Hospital do Barreiro começa a funcionar com 100% da capacidade; mas recursos federais ainda faltam

Ao lado de Pimentel, Kalil entrega o Hospital do Barreiro funcionando em 100%

Após sete anos desde que começou a ser construído e após dois anos quando foi aberto parcialmente, o Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro, mais conhecido como Hospital do Barreiro, foi inaugurado, na manhã desta quinta-feira (14) com 100 % da capacidade para atendimento.  Entregue à população pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil,  com a presença do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e do secretário Nacional de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis Figueiredo, o pleno funcionamento da unidade é uma reivindicação antiga da população de Belo Horizonte e região.

O hospital conta com 460  leitos prontos para o atendimento integral e 16 salas de cirurgia. A expectativa é de que sejam realizados 20 mil atendimento por mês. Na unidade vão trabalhar, a partir de agora 2 mil profissionais, entre equipe de saúde e apoio, que será responsável por 2 mil internações mensais, mil cirurgias, e 20 mil exames de diagnóstico, como tomografia, colonoscopia, raio-x e ecocardiograma, entre outros. Com uma estrutura imponente que ocupa 46 mil metros quadrados, o prédio tem 13 andares e um heliponto, tornando-se o segundo maior hospital do Estado.

De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, o Hospital Metropolitano funcionará como unidade de retaguarda para a urgência e emergência clínica e cirúrgica e para Acidente Vascular Cerebral (AVC). Será também referência para a Rede-SUS e para o Estado nos atendimentos de alta complexidade em clínica médica, ortopedia, cirurgia geral, cirurgia vascular, neurocirurgia, neurologia e urologia.

Paciente é atendido nas dependências do Hospital Metropolitano, que deve receber também usuários de toda RMBH (Foto: Divulgação/PBH)

Hospital não pode ser procurado diretamente pelo cidadão

A unidade não funciona no sistema porta aberta, quando pode ser procurada diretamente pelo cidadão. O atendimento deverá ser referenciado por Upas, hospitais da rede pública e centros de saúde. Os leitos da unidade são gerenciados pela central de internação de Belo Horizonte.

Em seu discurso de inauguração, Kalil foi prático, indo direto ao assunto “Eu prometi que ia colocar o Hospital do Barreiro para funcionar. Ele está aberto”. Durante o discurso, ele aproveitou para pedir desculpas ao secretário nacional de Atenção à Saúde, Francisco Assis Figueiredo, que foi alvo de protestos durante sua fala. “Peço desculpas ao secretário pelos protestos, mas quero lembrar que não estou aqui preocupado com Lula ou Temer. Estou preocupado com o coração das pessoas”, completou, afirmando que é necessário um basta a dar dinheiro somente a Rio de Janeiro e São Paulo.

Na coletiva, realizada logo depois, o prefeito disse que não esperava que a vida pública lhe trouxesse alguma emoção diante das que ele já havia vivenciado ao longo dos anos. “Mas devo dizer que inaugurar esta unidade me deixa emocionado. Nós queremos fazer obras que o povo de Belo Horizonte sinta. Nós queremos fazer obras para o coração das pessoas. Porque para erguer estátua vamos erguer a do Juscelino, a do doutor Célio de Castro, homens importantes para esta cidade. Nós queremos é povoar. Nós queremos é vida. Queremos tratar de vidas, de gente, de pessoas. Então, transformamos o equipamento que era para os olhos em um equipamento que vai tratar de vida”, finalizou Kalil.

Durante a solenidade, o secretário de saúde municipal, Jackson Machado, afirmou que a abertura total dos leitos do hospital reduzirá em 35,6% o tempo de espera dos pacientes por internação nas Upas de Belo Horizonte. “Isso tem um impacto muito grande na saúde da cidade. Significa que nesta semana, nas Upas, nós teremos cerca de 80% menos pessoas aguardando por internação na cidade do que havia no primeiro semestre de 2017”, afirmou Machado.

