Júri popular: Motorista embriagado que matou empresário na contramão da Raja será julgado

Fórum Lafayette e trecho do local da batida na Raja Gabaglia (Divulgação + Google Maps)

O responsável por um acidente fatal na avenida Raja Gabaglia, na Zona Sul de Belo Horizonte, em 2008 irá a júri popular nesta quinta-feira (16). O caso teve ampla repercussão à época, já que o então estudante de Direito Gustavo Henrique Oliveira Bittencourt estava embriagado e dirigia um veículo na contramão da conhecida via da capital mineira. A batida causou a morte do empresário Fernando Paganelli de Castro.

Mais de nove anos após o acidente, ocorrido em 1º de fevereiro de 2008, a família da vítima vislumbra que o autor do acidente pague pelo crime – homicídio com dolo eventual com situação de embriaguez. “Não vejo como um acidente comum, uma vez que ele assumiu o risco ao misturar álcool e direção, além do fato de estar trafegando na contramão de uma das principais avenidas da cidade. Sei que isso não vai trazer meu pai de volta, nem reestruturar minha família, mas esperamos ao menos um conforto, um alívio”, afirma ao Bhaz Bruno Nunes, filho do empresário.

O estudante, com 22 anos à época, chegou a ser preso após fugir do local, mas pagou fiança e foi liberado. Foram encontradas latas de cerveja dentro do veículo dele. Ele já respondia por outro processo relacionado a dirigir alcoolizado, episódio no qual bateu em um poste na rua da Bahia. O acidente devastou a família de Fernando Paganelli, que tinha 59 anos.

“Minha mãe não trabalhava, teve que se privar do luto para assumir o posto de provedora da família e, seis meses depois do que aconteceu, ela sofreu um AVC”, relembra Bruno, que tinha 15 anos em 2008 e, o irmão, 13. Com o problema de saúde, a mãe precisou ficar de cama até 2011, período no qual Bruno e o irmão tiveram de assumir as responsabilidades da casa.

“Sacrificamos e abdicamos de inúmeras coisas, sempre ressaltando a solidão e tristeza encarada pelo ocorrido que mudaria de vez nossas vidas. Hoje cuidamos dela, que teve sequelas. Só espero Justiça não somente como uma resposta a família, mas como uma forma de reflexão nas atitudes diárias de todos”, relata.

Inédito no Brasil

Segundo João Paulo Machado Rodrigues Cardoso, advogado de Bruno Nunes, num caso como esse nunca havia sido conduzido em júri popular no Brasil. “A expectativa é muito boa, pois será a primeira vez que alguém vai a um tribunal do júri por dolo eventual em situação de embriaguez. Eu sou assistente do Ministério Público, então estou acusando também. Será um julgamento inédito e a expectativa são as melhores possíveis”.

A expectativa é de que o julgamento comece às 8h de quinta-feira, no Fórum Lafayette.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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