Enquanto não for realizada a auditoria nos valores das tarifas de ônibus de Belo Horizonte, não haverá aumento no preço das passagens. O recado foi dado pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, ao presidente do Sindicado das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), Joel Jorge Pasqualin, em reunião realizada hoje pela manhã no gabinete do prefeito. “O reajuste é zero, pois a auditoria não foi feita. E, sem auditoria, o prefeito não vai fazer decreto de aumento de tarifa. Nós não somos capacho de ninguém”, afirmou Kalil.
A contratação da empresa que iria fazer a auditoria foi suspensa, no dia 10 de outubro último, devido a erros formais ocorridos no processo licitatório. Entretanto, segundo informou Kalil hoje, outra licitação está sendo preparada pela Prefeitura. “Colocaremos outro edital nas ruas”, disse o prefeito, em entrevista à imprensa realizada logo após o encerramento da reunião, que durou cerca de 30 minutos.
Insatisfeito com os rumos do processo, Joel Pasqualin disse que o sindicato irá buscar o melhor caminho para que as empresas façam valer seus direitos. Segundo ele, não está descartada a possibilidade de as empresas virem a reduzir o número de viagens devido à incapacidade de pagamento dos dois principais custos de operação do sistema: pagamento de salários e compra de óleo diesel.
Pasqualin explicou que para recompor os custos, será necessário um aumento de 10,5%; porém, como não houve a realização da auditoria no preço das passagens, prevista para ocorrer de quatro em quatro anos, um reajuste de 6% cobriria as despesas com estes dois insumos: salários e óleo diesel e propiciaria um alívio imediato. Ele reclamou, também, dos gastos adicionais que as empresas estão tendo com a compra de novos ônibus, que têm ar condicionado e suspensão a ar e custam cerca de R$ 100 mil a mais que os convencionais.
“O reajuste já está previsto em contrato”, ressaltou o presidente do Setra-BH. Kalil disse que não se importava com as queixas dos empresários. “Que os empresários procurem seus direitos. O problema da empresa é deles.”
Prefeito mudou de postura
A decisão de Kalil significa uma mudança de postura dele em relação ao aumento. Isso porque, conforme apurou o Bhaz, a concessão do aumento havia sido acertada entre o prefeito e os empresários, em reunião realizada também na prefeitura, na semana passada. O que ficou combinado era que os empresários pediriam um percentual maior que o necessário para a recomposição das gastos – 10,5%; em seguida, o prefeito diria que o valor pedido não seria dado, mas um percentual menor, sim, tendo sido acertado um aumento que corresponderia a aproximadamente a metade do que estava sendo reivindicado pelos empresários.
Com as críticas que vinha recebendo nas redes sociais nos últimos dias por estar, aparentemente, abandonando uma de suas principais bandeiras de campanha – a não concessão de qualquer aumento nas tarifas enquanto não fosse realizada a auditoria nos valores das tarifas –, Kalil voltou atrás e, hoje pela manhã, retomou a bandeira da abertura da “caixa-preta da BTrans”.
