Você precisa de espaço

Na última coluna falei sobre a necessidade de pausas e a questão do tempo. Nesta eu vou falar sobre espaço e distanciamento.

Muitos humoristas, teóricos da comédia e até filósofos tentaram definir o que faz alguém rir ou qual a fórmula do riso. Apesar de ainda não termos essa resposta exata, uma coisa é certa: ninguém ri com o coração.

Rir – e fazer rir – é um exercício da mente, é o uso da linguagem para a quebra de raciocínio. Quando você ri de algo você não está se importando com o alvo da piada, pelo menos não naquele momento.

Não é possível rir de alguém e sentir dó dessa pessoa ao mesmo tempo. Isso se aplica a qualquer objeto ou tema usado para ser satirizado.

Isso significa que, na prática, só é possível achar graça de algo usando o cérebro, sem a interferência dos sentimentos. Daí a dificuldade de fazer rir com temas delicados e pesados como morte e doença.

E o que isso tem a ver com espaço e distanciamento? Para não se importar com algo, é preciso estar distante daquilo, do lado “de fora”. Diz-se que comédia é igual a tragédia + tempo. Essa afirmação faz sentido uma vez que o tempo é necessário para se distanciar de algo, para criar esse espaço.

Quem nunca sofreu muito com algo que aconteceu para, só depois, poder olhar pra trás e rir da mesma situação que lhe machucou?

É fundamental (e provavelmente inevitável) sentir as coisas que acontecem com a gente ou com quem nos importamos. No entanto, é igualmente imprescindível sabermos usar a distância, o espaço, para só então conseguirmos analisar racionalmente o que aconteceu e definir a importância daquilo.

É assim, usando o cérebro e sua capacidade de análise, diminuindo a influência negativa de algo que já está distante, que somos capazes do que parecia impossível: rir do que já nos fez chorar.

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