Após ataques racistas, Real Madrid denuncia crime de ódio contra Vini Jr. ao MP espanhol

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Jogador do time espanhol publicou relato no qual condena a falta de atitude da La Liga (Reprodução/Redes sociais)

O Real Madrid fez uma denúncia ao Ministério Público espanhol sobre os ataques racistas contra o jogador Vini Jr. Nesse domingo (21), durante partida contra o Valencia, no estádio Mastella, ele foi, mais uma vez, vítima de ódio por torcedores rivais que o chamaram de “macaco”.

A partida chegou a ser interrompida. O atacante ainda foi expulso após ser agredido por um jogador adversário. Nas redes sociais, ele se pronunciou sobre o ocorrido, relembrou que não é a primeira vez que sofre racismo em campo e deixou seu futuro na Europa em aberto.

“Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas”, criticou.

“Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui”, decretou o jogador.

Em nota de repúdio sobre o caso, o Real Madrid informou que “considera que tais ataques também constituem um crime de ódio”. Desse modo, apresentou uma denúncia sobre o caso à Procuradoria-Geral do estado para dar início a investigações.

Vini Jr. rebate presidente da liga

Com as críticas que o atleta teceu à La Liga, o presidente da divisão espanhola reagiu. Publicando um vídeo em que Vini Jr. agradece pelo combate ao racismo, Javier Tebas Medrano escreveu: “Já que quem deveria não te explica o que a La Liga pode fazer nos casos de racismo, nós tentamos te explicar, mas você não apareceu em nenhuma das duas datas combinadas que você mesmo solicitou”.

“Antes de criticar e insultar La Liga, é necessário que você se informe adequadamente. Não se deixe manipular e certifique-se de compreender plenamente as competências de cada um e o trabalho que temos feito juntos”, finalizou.

Vini Jr. prontamente respondeu, ganhando apoio de fãs e outras presonalidades, dentro e fora do esporte. “Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições. Hashtag não me comove”, criticou.

Reprodução/Twitter

Crime racial no Brasil

No Brasil, de acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é classificada como crime de racismo – previsto na Lei n. 7.716/1989 – toda conduta discriminatória contra “um grupo ou coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”.

A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, negar ou obstar emprego em empresa privada, além de induzir e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.

Já a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica, também é crime. Trata-se de injúria racial, crime associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima.

É o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos.

Quem comete injúria racial pode pegar pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la.

Em outubro de 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de injúria racial também deve ser declarado imprescritível e inafiançável, assim como o crime de racismo.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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