Os belo-horizontinos foram surpreendidos na noite dessa segunda-feira (12) por uma carcaça de avião transitando em uma das vias mais movimentadas da região da Pampulha, a avenida Portugal. Desde então, não se fala em outro assunto em BH a não ser o tal avião. E, para matar de vez a curiosidade, o BHAZ descobriu detalhes sobre a carcaça.
Um acidente entre a aeronave desativada e o trator que a transportava na noite dessa segunda aumentou ainda mais a curiosidade, a criatividade e a desinformação entre os moradores da capital. Houve quem espalhou a falsa notícia de que um avião havia caído na avenida.
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Entretanto, nesta terça-feira (13), o fragmento amanheceu na rua Hildebrando, no bairro Copacabana, ainda despertando a curiosidade de moradores da região e de quem passava pelo local. Todos querem saber: Quem é o dono? De onde vem? Para onde vai?
Pois o BHAZ responde (ao menos parte dessas dúvidas) pra você. Confira aqui!
Apuramos com um especialista em aeronaves, que não quis ser identificado, que a carcaça é de um modelo ATR-72, aeronave de médio porte, com motor turboélice e com capacidade de levar em média 70 passageiros. Um avião indicado para viagens domésticas.
A aeronave compunha a frota da empresa Flyways Linhas Aéreas, empresa do Rio de Janeiro que operou no Aeroporto da Pampulha entre dezembro de 2015 a março de 2017, com dois aviões ATR-72.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a aeronave (ou o que restou dela) que está sendo transportada pelas ruas da capital é um ATR-72-202, fabricado pela empresa francesa Aerospatiale, em 1994. Esse avião pode custar até algo na casa dos R$ 100 milhões.
A Flyways operava em BH com voos para o Rio de Janeiro, Uberaba (no Triângulo Mineiro) e Ipatinga (na Vale do Aço). Em março de 2017, a Anac suspendeu o Certificado de Operador Aéreo (COA) da empresa e, com isso, ela foi impedida de voar.
Por fim, em maio de 2019, a diretoria da Anac resolveu extinguir a concessão para exploração de serviço de transporte aéreo público regular de passageiros e cargas da Flyways. Desta forma, decretando o fim da empresa no Brasil.
A Flyways, então, vendeu a avião para a MAP Linhas Aéreas, que opera no Amazonas e Pará. O BHAZ entrou em contato com empresa, que explicou que a aeronave foi revendida e será desmontada.
“O avião, hoje, é de propriedade da empresa Regional, com sede em Fort Lauderdale, nos Estados Unidos. As partes do avião foram vendidas a essa companhia pela MAP Linhas Aéreas”, disse a MAP.
O transporte
Segundo a BHTrans, na segunda-feira (5), uma pessoa física procurou a autarquia pedindo o transporte da carcaça da aeronave da rua Doutor Natalino Triginelli, nas redondezas do Aeroporto da Pampulha, para a rua Brasil, local exato onde a aeronave amanheceu estacionada nesta manhã. Ainda de acordo com a empresa que administra o trânsito da capital, o local “trata-se de um galpão onde a aeronave será desmontada”.
Sempre segundo a autarquia, durante a operação de escolta da carcaça foram empenhadas quatro viaturas, duas viaturas à frente e duas na retaguarda, com uma dupla de agentes em cada uma.
O comboio foi montado para ajudar na baliza da carcaça e “garantir a segurança de veículos e pedestres ao longo do deslocamento, já sabendo de antemão que a velocidade máxima desenvolvida pelo comboio seria de 20 Km/h”, diz a BHTrans.
A empresa que monitora o trânsito de BH acrescenta ainda que o objetivo era “auxiliar nas manobras, impedir e liberar o trânsito quando necessário e executar os desvios afim de garantir menor transtorno aos usuários das vias afetadas”, conclui.
Durante toda esta terça-feira, em especial na manhã, o avião tornou-se um verdadeiro atrativo. Crianças da Escola Municipal José Madureira Horta, que fica a cerca de 500 metros de onde a carcaça ficou estacionada, não falavam de outra coisa se não o tal do avião.
“Trouxe meus dois filhos e dois coleguinhas de escola deles. Virou assunto na escola, eles que me falaram que era aqui onde estava o famoso avião. Virou assunto da escola”, afirmou a mãe Lucimar, preocupada em não perder de vista os quatro meninos empolgados em ver a carcaça de pertinho. “Só vou tirar foto e ir embora”.
“Tinha tudo aqui, helicóptero, tinha reportagem. Agora tem poucas pessoas, mas estava lotado mesmo”, afirmou a dona de casa Cardiene ao BHAZ, que mora ao lado do ponto onde foi deixado o avião, por volta das 12h. “Tem que tirar esse trem daqui hoje, está atrapalhando os carros”, complementou.
Teve até morador que chegou um tanto alcoolizado em casa, de madrugada, e “achou” que tinha aterrissado com o avião. Confira essa (deliciosa) história aqui.