[Bhaz nas Eleições 2016] Entrevista João Leite

Confira a transcrição do que falou João Leite (PSDB) nas Entrevistas Bhaz dos Candidatos à PBH 2016.

Thiago Ricci: Na última semana, um motorista do Uber foi esfaqueado em um briga com taxistas. Houve uma tentativa de regulamentação da gestão atual que não vingou e o transporte está funcionando sustentado em liminar. SP chegou a conclusão que precisava regulamentar. Qual sua visão?

João Leite: Trabalhar com todo cuidado essa questão. Temos algo que é importante que é a liberdade de empreender, de investir, especialmente neste capítulo, que é um capítulo complicado em Belo Horizonte, o da mobilidade urbana. Então nós podemos gerar muito mais oportunidade para as pessoas se movimentarem em Belo Horizonte, se tivermos mais opções. O Uber hoje é uma opção que não tem mais volta, ele irá continuar. Agora, nós temos que fazer isso num ambiente diferente do que está hoje. A coisa está muito acirrada. Eu ando pelas ruas e é quase um ataque das pessoas querendo saber o que você vai fazer. E é algo que extrapola um pouco até o poder do prefeito. É algo que já está judicializado. E se for acompanhada a Constituição, a Constituição determina a liberdade de empreender, de movimento. Nós vamos viver efetivamente em outro mundo, né gente? Não um mundo mais com regulamentação com tantas regras. Essa liberdade tem que vir inclusive no transporte. Nós temos duas coisas que foram acontecendo com os táxis que nós temos agora a resolver. Pessoas que detém diversas placas. Nós acompanhamos um verdadeiros empresários do transporte de táxi, que explora outros. Temos a oportunidade viva agora de adotar o que veio com vocês jovens, que é a oportunidade de empreender, de investir, e eu como prefeito de Belo Horizonte garantirei essa liberdade no município.

Maira Monteiro: A PBH abortou o projeto de implantação do “Circuito de Esportes Radicais” debaixo do viaduto Santa Tereza. A Sudecap alega, nesse sentido, a necessidade que rever as planilhas do projeto, garantindo que as obras seriam retomadas neste semestre. Considerando a falta de espaço na capital para prática do skate, BMX e outros esportes radicais, importantes para tirar o jovem da criminalidade e focá-los no esporte, gostaria de saber se o senhor tem conhecimento do projeto e se pretende tirá-lo do papel?

João Leite: O viaduto Santa Tereza é muito importante. Eu que nasci em Belo Horizonte atravessei o viaduto Santa Tereza de bonde. A gente tinha ali o abrigo do bonde, onde hoje é uma feira de flores. A gente pegava o bonde ali e era um… Esse é o sonho que eu tenho. Inclusive fazer o circuito do bonde voltar ali, atravessar o viaduto Santa Tereza, passar pela rua do Sapucaí e descer o viaduto do Floresta. Esse era um percurso que ele fazia. Não está muito dentro do assunto, mas lembrar que BH já teve 78km de linhas de bonde. O viaduto Santa Tereza é uma marca de BH, não é a marca que eu mais gosto. Que eu mais gosto é a Serra do Curral. Sou apaixonado, sou atraído pela Serra do Curral. Às vezes estou em outra cidade e fico procurando onde está a Serra do Curral, onde tem uma montanha para a gente ver. Eu vou realizar uma gestão em BH de liberdade. Sou apaixonado de ver esportes radicais, não quero fazer… O máximo que sai do chão foram alguns metros para fazer uma ponte como goleiro. O pessoal mais radical tem muita coragem. Mas é possível fazer isso num lugar tão bonito como aquele, aproveitar bem. Inclusive jogar essa imagem para o mundo inteiro: cultura, esporte radical. Belo Horizonte tem vocação para essas coisas, os montanheses são radicais.

Thiago Ricci: Deixa eu só aproveitar. Conta de forma objetiva um pouco desse projeto. O senhor pretende implantar um bonde?

