A Prefeitura de Belo Horizonte anunciou, por meio de nota, que o Parque Municipal das Mangabeiras foi interditado novamente por risco de febre amarela. O espaço foi fechado nesta quinta-feira (30) e não previsão para que seja reaberto. A Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) informou que durante a semana três macacos foram encontrados mortos dentro da área do parque. A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) foi acionada para diagnóstico do local e identificação da causa de óbito.
“Como forma de trabalhar preventivamente e, em função do risco da presença de mosquito transmissor da febre amarela, a Prefeitura, por meio da SMSA, recomendou o fechamento temporário do parque, até que se concluam as análises, conforme nota técnica, que segue anexa, emitida pelo órgão nesta quinta-feira, dia 30 de novembro”, diz a PBH.
A SMSA reforça ainda a recomendação que todas as pessoas que ainda não se vacinaram contra Febre Amarela procurem um dos 152 Centros de Saúde para receber a vacina. A orientação é independente de as pessoas terem frequentado o Parque das Mangabeiras.
Nota técnica recomenta interdição
Confira a nota técnica na íntegra:
O Brasil conviveu com um surto de febre amarela silvestre a partir de dezembro de 2016, com 777 casos confirmados, 261 óbitos e 213 casos ainda sob investigação, segundo dados da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O Estado de Minas Gerais foi a unidade federada que registrou o maior número de casos e óbitos confirmados.
Naquele período, foram identificados em Belo Horizonte quatro Primatas Não Humanos – PNH com resultado positivo para Febre Amarela, evidenciando a circulação do vírus da febre amarela em ambientes de mata do município.
Essa situação levou a adoção de uma série de medidas pela Prefeitura de Belo Horizonte, que impediram a ocorrência de casos humanos no município. Somente no ano de 2017 foram vacinadas mais de 716.000 pessoas, alcançando uma cobertura vacinal de 83%.
Febre Amarela é uma das arboviroses com a maior taxa de letalidade, podendo alcançar 50% nos doentes graves.
O controle da febre amarela urbana é uma das maiores conquistas da saúde pública brasileira, sendo o último caso registrado em 1942. Contudo, a atual situação de infestação de Aedes aegypti, presente em mais de 4.000 municípios brasileiros e a comprovada circulação do vírus amarílico no ambiente silvestre aumenta o risco de casos humanos urbanos.
Tal risco é minimizado em grande parte pelo fato de se tratar de uma doença imunoprevenível. Porém, embora o número de vacinados em Belo Horizonte tenha sido muito elevado, ainda há parcela da população susceptível à doença, como aqueles que não se vacinaram, seja porque não procuraram os Centros de Saúde ou por se enquadrarem em algumas contraindicações, especialmente para imunossuprimidos e crianças menores de seis meses de idade, uma vez que a vacina para febre amarela é composta de vírus vivo atenuado, impedindo a sua aplicação nessas situações.
Para subsidiar a execução de medidas de prevenção e controle da doença pelo Poder público, existem indicadores analisados com frequência como, por exemplo:
- Ocorrência de epizootias de primatas não humanos (PNH);
- Cobertura vacinal;
- Índice de infestação por A. aegypti.
Devido a ocorrência da morte de três Primatas Não Humanos, nesta semana, no ambiente do Parque das Mangabeiras, sendo a principal suspeita a febre amarela, o município de Belo Horizonte vivencia novamente uma situação de alerta, mesmo ainda sem a confirmação laboratorial.
Diante dessa situação, medidas específicas recomendadas já estão sendo adotadas, destacando-se:
- Intensificação da vigilância epidemiológica de epizootias;
- Intensificação do controle vetorial nas áreas próximas à ocorrência de mortes de macacos;
Deste modo, enquanto não ocorrer o completo esclarecimento da causa das mortes destes três PNH é tecnicamente recomendada a interdição do Parque das Mangabeiras e suas adjacências, inclusive a área do Mirante, a partir desta data.