Atuando de forma independente, a cena cultural do hip hop em Belo Horizonte tem construído um legado que promete fazer parte da história da cidade. Há alguns anos, coletivos como o Família de Rua têm se dedicado a promover na capital mineira eventos que sejam fidedignos à cultura urbana.
Nesse âmbito, os quatro elementos do hip hop estão sempre presentes nas galerias e nos palcos de rua da cidade. Contudo, além do break, grafite, dj e mc, há mais um elemento que tem contribuído de forma positiva e consistente para a cultura hip hop em BH: a fotografia.
Fotografar já se tornou parte do dia a dia do ser humano, entretanto, para a captura de registros singulares, é preciso um olhar sensível às emoções. E é exatamente isso o que tem feito o fotógrafo Pablo Bernardo… Eternizado a história de uma cultura. Esses registros acabaram se tornando uma exposição na qual 18 fotos retratarão os últimos 4 anos da cena cultural do hip hop em BH.
O fotógrafo
Pablo tem 27 anos e, além de fotógrafo, é video maker e autodidata. Com a proposta de agregar valor aos eventos culturais independentes da capital mineira, o jovem decidiu, por conta própria, ser responsável por esses retratos urbanos. Assim, ele acabou tornando-se o fotógrafo oficial do Duelo de Mc’s, evento que acontece quinzenalmente no Viaduto Sta. Tereza.
Em entrevista à Cultura de Rua, Pablo diz ter se encantado com a cena do movimento hip hop em BH, “Achei muito diferente de tudo o que eu tinha feito antes. A integração era muito maior, galera muito mais unida, outra energia. Não é aquela coisa “banda e público”. No hip hop é totalmente diferente, é todo mundo junto. O público participa do show e é uma coisa só no fim das contas”.
Morador de Ibirité, o artista, que trabalhava 44 horas semanais como auxiliar administrativo em uma empresa de engenharia, se deslocava aos fins de semana para a capital para cobrir os eventos independentes que aconteciam pela cidade. Assim, ele acabou criando a Indie BH, canal de divulgação e cobertura de eventos culturais independentes.
Todo o trabalho do fotógrafo é feito de forma autônoma e 70% de suas coberturas fotográficas e de vídeo são feitas gratuitamente “Eu gosto de fazer para apoiar as pessoas”, conta Pablo, que diz se dedicar aos eventos culturais independentes por considerá-los “verdadeiros”. “Se tem dinheiro, beleza, vamos fazer. Se não tem, vamos fazer também”.
A exposição
Todo artista anseia a exposição de sua obra, exceto Pablo. O fotógrafo considera mais importante a intenção por trás do trabalho do que a repercussão que ele pode tomar. “Eu tento não me apegar muito à nada para tentar fugir do ego”, confessa.
A ideia de expor os registros de Pablo ao longo desses quatro anos foi de seu amigo Victor Luciano, produtor cultural do Palco Hip Hop. “A gente sentia a necessidade de ter um registro do Pablo. Ele se interagiu muito bem, abraçou toda a cultura da cidade, não tem nenhum artista local que não conheça o trabalho do Pablo ou não queira trabalhar com ele”, conta.
A exposição faz parte do projeto de mostra de artes visuais do SESC Desportivo. A proposta é ampliar o conhecimento sobre a cultura hip hop, alcançando principalmente o público que não participa do movimento. Daí a escolha do nome: Meu Hip Hop é Coletivo. “A gente queria um nome que fosse chamativo para o público externo, o público de fora da cultura, para que essas pessoas conheçam esse trabalho através da exposição”, explica Victor.
A seleção das fotos foi um desafio para Pablo. Seu arsenal fotográfico ultrapassa as 14.673 fotografias e 439 álbuns armazenados em seu Flickr, onde guarda seus registros. “Tentei selecionar as fotos que contemplassem a cultura hip hop no geral, captando também as emoções. O que é difícil pois é um tempo grande de 2012 até 2016”, diz o fotógrafo.
Os interessados podem conferir pessoalmente o trabalho do fotógrafo no SESC Desportivo (R. Teófilo Otoni, 433, Carlos Prates). A exposição é gratuita e acontece até o dia 24 de julho. Mais informações no evento no Facebook.
