O documento foi recebido por Jucá no dia 31 e reafirmou a opção do grupo pela reedição da coligação, além de ignorar a tese da candidatura própria, defendida pelo presidente estadual e vice-governador Antônio Andrade e pelo pré-candidato a governador e deputado federal Rodrigo Pacheco, o único que não assinou o pedido.

Como feito na audiência do dia 24 passado, o grupo solicitou manifestação expressa de Jucá garantindo a liberdade de coligação sob o risco de haver debandada no partido, que, de acordo com o documento entregue, já houve migração de quadros para outros partidos “diante da instabilidade criada por Antônio Andrade”. Pacheco, igualmente, é citado como outro responsável pela mesma divergência.

Há desconfiança desse grupo, que é liderado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, um dos principais aliados do governo Pimentel, de que Antônio Andrade possa impedir a aliança com o PT por meio de intervenção do diretório nacional. Ao defender a reedição da aliança com o PT, Adalclever e aliados justificam que a coligação feita em 2014 trouxe bons resultados para o partido, como a eleição de um bom número de deputados com apenas 50 mil votos e a conquista de quatro secretarias no governo estadual. “Nós construímos juntos a eleição e o governo do governador Fernando Pimentel”, reforçou o secretário de Saúde, Sávio Souza Cruz (PMDB).

“Com essa aliança, poderemos ampliar as bancadas federal e estadual”, apontou o documento enviado a Jucá, advertindo ainda que, no ano passado, durante as eleições municipais, Andrade e Pacheco tentaram inviabilizar a unidade interna com decisões unilaterais. Para isso, citam duas situações, o apoio dado ao candidato derrotado para a Prefeitura de Belo Horizonte, o tucano João Leite, e a não recondução do presidente regional da Fundação Ulysses Guimarães, Ângelo Tadeu. “O partido e a fundação não são propriedade privada dele”, criticaram no documento, referindo-se a Andrade.

Além de Adalclever e Sávio, assinam o ofício a Jucá, os deputados estaduais Tadeu Leite, Vanderlei Miranda e João Magalhães e os federais Newton Cardoso Jr., Saraiva Felipe, Fábio Ramalho, Leonardo Quintão e Mauro Lopes. Da executiva, assinaram Newton Cardoso, ex-governador, e Ângelo Tadeu, ex-presidente regional da Fundação Ulysses Guimarães.

Ainda ontem, foi realizada reunião da executiva estadual, na qual esse grupo, que se diz majoritário, cobrou prestação de contas de Andrade. Durante o evento, foi lançado, pelo grupo de Adalclever, o nome do presidente do PMDB jovem e vice-presidente da Rede Minas, Felipe Piló, como pré-candidato ao Senado nas eleições do ano que vem.

Prefeitos pedem socorro a federais

Durante encontro com a bancada federal mineira, mais de 300 prefeitos mineiros gritaram por socorro para sair do vermelho e garantir o pagamento do 13º salário aos servidores no próximo mês. Hoje, 70% dos 853 municípios não têm como bancar a gratificação natalina, segundo a Associação Mineira de Municípios (AMM), que promoveu o encontro com deputados federais em Belo Horizonte.

Contra o aperto, reivindicam a edição de medida provisória, pelo governo federal, com apoio financeiro aos municípios no valor de R$ 4 bilhões. De acordo com o presidente da AMM e prefeito de Moema (Oeste), Julvan Lacerda, o evento foi tentativa de pressionar a bancada e viabilizar interlocução com a União para agilizar a municipalista no Congresso Nacional.Os deputados federais se comprometeram a apoiar o movimento.

“Temos dois opressores: o estado e o governo federal. Nossas receitas não cresceram e repasses estão atrasados”, afirmou Julvan Lacerda, que, pela manhã, reuniu-se com o governador Fernando Pimentel, para discutir o problema. Após o encontro, o governo mineiro anunciou o repasse, para esta terça (7), de R$ 378 milhões, referentes ao atraso do repasse do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) e uma parcela do transporte escolar. De acordo com Julvan Lacerda, ainda há pendência com o estado sobre os repasses na Saúde, no valor de R$ 2,5 bilhões.

PCdoB irrita PT com nome próprio a presidente

Mesmo com o feriadão (2 de novembro), os partidos se movimentaram na política partidária visando a sucessão presidencial. O PC do B anunciou a pré-candidatura presidencial de Manuela D’ávila, atual deputada estadual gaúcha. Se confirmada, será a primeira vez, desde 1989, que PCdoB e PT não fariam aliança no 1º turno. O PT reagiu mal, avaliando a decisão como um racha das esquerdas, fragilizando-a nesse momento grave da vida política nacional e em que seu principal líder, Lula da Silva, está condenado em primeira instância e ameaçado de não disputar as eleições.

Por outro lado, a estratégia de partidos menores, para cumprir a cláusula de desempenho, será investir em candidaturas próprias em cargos majoritários. As mudanças impostas na reforma política colocaram exigências muito elevadas para os partidos.

Também conhecida como cláusula de exclusão ou de barreira, a norma impede ou restringe o funcionamento parlamentar ao partido que não alcançar determinado percentual de votos, como fundo partidário e tempo de televisão. Para 2018, terão que ter ao menos 1,5% do total dos votos da eleição para a Câmara dos Deputados, distribuídos em ao menos 9 estados diferentes, e com pelo menos 1% dos votos de cada um desses estados.

Tucanos

Ao lançar sua candidatura à presidência do PSDB, para a convenção de 9 de dezembro, o senador Tasso Jereissati (CE) adiantou que irá cobrar a saída do partido do governo Michel Temer ainda no próximo mês. O governador de Goiás, Marconi Perillo, também já anunciou que vai concorrer à presidência.

Os planos de Tasso foram reforçados pela publicação do artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no jornal ‘O Globo’, em que ele defende o desembarque do governo Temer em dezembro. Para FH, mais importante do que o apoio a Temer é a unidade internas para as eleições de 2018.

O movimento tem o apoio do pré-candidato presidencial e governador paulista, Geraldo Alckmin. Seus aliados defendem distanciamento de Temer para que sua candidatura não fique carimbada como ‘governista’.

Carta enviada ao PMDB

(*) Jornalista político; leia mais no www.blogdoorion.com.br

Orion Teixeira[email protected]

Jornalista político, Orion Teixeira recorre à sua experiência, que inclui seis eleições presidenciais, seis estaduais e seis eleições municipais, e à cobertura do dia a dia para contar o que pensam e fazem os políticos, como agem, por que e pra quem.

É também autor do blog que leva seu nome (www.blogdoorion.com.br), comentarista político da TV Band Minas e da rádio Band News BH e apresentador do programa Pensamento Jurídico das TVs Justiça e Comunitária.

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