[Bhaz nas Eleições 2016] Reginaldo Lopes quer ampliar rede de educação e vislumbra reconciliação com Temer

Reprodução/Bhaz

O candidato do PT à Prefeitura de Belo Horizonte, Reginaldo Lopes, quer construir 30 novas Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEI’s) na capital mineira e ampliar para 50 mil o número de vagas em creches conveniadas com a gestão municipal. Para o deputado federal, que disputa o cargo de prefeito de BH pela primeira vez, as medidas seriam implantadas com a ajuda do Governo Federal — o qual ele considera ilegítimo — e marcaria o fim da participação da iniciativa privada na administração municipal. O petista garante ainda a regulamentação do aplicativo Uber, embora defenda a necessidade de se estabelecer um número específico para concessão de licenças e, na outra ponta, anuncia a contratação de taxistas para prestar serviços na prefeitura.

Reginaldo Lopes promete aplicar parte do que é arrecadado pelo município com a cobrança do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) na melhoria dos 149 centros de saúde de Belo Horizonte e declara já contar com recursos para dar início a parte das obras do metrô. Historicamente ligado ao Partido dos Trabalhadores, Lopes se esquiva de questionamentos sobre a escolha das cores de sua campanha — as quais desprezam o vermelho utilizado pelo PT — e afirma que buscará diálogo e conciliação com o governo Temer (leia a transcrição na íntegra).

Na série de entrevistas realizada pelo Bhaz com os postulantes à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH), Reginaldo Lopes é o oitavo entrevistado.

Contrário ao modelo de privatizações adotado pelo prefeito Marcio Lacerda (PSB), Reginaldo Lopes afirma que o atual gestor cometeu um “crime” ao firmar parcerias com a iniciativa privada na execução de projetos na área de educação. Em 2012, um contrato celebrado entre a PBH e a empreiteira Odebrecht — alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal — foi responsável pela construção de 46 creches na capital.

“Parceria Público-Privada para fazer serviços que são obrigação do Estado é fazer dez vezes mais caro. Foi um erro, um crime, ter feito PPP para fazer creche no município de Belo Horizonte. Sabe por quê? Custa R$ 1 bilhão, custaram 46 creches no prazo de 20 anos”, diz o candidato.

Segundo o postulante, caso venha ser eleito, o modelo será rompido e dará lugar ao que chama de parcerias público-comunitária (PPCs) — uma proposta de financiar a própria comunidade no desenvolvimento de projetos. Contudo, parcerias com a população e com os entes federais viabilizaria, segundo Lopes, não somente a expansão da rede de atendimento à educação infantil — ele garante 30 novas Umeis e a reforma de 194 creches — como também a integralização dos serviços.

“Eu vou fazer parceria com a comunidade, porque é a única forma de universalizar a escola infantil. De 0 a 3 [anos], que hoje atende muito pouco. E universalizar de 4 a 5 para tempo integral, porque hoje atende 4h”, diz. “Vou fazer mais 30 Umeis, por meio da parceria federativa, com a União, o Estado ou com meu município. Com isso, arrumo mais de 11 mil vagas e consigo fazer de 4 a 5 [anos] em tempo integral. Vou pegar 194 creches comunitárias conveniadas, que já existem, atendem a 26 mil crianças”.

Dessa forma, ele espera realizar obras de acessibilidade nas unidades e adequação das redes elétrica, hidráulica e sanitária para, finalmente, ampliar a oferta de vagas. “Vou colocar mais 26 mil crianças, vou chegar a 50 mil crianças”.

Táxi na PBH

O candidato Reginaldo Lopes espera economizar com manutenção e abastecimento da frota de veículos da prefeitura, implementando uma proposta a qual ele avalia como “inédita” em Belo Horizonte: contratar taxistas para prestar serviços na administração.

“Nós queremos fazer uma experiência inédita que é contratar os taxistas para substituir a frota própria de carros na prefeitura. Gerar mais oportunidade de emprego e renda”. No entanto, o candidato não detalhou qual seria a economia para os cofres municipais.

Na outra ponta, ele garante a regulamentação do aplicativo Uber, afirmando que determinará um número preciso de veículos que poderão rodar pela cidade.

“A Uber tem que pagar os impostos dela também. Então nós vamos regular o número [de motoristas] de acordo com o de habitantes. Nós vamos perguntar à sociedade”, conta. “Eu acho que nós temos que definir qual é o número de trabalhadores do Uber que a cidade precisa porque nenhuma atividade econômica pode ser inviável para o trabalhador”.

Cadê a cor do PT?

Nos materiais de campanha, o candidato Reginaldo Lopes preferiu utilizar o que ele chama de “cores da diversidade” em vez do vermelho símbolo do PT. Ele refuta, entretanto, qualquer tentativa de desvinculação partidária, já que o PT foi alvo de investigações, sobretudo a partir de 2014, inclusive contra caciques do partido. Dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) confirmam a debandada de candidatos do PT nestas eleições, apontando para uma queda de 47% em relação ao número de candidatos em 2012.

“Eu tenho maior orgulho do PT. Eu tenho dito que eu tenho medo de quem não tem partido, de quem não tem bandeira, de quem não tem cor. Eu uso todas as cores porque eu acho que estou do século 21. Eu uso a cor da diversidade. Mas, para resolver esse problema, eu já mandei no meio das cores da diversidade nascer uma bela estrela”, ressalta.

