[Farsa ou Fato] Onda de palhaços aterrorizantes chegou a BH e Minas?

Reprodução/Youtube

Um palhaço aterrorizante no bairro Itapoã, na região da Pampulha, flagrado por um grupos de jovens. Um palhaço “tocando o terror” em uma cervejaria no bairro Santo Antônio, na Zona Sul de Belo Horizonte. Um palhaço apanhando em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Podemos, enfim, cravar que a onda desses personagens maquiados assustando moradores chegou a Belo Horizonte e a Minas Gerais, de uma forma geral?!

Bom, antes de tentar responder ao questionamento, é preciso contextualizar. Essa onda de palhaços nas ruas começou em Green Bay, nos Estados Unidos, no início de agosto. Um homem com as típicas fantasia e maquiagem (veja a foto logo abaixo) passou dias vagando pela cidade, o que causou pavor nos moradores, que chegaram a evitar sair de casa nos casos mais extremos.

Reprodução/Facebook
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Pouco depois, o diretor Adam Krause revelou a pegadinha. Ele afirmou, através do Facebook, que as imagens do palhaço se tratavam de uma campanha de marketing para divulgação do mais recente curta-metragem dele. No relato, o homem explicou que não tinha como intenção provocar terror entre a população e chegou a pedir desculpas por amedrontar as pessoas (leia a íntegra, em inglês, aqui).

Febre

A partir dessa ação de marketing, começaram a pipocar casos de pessoas fantasiadas assustando moradores pelo mundo, em especial nos EUA, na Inglaterra e na Austrália. Lógico, grande parte das vezes sem uma confirmação, apenas baseado em histórias e especulações. Mas a brincadeira terminou mal: vídeos de agressão a palhaços viralizaram nas redes sociais.

E Belo Horizonte? Onde entra nessa história?

Palhaço na Pampulha?

Vamos lá. O caso mais recente e que mais se aproxima dessas “brincadeiras” mundo afora foi disseminado por uma youtuber chamada Camila Loures. Publicado no último sábado (15), o vídeo – com quase 600 mil visualizações – mostra uma suposta caçada a um homem fantasiado de palhaço que estava assustando moradores dos bairros Itapoã e Castelo, ambos na região da Pampulha.

Segundo a história, Camila e o irmão, Phillipe, foram alertados pelo primo, Ricardo Loures (chamado de Ricardinho), sobre a aparição do palhaço. Então, o trio pega o carro e vai atrás do suposto fantasiado – isso, 1h de sábado. De repente, próximo à Praça Ércia Barbosa Santos, entre as ruas Porto Rico e Gumercindo Couto e Silva, aparece a figura mascarada, que começa a perseguir o carro, mesmo em movimento.

Na manhã desta segunda-feira (17), a reportagem do Bhaz decidiu ir ao local. Residentes da região negaram a aparição de qualquer ser fantasiado. Ana Ribeiro, de 41 anos, por exemplo, é moradora da rua Porto Rico e chegou a ironizar o caso. “Aqui é muito deserto, ainda mais à noite. Se um palhaço ficar parado para assustar alguém na praça de madrugada, vai demorar horas até conseguir”, afirmou a autônoma.

A reportagem também insistiu em conversar com a autora do vídeo que viralizou. A assessoria de imprensa chegou a afirmar que a Camila Loures entraria em contrato, mas depois recuou. “A agenda dela está muito cheia. Mas o que ocorreu no sábado foi que o primo dela avisou sobre a aparição do palhaço e eles resolveram ir atrás. A mãe dela, inclusive, ficou muito brava e não deixou que a polícia fosse acionada”, afirmou, ao Bhaz, o empresário dela, Junior César Ferreira.

“A Camila ficou muito assustada. Ela sabe da responsabilidade que tem com os seguidores dela, não inventaria algo assim. Mas pode ser uma brincadeira do rapaz que estava fantasiado de palhaço”, conclui o empresário. A reportagem tentou falar com Ricardo, primo de Camila, e enviou mensagens por meio das redes sociais. Até o momento da publicação deste texto, ele não havia respondido aos questionamentos.

O Bhaz também pediu para que Ferreira passasse o telefone de Ricardo, mas o empresário desligou o telefone após a reportagem se identificar em uma segunda ligação.

Procuradas, as polícias Militar e Civil confirmaram que nenhuma ocorrência sobre aparição de palhaço foi registrada.

Histeria nos comentários

No vídeo publicado por Camila, alguns usuários do YouTube também afirmaram que já encontraram palhaços em outros locais de BH. Um relato assustador feito por uma adolescente ficou entre os comentários mais curtidos. A garota contou que o irmão foi agredido na Praça Sete, no Centro da cidade, por uma figura fantasiada.

“Ele tá machucado feio com carne viva numa parte do braço. Véi (sic) não vão lá. Ele tem peruca verde e roupa vermelha brilhante. Cuidado mesmo, galera”, diz a adolescente no texto. A jovem ainda conta detalhes ao ser questionada por outros usuários.

palhaços em bh
Adolescente de BH é autora dos comentários destacados (Reprodução/YouTube)

Uma repórter do Bhaz conseguiu rastrear o perfil da adolescente no Facebook. Ao entrar em contato com o irmão mais velho da garota, descobriu que todo o relato era mentira.

palhaços em bh
Reprodução/Facebook

Logo após a reportagem entrar em contato com outros familiares da adolescente, o relato da falsa agressão na Praça Sete foi deletado no YouTube.

Outros casos

De fato, neste mês, foram registrados ocorrências envolvendo pessoas fantasiadas de palhaço. Em Uberaba, por exemplo, um homem de 31 anos foi agredido dentro de um ônibus por um jovem de 19 por estar com maquiagem e fantasia do personagem – justamente por causa dessa onda de sustos. No entanto, ele garante à Polícia Militar que é o trabalho dele se fantasiar e alegrar as pessoas.

Em Belo Horizonte, no bairro Santo Antônio, um homem com máscara de palhaço participou de uma tentativa de assalto a uma cervejaria no sábado. Em Paraguaçu, no Sul de Minas, um criminoso também usou a vestimenta para esconder a identidade durante um roubo no último dia 4. Já no dia 11, em Patrocínio, no Alto Paranaíba, um outro infrator usou a máscara para tentar matar uma mulher.

Em todas as ocorrências, registradas e investigadas pela polícia, não há sinais de que tenha alguma ligação com a onda de palhaços assustadores. Afinal, a máscara sempre foi conveniente para quem deseja realizar algum crime e preservar a identidade. “Estamos atentos com essas ações envolvendo o personagem, mas nenhum caso do tipo foi registrado em Minas até agora”, garante o porta-voz da Polícia Militar, capitão Flavio Santiago.

Por fim, ao menos dez ocorrências foram registradas neste mês pela PM em que o envolvido possuía alguma tatuagem ou adereço de palhaço. Isso porque, no Brasil, o símbolo representa algum ataque realizado contra um policial militar – é sinal de status entre criminosos.

Portanto, ao menos baseado nos registros oficiais, a onda de palhaços aterrorizantes interessados em assustar e agredir pessoas pelas ruas de BH não passa de uma FARSA.

Sobre o caso específico da youtuber Camila Loures, esgotamos, por ora, nossa apuração. É possível cravar que moradores, Polícia Militar e Polícia Civil garantem que nenhum palhaço rondou a região filmada no vídeo. No entanto, não conseguimos falar diretamente com os responsáveis pela gravação. O Bhaz continua à disposição para ouvir a autora do vídeo e seu primo.

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