João Leite: Nós vamos ter um bonde. Olha eu tenho várias ideias. Alguns não sabem se é possível implantar. Mas eu sou corajoso para essas coisas. Mas eu quero uma parceria, uma PPP, vamos buscar. Não é algo difícil, é um veículo leve. O bonde é um veículo leve. Gente, uma das cenas mais impressionantes é a comemoração dos 60 anos de Israel, que sai um bonde ultramoderno de uma cidade que tem mais de 3 mil anos que é Jerusalém. Sai aquele bonde de dentro da cidade, aquele bonde moderno, bonito. Eu não imagino que seja um bonde moderno que nós vamos fazer ali, mas quero, por exemplo, que a rua Sapucaí seja um lugar de cultura, de história. Eu sou autor da lei estadual que determina a preservação do patrimônio histórico e cultural da rede ferroviária. Onde tiver uma estação, uma linha de trem, uma oficina. Belo Horizonte não é uma cidade histórica mas tem seus sítios históricos. O viaduto do Santa Tereza é um sítio histórico, a rua Sapucaí é um sítio histórico, o viaduto da Floresta é um sítio histórico, as oficinas da rede ferroviária, a casa do Conde, não é? Não sei porque permitiram a construção de alguns equipamentos ali que não tem nada a ver com o sítio histórico, que tinha que ter sido preservado. Então, o meu sonho é esse: bonde passando e revivendo a BH da Sapucaí, com bares, restaurantes, fechamento da rua Sapucaí para acontecer esses eventos. Eu sonho também com veículo leve sob trilhos saindo do Belvedere, em uma estação no Belvedere em direção ao Inhotim. É um sonho mesmo, uma PPP. Hoje Inhotim é um espetáculo mas é difícil chegar lá, um VLT chegaria em Inhotim, teríamos uma estação, uma atração de muitas pessoas que querem ir ao Inhotim, mas se cansam em estradas estreitas e difíceis de chegaram em Inhotim. Por que não de trem, por que não sobre VLT? Vocês sabiam que as ONGs que defendem patrimônio do trem já revitalizaram vários vagões do trem de Prata. Vocês são muito novos, o trem de Prata era o trem Vera Cruz, que saia do BH e ao RJ. Já estão recuperados esses vagões, e que podem fazer essa linha. Eu tenho muitos sonhos para BH.

Guilherme Scarpellini: É só olhar as estatísticas para ver o fracasso da política de repressão às drogas. Inclusive, um dos ícones do seu partido, o presidente Fernando Henrique Cardoso, defende uma revisão na política de combate às drogas no Brasil. O que o senhor pretende fazer, em conjunto com o Governo Estadual, para reduzir a criminalidade e mortes em razão do tráfico nas vilas e aglomerados de Belo Horizonte.

João Leite: Eu discordo completamente do presidente Fernando Henrique Cardoso, por quem tenho grande admiração. A experiência de outros países mostra que é equivocada com essa liberação. Eu como atleta fui várias vezes à Amsterdã, à Alemanha, à fronteira da Alemanha, que não são fronteiras mais, com a Holanda. E nós não temos ali um problema moral, temos um problema social e de saúde. Eu não quero ver a perda dos jovens para as drogas. Nós temos uma situação de praticamente 80% dos crimes que acontecem em BH e MG estão ligados ao tráfico de drogas. Por que temos tráfico de drogas? Porque temos grande demanda. Eu tenho experiência desde 1995, liderando a Segurança Pública no Estado de Minas Gerais. Ver hoje acerto. “Ah, se vocês tirarem este jovem e levá-lo para ser tratado, nós não vamos matá-lo”. Os traficantes conversarem isso com a área médica. Isso é muito triste o que está acontecendo em BH. O que nós vamos fazer mais? Continuar prendendo? Jovens, usuários, que carregam a sua droga, ou vamos tratá-los, fazer redução de danos? Vamos fazer redução de danos. Eu presidi o Fórum Nacional das Comissões de Segurança Pública. Eu fui à fronteira amazônica, fui à fronteira com a Bolívia, com Paraguai, fui à tríplice fronteira. Fui conhecer a tristeza que é isso. No Facebook, a gente entra e tem as mães da fronteira. Elas vivem na fronteira com a Bolívia, naquelas cidades. Os filhos foram sequestrados, mortos, o carro dos filhos dela foi trocado por cocaína e legalizado na Bolívia por 3 mil dólares. E elas criaram essa associação para lutar contra o tráfico. É muito triste, e o Brasil até recentemente, tinha um acerto com a Bolívia, esses carros entram e saem do Brasil, mas o Brasil não faz nada contra a Bolívia, que legaliza carros que foram trocados pela morte de jovens. Algo triste que está acontecendo em nosso país. Vamos trabalhar com a redução e danos, vamos tratar o usuário e o dependente.

