Ex-goleiro Bruno é responsável pela segurança de presos na APAC de Santa Luzia

Ex-goleiro Bruno
Reprodução/TV Record/Facebook

Bruno Fernandes, ex-goleiro do Flamengo condenado a 22 anos e 3 meses de reclusão pelo assassinato da modelo Eliza Samudio, é o personagem central de uma reportagem publicada nesta semana pela VEJA.com. O jornalista Hugo Marques conversou com o detento que hoje está na unidade APAC (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte. Durante a visita ao local, o repórter descobriu que o presidiário famoso já carrega as chaves da própria cela e trabalha vigiando os colegas.

Bruno virou segurança da unidade há pouco tempo. Ele é responsável por guardar as chaves das celas de um bloco com duas galerias, onde ficam 50 presos do regime fechado. Ao total, a penitenciária hoje abriga 175 condenados, a maioria com mais de 18 anos de cadeia.

“Eu tive o desprazer de ficar num sistema muito bruto, o sistema de segurança máxima, que é o Nelson Hungria, e depois passei por outro sistema de segurança máxima, o Francisco Sá, além de ter passado pelo Complexo de Bangu II, no Rio de Janeiro. A diferença é muito grande. O sistema convencional não recupera ninguém”, contou Bruno ao repórter da VEJA.com.

A rotina na unidade APAC é totalmente diferente das penitenciárias tradicionais. Segundo a reportagem, os presos têm funções para manter o local organizado e também participam de iniciativas de capacitação. Bruno, por exemplo, já fez seis cursos, incluindo os de soldador, jardineiro e pedreiro apenas durante o período de um ano e quatro meses que está no local.

Além disso, a reportagem destaca que os presos são obrigados constantemente a fazer exame de toxicologia. Eles mesmo cozinham suas refeições, que também são servidas aos funcionários administrativos, à direção do presídio e aos juízes, procuradores e demais autoridades que visitam a unidade. Os detentos usam talheres de inox e copos de vidro. As câmeras de vigilância ficam somente na área externa. À noite, todos os internos se juntam para ver televisão.

“A APAC é uma obra de Deus: devolveu a minha dignidade, restituiu a minha família, me deu o direito de voltar a sonhar, a recomeçar a minha vida novamente, tudo aquilo que o sistema convencional me tirou”, avaliou Bruno.

A reportagem destaca que, até hoje, a APAC de Santa Luzia registrou apenas um caso de fuga em massa. Em 2012, seis presos escaparam da unidade, sendo recapturados logo em seguida. Hilton Ferreira Pena, vice-presidente da APAC, diz que esse foi o único problema que a administração enfrentou. “Eles tinham acabado de chegar e não conheciam a metodologia”, explica.

“Se eu tivesse continuado no sistema convencional? O Bruno [aqui o ex-goleiro se refere a si mesmo em terceira pessoa] ia sair de lá uma pessoa muito pior do que quando entrou. O sistema convencional hoje é uma escola para o crime. Eu não era bandido, o bandido vive do crime. Eu me tornei criminoso a partir do momento em que cometi um crime. Quando fui para o sistema convencional, sendo um criminoso por ter cometido um crime, não vivendo do crime, eu estava na faculdade para se tornar um bandido”, avaliou Bruno ao falar da unidade prisional.

Leia a entrevista do ex-goleiro na íntegra.

Maira Monteiro[email protected]

Diretora-executiva do BHAZ desde junho de 2018. Jornalista graduada pela PUC Minas, acumula mais de 15 anos de experiência em redações de veículos de imprensa, como Record TV e jornal Hoje em Dia, e em agências de comunicação com atuação em marketing digital, como na BCW Brasil.

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