Governo Federal e Estado garantiram recursos

Como é uma unidade 100% SUS, ela deverá ser financiada pelo regime tripartite: 50% da União, 25% do Estado e 25% da prefeitura. A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte estima que o custo mensal do Hospital Metropolitano será de R$ 21,8 milhões. Em novembro passado, o gasto chegou a R$ 14.473.192,93. Deste total, o governo Federal repassou apenas R$ 2.199.821, 87, bem abaixo dos 50% que cabe a União. Com o pleno funcionamento a partir de agora, a União deverá destinar à unidade R$ 11.995.418, 40.

Até a data de hoje, as portarias publicadas pelo Ministério da Saúde (MS) garantem apenas R$ 3.227.800,86 em repasses a serem realizados neste mês de dezembro. O secretário Nacional de Atenção à Saúde, Francisco Assis Figueiredo, disse, durante a coletiva para a imprensa, realizada após a solenidade de inauguração, que os repasses atingirão os 50%  de forma gradativa, à medida que os diversos serviços oferecidos na unidade sejam habilitados no Ministério da Saúde. “Como temos um hospital que está sendo inaugurado, a medida em que vai crescendo sua produção, a prefeitura vai encaminhando a documentação ao Ministério para habilitar e ter as verbas liberadas no mês subsequente”, explicou ele, dizendo que o hospital não terá problemas relacionado ao financiamento.

Representando o presidente Michel Temer e o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, Francisco Assis de Figueiredo enfrentou protestos. Ele foi chamado de golpista e ouviu gritos de “Fora Temer” durante a solenidade de inauguração realizada no auditório do hospital. Quando questionado sobre os protestos recebidos na solenidade, ele classificou-os “como sendo normais em um país perfeitamente democrático, como o Brasil”.

O governo do Estado também tem compromissos com 25% do financiamento da unidade e foram contemplados na resolução 5.991 assinada pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. Desta forma o Estado deverá repassar mensalmente R$ 5.319.587,50 para custear a unidade.

Conselheiros criam saia justa para autoridades

Antes da solenidade de entrega ser iniciada, membros do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH) estavam indignados do lado de fora do hospital, pois não teriam sido convidados pelo cerimonial da prefeitura para participar do evento. “A inauguração é uma vitória da administração do Kalil, mas também da luta popular. São anos de luta da comunidade, com várias reuniões, protestos, caminhadas e audiências públicas para abrir este hospital. Então, nada mais justo que celebrar este momento com a presença do povo”, comentou o presidente do CMSBH, o médico Bruno Pedralva. O conselheiro municipal e membro do conselho do Hospital Metropolitano, Reginaldo Alexandre Alves da Silva, informou que o convite foi feito para o dia 12 de dezembro, mas acabou cancelado. “Hoje seria uma inauguração para os políticos, parlamentares. Fico indignado com esta situação”.

O padre Dionísio do Carmo Silva, da paróquia Cristo Redentor do Barreiro, também era um dos que estavam no local, mas não foi convidado para a solenidade. “Isso é péssimo, porque virou um evento para os políticos e nós trabalhamos para a abertura desse espaço fundamental e muito desejado pela população.”

A vereadora Áurea Carolina também acompanhava no local o protesto dos conselheiros e lideranças comunitárias da região. “Eu vejo como um grande desrespeito, pois o hospital foi conquistado com muita luta do povo. Isso é uma afronta e sinaliza uma gestão distante da população. É inadmissível que o Conselho Municipal de Saúde, o próprio conselho do hospital e as comissões locais de saúde não participem da festa, já que tanto dedicaram suas forças à construção do local”, criticou.

Após os protestos, os conselheiros e os membros das comissões locais de saúde do Barreiro puderam assistir a solenidade no interior do hospital.

 

Jefferson Lorentz

Jeff Lorentz é jornalista e trabalhou como repórter de pautas especiais para o portal Bhaz.

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