Raquel Alice: Em que consiste o Centro de Referência do Professor, que o senhor promete instituir caso seja eleito, e como poderá contribuir para melhorar os índices da educação em Belo Horizonte.

João Leite: Eu penso muito que precisamos mudar o nosso currículo, a nossa grade curricular. Isso só pode ser feito com a capacitação dos nossos professores. Eu estou vendo vocês aqui, gerando tantos empregos, em um mundo tão distante da maioria de nossos jovens, eles não vão aprender isso na escola com o currículo que nós temos hoje. Nós queremos preparar os professores para que os professores possam preparar os jovens para esse mundo, o mundo tecnológico que temos hoje. Esse mundo tecnológico ele está ligado a essa área que vocês trabalham, a comunicação, mas está na moda também. Você pode trabalhar a moda com a tecnologia. Você pode trabalhar a moda com a culinária, com a cultura. Você precisa da tecnologia para tudo isso. Só que a escola não ensina, não dá oportunidade para os nossos jovens. Nós queremos capacitar os professores. O Centro de Referência dos Professores dará essa oportunidade, para que esses professores possam trabalhar esse novo mundo, que é o mundo tecnológico. Eu tenho uma visão, por exemplo, de tornar a prefeitura de BH em uma grande start-up. Eu quero os jovens dentro da prefeitura, buscando soluções para os problemas da prefeitura. Gente, hoje tem repartição da prefeitura que anota coisa no papel ainda. Isso é impossível para vocês, né? Vocês não podem nem imaginar uma coisa dessa, mas nós temos. Então eu quero usar os nossos cérebros, que estão indo embora. BH está perdendo cérebros, está perdendo vocês, os jovens, tem um momento que desanimam e vão embora. Eu quero manter esses cérebros aqui e eles buscarem soluções. Eu tenho chamado de governança criativa, uma nova governança na prefeitura. Eu tenho falado em marcar exame por telefone. Tem pessoas que querem me apedrejar: “Isso é impossível”. Eu falo: claro que é possível, todo mundo pode resolver alguma coisa pelo celular hoje. Não é outro mundo não, gente. As pessoas têm até medo de chegar perto disso que vocês estão mexendo aqui e que vocês lidam com maior tranquilidade. Eu sonho com uma governança criativa na prefeitura de BH.

Thiago Ricci: A imprensa tem um papel fundamental na democracia. Sempre tivemos uma imprensa escrita forte, com Estado de Minas e Hoje em Dia. Atualmente, o Hoje em Dia foi vendido a um grupo de Montes Claros, cortou metade da redação e deu um calote nesses funcionários. O EM não consegue cumprir decisões judiciais. Qual sua visão?

João Leite: Nós temos uma mudança. É o que está acontecendo. Nós estamos falando sobre a governança da prefeitura, nós estamos falando também em comunicação. Nós todos temos que nos adaptar. Eu quero ser prefeito de BH, eu tenho que me adaptar. Não dá para eu chegar na prefeitura de BH e ficar anotando recadinho em papel. Acabou, não dá para eu ter uma comunicação na prefeitura de BH que não entenda que nós estamos em outros tempo. Que a comunicação se dá aqui, que a comunicação se dá via internet e que a gente respeita muito todos esses veículos, que fizeram a marca, eles têm respeito, mas há uma mudança agora, eu não quero perder esse tempo não. Eu serei um prefeito que irá entender esse momento e nós vamos apoiar a partir da prefeitura o desenvolvimento de BH. A tecnologia, o mundo é outro, muito pouca coisa escrita, as coisas estão aí no ar comunicando permanentemente, eu não vou perder esse tempo da história não.

Maira Monteiro? Armar toda a Guarda Municipal é a solução para conter a violência em BH?

