Servidores ocupam Câmara Municipal e agendam paralisação para esta quinta-feira

Faixas foram espalhadas pelos servidores do lado de fora da Câmara

Servidores de Belo Horizonte ocuparam as galerias da Câmara Municipal na tarde desta quarta-feira (8) em protesto contra o projeto de lei 378 que, após sofrer alteração em seu texto, retira alguns direitos da categoria. Como protesto, está marcada paralisação do funcionalismo público para esta quinta-feira (9).

Ao Bhaz, servidores da saúde relataram que passaram nos gabinetes de todos os vereadores, mas não conseguiram contato com a maioria deles. Steferson de Souza, que há 25 anos está na rede pública, contou que a resposta, na maioria das vezes, era a mesma: “O vereador não está presente”, disse. Dos que conseguiram contatar, Gabriel Azevedo (PHS) foi um dos únicos que afirmaram que votará contra o projeto. “Ele garantiu isso para nós, até porque ele é filho de professora aposentada da rede pública de ensino”, afirmou uma servidora.

“A única coisa que pedimos é para não retirarem nossos direitos. Foram anos de lutas para que agora o Alexandre Kalil venha com um projeto que pretende acabar com tudo que conquistamos”, disse Steferson. O sentimento da perda dos direitos é compartilhado por todos os servidores. Luiz Carlos, professor da rede pública da capital, lamenta que a prefeitura esteja apresentando um projeto tão prejudicial aos trabalhadores. “É triste vermos que nos últimos anos nossos governantes estão retirando nossos direitos. A venda das férias-prêmio é uma maneira que temos para conseguir um dinheiro extra, principalmente nesta fase tão difícil que temos passado”, desabafa o professor.

Entre os pontos do projeto que causam revolta está a não possibilidade da venda das férias-prêmio, a retirada do direito de licença remunerada de um mês para acompanhar pais, filhos e cônjuge e a concessão de quinquênios deixando de fora o tempo trabalhado em outros municípios, estados ou União.

Para pressionar os vereadores, servidores ocuparam ontem as galerias da Câmara Municipal (Maick Hannder/Bhaz)

Com a manifestação dos servidores nas galerias, muitos vereadores se retiram do plenário. Após proferir sua fala, o líder de governo, Léo Burguês (PSL), pediu recontagem do quórum, quando foi confirmado que o número de vereadores era insuficiente para prosseguimento da sessão legislativa. Com a suspensão, apenas Cida Falabela, Áurea Carolina e Gabriel Azevedo conversaram com os manifestantes.

Para a vereadora Áurea Carolina (PSOL), a presença dos servidores na Câmara é de grande valia, pois é um alerta ao Poder Executivo que os trabalhadores estão atentos àquilo que está acontecendo. “É preciso continuar lutando, pois são categorias que lutam há muitos anos. Esse projeto ameaça direitos que deviam estar assegurados. Infelizmente, na Câmara somos minoria e, provavelmente, o governo já acertou com a base, mas continuaremos na resistência. Essa ação da PBH faz parte de um contexto nacional de retirada de direitos dos trabalhadores. Esse projeto é nocivo para as categorias dos professores e servidores”, ressaltou a vereadora.

Após ocuparem as galerias da Câmara os servidores se concentraram do lado de fora para organizarem a paralisação marcada para amanhã. Ao som de “não tem sossego, você tira meu direito e eu tiro seu sossego”, eles marcaram para às 9h desta quinta uma manifestação na Praça da Estação.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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