IPTU na saúde

Belo Horizonte deve arrecadar R$ 1,2 bilhão com IPTU em 2016, conforme previsão da atual administração. Parte disso, para Reginaldo Lopes, deveria ser aplicado na saúde na busca de qualificação dos atendimentos nos 149 centros de saúde da capital.

“Vou colocar parte do IPTU, no primeiro ano, na assistência. Porque eu entendo que 90% dos problemas na saúde deveriam ser resolvidos lá no centro de saúde. A melhor saúde é na atenção primária”, destaca.

Somado a isso, ele pretende também incorporar as PPCs no aprimoramento da execução do Programa Saúde da Família em BH.

“Fazendo a Parceria Público-Comunitária eu posso ter para cada equipe de Saúde da Família, uma referência de um CEM (Centro de Especialidade Médica) e um hospital que seja 100% SUS. Essa referência vai dar resolutividade à saúde básica. O agente da Saúde da Família, quando for na sua casa, eu quero que, em 24 horas, ele devolva para você o dia e hora em que você vai fazer o exame”.

Reconciliação com Temer

Ainda que, para Reginaldo Lopes e seu partido, a gestão de Michel Temer à frente do país trata-se de “um governo ilegítimo”, o candidato reconhece que, uma vez eleito prefeito de BH, será necessário estabelecer diálogo e buscar conciliação com o ente federal. Entretanto, ele não deixa de alfinetar a atual gestão, afirmado que jamais reconhecerá um governo como legítimo sem que tenha passado pelas urnas.

“Para eu reconhecer que ele é legítimo, é muito simples: chama a eleição. Se ele ganhar as eleições com o que ele está fazendo, ele passa a ser um governo legítimo. Até ele ser submetido às urnas, ele é um governo ilegítimo”, assevera. “Mas isso não quer dizer que eu, na condição de prefeito, não vou relacionar com ente federado. Quem me conhece sabe que eu sou capaz de fazer conciliação e ter diálogo. Então eu vou estabelecer diálogo”, declara.

Nesse sentido, Lopes afirma que, se vier a ser eleito, usará a capacidade de conciliação para defender os interesses de Belo Horizonte junto ao governo Temer.

Lacerda quebrou BH

Reginaldo Lopes garante que o município já conta com recursos suficientes para iniciar parte das obras do metrô. Ele avalia, contudo, que Marcio Lacerda teria enganado a população, já que o então governo Dilma Rousseff teria liberado os recursos para a execução das obras, em 2012, sendo que esse recurso não teria sido aplicado pela atual administração.

“Eu não sei onde o Marcio Lacerda e esse consórcio com o PSDB colocou o dinheiro de Belo Horizonte. Porque ele fez em PPP [Parceria Público-Privada], endividou o município. Na verdade, quebraram o município. A relação do metrô nós [governo do PT] liberamos R$ 3,6 bilhões. Só tiveram competência [governo Lacerda] para furar um buraquinho no Centro da cidade, em 2012. Enganou o povo e não entregou os projetos executivos”, afirma.

Para Reginaldo Lopes, Marcio Lacerda deixou de executar as obras do metrô em razão de compromissos escusos como empresários do ramo do transporte. “Na minha opinião, eles não tiveram competência ou não tiveram compromisso, porque estão com rabo preso com as empresas de ônibus de transporte coletivo”, conclui.

De acordo com o candidato, os recursos liberados pelo Governo Federal – R$ 3,6 bilhões – são suficientes apenas para dar início às obras. Dessa forma, o petista espera pôr nas mãos da população a definição dos rumos de execução do projeto.

“Para o futuro, nós temos R$ 3,6 bilhões que já foram liberados. Mas não são suficientes. Para a gente fazer as três linhas, modernização da Linha 1, a Calafate para o Barreiro – Linha 2, e a Linha 3, Lagoinha-Savassi, são necessários R$ 7 bilhões”, avalia. “Portanto, ou nós vamos arrumar mais recursos para fazer ou nós vamos ter que convidar a sociedade a decidir quais são as linhas prioritária. Eu acredito que é modernizar a Linha 1 e resolver o problema da Linha 2, que é Calafate-Barreiro. Isso é possível. Nós já temos o recurso e nós temos que cobrar”, garante.

Ainda sobre mobilidade urbana, Lopes espera imprimir maior fluidez no trânsito, realizando intervenções para ampliar a velocidade média em determinadas vias da capital, implantar o bilhete único nos ônibus e incentivar o uso de bicicletas.

Confira o vídeo da entrevista na íntegra:

Natural de Bom Sucesso, no Centro-Oeste mineiro, Reginaldo Lopes é formado em Economia e pós-graduado em Gestão de Pequenas Empresas pela Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ). Eleito em 2002, deputado federal pelo PT, Reginaldo Cumpre o quarto mandato na Câmara dos Deputados. Em 2014, com 310.226 votos, foi o deputado federal mais bem votado no Estado. O parlamentar também já presidiu o diretório estadual do PT por dois mandatos. É a primeira vez que concorre o cargo de prefeito em Belo Horizonte.

Guilherme Scarpellini

Guilherme Scarpellini é redator de política e cidades no Portal BHAZ.

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