João Leite: Armar a Guarda Municipal não é solução. A solução é colocar a Guarda Municipal nas ruas, qualificada e capacitada. Eu sou filho de policial. A minha primeira lembrança de vida foi meu pai colocar a farda dele. Já existia Guarda Civil em MG. Meu pai era um guarda civil, um guarda de rua, que deixou um legado para mim. Meu pai falava sempre: “Segurança pública é uniforme; é farda na rua. E dialogando permanentemente com a população. Meu pai foi guarda de um tempo que ele conhecia o avô, o bisavô, o pai daquele jovem, dialogava com ele. Tinha conhecimento da cidade de BH. É isso que eu quero fazer. Quero dar segurança para as pessoas com a presença dessa Guarda Municipal que é uma Guarda Civil, ela não é uma Guarda Militar. Ela é uma Guarda Civil, que vai dialogar, que vai fazer prevenção permanentemente. Ao mesmo tempo eu não posso deixar um Guarda Municipal nas ruas enquanto eu temos crime organizado, gente armada. Eu não vou colocá-los nas ruas sem nenhuma possibilidade de defesa. Não é uma defesa contra o cidadão que é morador de rua, ou usuário, um dependente. Não. Contra um criminoso. Agora, a presença dele é uma presença preventiva para evitar o cometimento de crimes e para que seja visual. As lojas, quem passa pelo Centro, pela Savassi, pelos bairros terá a presença da Guarda Municipal.

Maira Monteiro: Uma das suas críticas sobre a atual gestão é de que a população estaria desamparada. Na área da saúde, o senhor afirma que o cidadão só é atendido quando está em um estágio avançado de uma determinada doença. No entanto, na saúde preventiva, que o senhor tanto defende, a celeridade na emissão de exames é algo primordial, o que não ocorre. A emissão de exames especializados pode demorar meses, como o senhor tem apontado. Como reverter esse quadro?

João Leite: O município tem todas as condições de resolver. No diagnóstico que fizemos, BH gasta até mais na Saúde do que a Constituição determina. Mas eu considero que gasta mal. Gasta-se 58% com internação e cirurgia e apenas 5% com prevenção. Prevenção é isso que você colocou muito bem: exames. Como é que você vai saber o que a pessoa tem se demora 2 meses o exame. Se uma consulta com médico especializado demora 2 meses, a pessoa fica esperando. Quando ela chegar no médico ou chegar o exame ela tem que ser internada, tem que ir para uma cirurgia. Eu tenho ido nas Unidades Básicas de Saúde, eu tenho conversado com as mulheres. E aí eu pergunto: “e aí, você veio aqui por quê?” “Há, tenho pressão alta”. Duas eu vi em uma unidade. Aí o quê que eu faço? Vou imediatamente em uma farmácia da unidade. “Tem remédio para pressão alta?” “Estamos sem remédio”. Então aquela mulher voltará para a casa com a pressão alta. Eu sempre uso o exemplo da minha mãe. Minha mãe teve cinco filhos e o mais novo, quando nasceu, minha mãe ficou hipertensa, aos 38 anos de idade. Minha mãe está com 84 anos. Ela vai viver muito mais, porque ela toma o remédio todos os dias. Se não tomar o remédio, vem o acidente vascular, vai ser internado, tem que passar por cirurgia, fica sequelado. É muito caro. Isso vale para o diabético também. Falta a fita para medir a glicose, falta o glicosímetro. O que que vai acontecer? Internação e amputação. Tireoide. É muito triste o que está acontecendo. A gente podia resolver — você falou bem — a gente podia resolver esse problema na prevenção. Outra coisa importante é a promoção à saúde. Nós temos várias coisas esquisitas em BH que precisam mudar, não é? Eu vejo, às vezes, médicos que têm falado comigo sobre pessoas que estão em fundo de vale em BH caminhando. No meio do CO2. Estão aspirando todo aquele veneno. A promoção à saúde é você caminhar em um lugar, no Parque Municipal, das Mangabeiras, JK, lugares que você não tem uma liberação tão grande de Co2 e vai fazer bem para você. Essas orientações estão todas na promoção da saúde mas especialmente algo que você marcou muito: a prevenção. Nós estamos gastando muito quando a pessoa está doente mas às vezes vamos gastar muito mais dinheiro se déssemos a ela o remédio de pressão alta.

