Como uma fake news disseminou o ódio e levou a Virada Cultural a censurar uma performance trans

Ilustração: Academia TransLiterária


Por Cida Falabella, vereadora pelas Muitas/PSOL-MG

Desde ontem, vereadores e movimentos fundamentalistas têm incitado a população contra a performance “Coroação de Nossa Senhora das Travestis”, que a Academia Transliterária faria na Virada Cultural, com a narrativa de que se trata de uma blasfêmia, um desrespeito à fé católica e à figura de Maria. Eu já assisti ao espetáculo e, como devota de Nossa Senhora Aparecida, me emocionei.

A cena em nada desrespeita Maria, pelo contrário, trata-se de uma homenagem à mãe que em sua bondade e amor infinitos é capaz de acolher, oferecer o colo, conformar-se em território seguro para essas mulheres discriminadas e despojadas de direitos no país que mata travestis como se fossem nada.

Repito: eu assisti ao espetáculo. Quantas das pessoas tão indignadas das redes sociais também o fizeram? “Vamos queimar vocês, meter bala, jogar ácido” são algumas das ameaças que o grupo recebeu.

Por trás da suposta indignação com o uso da figura de Nossa Senhora, está a disputa política que começa a se desenhar para as eleições de 2020. A direita fundamentalista pretende conquistar a prefeitura da cidade e vem se dedicando a desgastar a figura do atual prefeito. Dessa vez, a Igreja Católica e a própria Arquidiocese caíram na onda da FAKE NEWS, da boataria!

Infelizmente, a Prefeitura de Belo Horizonte e a Secretaria Municipal de Cultura cederam à pressão fundamentalista e optaram por censurar a performance que, vale dizer, foi selecionada por meio de um edital público para compor a programação da Virada. Para além de um ato transfóbico e de um ataque frontal às artes, à cultura, à democracia e à diversidade, trata-se de uma total agressão à história do evento.

Estamos acompanhando de perto os desdobramentos do caso e dando o suporte ao grupo, inclusive no que tange às ações diante das ameaças. Reforçamos nossa solidariedade à Academia Transliterária, nosso compromisso com o combate à transfobia e com a Cultura Viva da cidade, e nosso profundo respeito ao sagrado de todas as religiões.

Gabinetona[email protected]

A Gabinetona é um mandato coletivo construído por quatro parlamentares em três esferas do Legislativo. É representada pelas vereadoras Cida Falabella e Bella Gonçalves na Câmara Municipal de Belo Horizonte, pela deputada estadual Andréia de Jesus na Assembleia Legislativa de Minas Gerais e pela deputada federal Áurea Carolina na Câmara dos Deputados, em Brasília.

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