Centenas mulheres se reuniram no fim da tarde desta segunda-feira (13) na Praça Sete, região central de Belo Horizonte, em manifestação contra a PEC 181, votada na última quarta-feira (8) na Câmara dos Deputados. A proposta criminaliza o aborto em qualquer circunstância.
O grupo de manifestantes levava faixas e cartazes contra a proposta que o movimento feminista apelidou como “Cavalo de Troia”. Isso porque, o trecho que abre brecha restrição do aborto foi incluído em uma PEC que discutia a ampliação da licença-maternidade para os casos de mães de bebês prematuros. A proposta gera revolta, pois os abortos que atualmente são legalizados no Brasil, seriam proibidos. São eles: em caso de estupro, risco de morte para a mãe e quando o bebê for anencéfalo.
A marcha seguiu até a Praça da Estação, também no centro. A manifestação mobilizou uma operação da BHTrans no local, pois, houve aumento no fluxo de trânsito de veículos na região durante a marcha. Já que a avenida Amazonas foi fechada, a partir da Praça Sete, no sentido Praça da Estação.
19h23 MANIFESTAÇÃO | Manifestantes em deslocamento para a Pça da Estação fecham a Av. Amazonas a partir da Pça Sete neste sentido.
— OficialBHTRANS (@OficialBHTRANS) 13 de novembro de 2017
19h35 PONTO DE RETENÇÃO | R. São Paulo com Av. Amazonas. https://t.co/qQDQxVPpGF
— OficialBHTRANS (@OficialBHTRANS) 13 de novembro de 2017
Contra a proposta
A manifestação acontece em pelo menos 31 cidades brasileiras. Os eventos no Facebook, que marcaram os protesto, levavam o nome de ‘Todas contra 18’. Fato em analogia aos 18 homens que votaram a favor da criminalização do aborto até em casos de estupro e risco de vida para a mulher.
Em BH, diversos grupos feministas puxaram a marcha de mulheres. Uma delas, a jovem estudante de história Camila Bahiense, de 23 anos. Ela, que também é diretora de jovens feministas da União da Juventude Socialista, diz que aborto é uma questão de saúde pública. “Não dá para aceitar que uma mulher leve adiante uma gravidez que é fruto de um abuso. O mesmo vale para uma gestação em que a mãe sabe que o filho não vai ter vida – anencéfalo. O que trouxe a gente para rua foi isso. Não vamos aceitar essas imposições vindas de grupos fundamentalistas que estão na política”, disse.
Representatividade
Quem também esteve presente no ato foi a vereadora de Belo Horizonte, Áurea Carolina (PSOL). “Essa PEC é um retrocesso e que tem a ver com avanço de grupos obscurantistas, ultraconservadores. Em sua maioria homens brancos e privilegiados que não têm compromisso com a agenda de direito das mulheres”.
A PEC foi votada como favorável na comissão por 18 homens e rejeitada por uma mulher. Questionada sobre a falta de representatividade da mulher na política, a vereadora mais votada da capital nas últimas eleições usou o caso como exemplo. “Esse caso é emblemático sobre a ausência da mulher e das nossas perspectivas na política. Nossas necessidades não são consideradas e homens, sem compromisso com a emancipação das mulheres vão acabar legislando sobre os nossos corpos. Isso é uma violência contra nós. Mais do que nossa presença,precisamos de reconhecimento das nossas pautas de luta. Falar da violência machista no debate público, só pode ser feito com mulheres levando suas experiências e histórias de vida”.
A pauta segue em discussão na Câmara. Entretanto, na última sexta-feira (10), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se manifestou em sua página no Facebook para falar sobre a polêmica aprovação do texto-base. “Proibir aborto no caso de estupro não vai passar na Câmara”, escreveu Maia.
Fotos
Confira as imagens registradas na manifestação.