Thiago Ricci: Como o senhor está trabalhando para desvincular a sua campanha dos problemas que o PSDB enfrenta no âmbito de investigações judiciais, a exemplo do caso Hidroex, que levou à prisão o ex-presidente do seu partido, Narcio Rodrigues.

João Leite: Olha, todos nós, na vida pública, temos que estar prontos para responder questionamentos. Isso é obrigatório na vida pública. A gente coloca o nome da gente, as pessoas confiam, votam em nós, e qualquer deslize que cometermos, qualquer entendimento da população ou desconfiança, nós temos que explicar. Depois que a gente passa, no meu caso, por exemplo, seis mandatos de deputado, não sei quantas campanhas eleitorais que você disputa, secretário de Estado, todo momento você tem que ficar dando explicações. E é assim mesmo. Então o presidente Narcio tem que dar as explicações dele, eu permanentemente. O tempo todo eu dou explicações da minha vida para as pessoas. É assim mesmo. É como um controle. É como uma auditagem no processo. Nós vamos sempre ser auditados. E a obrigação nossa contar isso. Eu sonho com o país parlamentarista. Porque, eu questionado, vem um voto de desconfiança contra mim, cai o parlamento inteiro e vem novas eleições. Os países democratas de maior sucesso são pais parlamentarias. O Brasil ainda é presidencialista, nós sempre estamos esperando um salvador da pátria. Mas eu defendo isso: nós temos que ser controlados permanentemente.

Maira Monteiro: LEITOR: Pedro Maciste – Na última eleição municipal de BH, o PSDB aliou-se com Marcio Lacerda. Em sua campanha para reeleição na Prefeitura, o Lacerda disse que iria implementar o Metrô em BH. O que aconteceu com esse Projeto que deixou a população sem saber de nada? Inclusive durante a campanha, você via algumas interdições em BH por causa disso.

João Leite: Nós falamos do metrô, não é, Pedro? Está correta a sua avaliação. Mas é importante dizer que o meu partido, antes do Marcio Lacerda, era um prefeito de oposição. Fernando Henrique fez por exemplo as últimas sete estações do metrô. É interessante que havia uma campanha “metrô já!” e tal… e o PT ficou no governo por 13 anos e nós não avançamos um metro de linha em BH. Mas foi Fernando Henrique. Fernando Henrique duplicou a 381 Sul, de BH a SP, são 600km, ficou faltando 381 Norte. Agora tem túnel, tem não sei o quê, mas também não foi feito absolutamente nada. Mas eu, assim, me orgulho do meu partido, porque no governo do PT em BH, Fernando Henrique fez isso. Era Patrus, era Célio de Castro. Depois com Pimentel, Aécio Neves como governador e Anastasia fez a Linha Verde, a duplicação da Pedro I, a duplicação da Antônio Carlos, o Boulevard Arrudas, a Expominas, o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, a Cidade Administrativa. O PSDB fez isso tudo com um prefeito de oposição em BH. Investiu muito em segurança pública em BH. Então eu penso dessa maneira. E como prefeito eu vou buscar, vou lutar. Vou reunir os 53 deputados federais de MG, os três senadores e lutar para aquilo que é direito. O dinheiro para o metrô de BH estava previsto no orçamento e foi para Salvador, que era um governo do PT, foi para Fortaleza, não veio para BH. Nós estamos sem avanço do metrô a tanto tempo, mas nós vamos buscar. Isso vale para a saúde também. MG hoje é o 15° lugar em repasse de dinheiro da saúde e nós temos aqui dois desafios imensos, que é o Hospital do Barreiro, que precisa de recurso para abrir, porque está com 10% de funcionamento. Precisamos para a maternidade Leonina Leonor, lá em Venda Nova. Está pronta e está fechada, e as mães estão sofrendo para ter os bebês no Risoleta Neves, que está superlotado. O desafio é grande, mas eu assumo o compromisso com a população: vamos buscar os recursos que pertencem à BH.

Guilherme Scarpellini: Candidato, o senhor foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, responsável por CPIs importantes, e hoje ocupa a vice-presidência da Comissão de Segurança Pública. Algumas pessoas o acusa de ter “passado a mão na cabeça de bandido”, enquanto que, em contrapartida, o senhor propõe endurecer o combate à violência em BH. Como se apresentar ao eleitor diante desses dois lados do mesmo candidato (sob a ótica do eleitor)?

João Leite: Meu pai não foi militar, foi um Guarda Civil. No Regime Militar, em 1969, um Ato Institucional extinguiu a Guarda Civil, e os guardas civis e os inspetores de trânsito podiam optar ou pela Polícia Militar ou pela Polícia Civil. De todos o contingente da Guarda Civil apenas dois optaram pela Polícia Militar. Meu pai e os colegas optaram pela Polícia Civil, ele encerrou a carreira como investigador. Em 1995, eu assumi uma comissão que tinha o nome do art. 5° da Constituição brasileira: direitos e garantias fundamentais. Não tem nada a ver com as CPIs que eu presidi, porque logo veio uma CPI, pedida até pedida até por um deputado falecido, o deputado Miguel Martins, pediu uma CPI da fuga de Fernando Beira-Mar pela porta da frente de uma delegacia em BH. E eu fui escolhido. PSDB tinha a maior bancada e me escolheram para presidir. E eu aproveitei e fiz um diagnóstico do sistema penitenciário em MG. Mas aí, aconteceu um grande problema na minha vida. Porque eu descobri, em uma visita surpresa que nós fizemos no lugar que Fernando Beira-Mar fugiu, que ele tinha companhia íntima, uísque, celular e sauna na cadeia. E que saiu pela porta da frente e que pagou 500 mil. E eu indiciei 19 pessoas, eu sofri. A minha casa foi invadida com homens com metralhadoras, com as caras cobertas. Eu acordei o prédio inteiro, eles queriam me matar. Eu não defendi bandido. Quem defendia Fernando Beira-Mar eram aquelas pessoas que eu indiciei. Depois eu presidi uma CPI por que meus colegas acreditavam que eu tinha coragem. Eu presidi uma CPI da facilitação da carteira de habilitação, e eu indiciei mais 14 pessoas que facilitavam carteira de habilitação, que se corromperam. Eu sofri por denunciar, eu fui perseguido. Mas fui autor das leis mais importantes para o combate da criminalidade em MG. Eu sou autor da lei que determinou a saída da Polícia Civil e da Polícia Militar da guarda de presos. Só dos muros da penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Nova Contagem, saiu uma companhia interina da Polícia Militar. Que veio para a cidade, para as ruas, para dar segurança à população. Nós retiramos a Polícia Civil da guarda de presos. Depois, eu sou autor da lei de programa de proteção a vítimas e testemunhas. Porque eu vi que as testemunhas da fuga de Fernando Beira-Mar passaram, alguns morreram. Nós passamos então a proteger a testemunha, para testemunhar contra criminosos. Muitos vestiam fardas, muitos criminosos tinham estrelas de polícia. Eu os enfrentei, eu tive coragem. E depois eu comecei a sofrer, porque até em viaturas de polícia, nas minhas campanhas, estava escrito: “nação vote em quem defende bandido”. Eu, defendia bandido? Eu defendi a sociedade, contra pessoas que se uniram a criminosos para se corromper, roubar dinheiro público. Isso que eu fiz no Estado de MG. Eles conseguiram, se uniram a um partido, na minha última campanha, e soltavam um milhão de jornais nas ruas: “não vote em quem defende bandido”. Eu ando de cabeça erguida, eu fiz o que deveria ter sido feito, eu faria novamente. Meus filhos sofreram muito, meus filhos ficaram traumatizados. Sabe o que é de madrugada, gente de metralhadora? Batendo no seu prédio? Querendo invadir sua casa? Eu enfrentei isso. Criminosos são eles, esses que eu enfrentei. E que cumpriram pena em cadeia, eu nunca estive na cadeia para cumprir pena.

Maira Monteiro[email protected]

Diretora-executiva do BHAZ desde junho de 2018. Jornalista graduada pela PUC Minas, acumula mais de 15 anos de experiência em redações de veículos de imprensa, como Record TV e jornal Hoje em Dia, e em agências de comunicação com atuação em marketing digital, como na BCW Brasil.

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