A importância de referências

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Acredito que todo humorista deveria (se possível) sempre buscar conhecer mais sobre a história da comédia e de suas manifestações como stand-up, esquete, improviso etc. Na verdade, isso serve pra qualquer área de criação.

Final do ano passado tive o prazer de fazer uma participação (mínima) em uma peça de teatro do grupo Hermes e Renato. Digo prazer porque cresci assistindo àqueles esquetes absurdos que passavam na MTV e só conseguia pensar o quanto era surreal estar no encerramento da peça ao lado dos caras que ajudaram a moldar meu senso de humor.

Para mim, não seria exagero afirmar que Hermes e Renato foi uma das coisas mais engraçadas da história da TV brasileira. Além disso, o programa foi um divisor de águas no que se fazia (e podia fazer) em comédia no país, principalmente na TV. O TV Pirata de sua geração.

Entretanto, a qualidade e importância do grupo não o isentam de críticas, de aspecto moral inclusive. É como a experiência de assistir os especiais de stand up do Eddie Murphy da década de 80. É impossível não notar – e se incomodar – com o discurso homofóbico e misógino de seu texto. Ainda assim, não se pode negar a qualidade do stand up ou o talento de Eddie Murphy, especialmente em sua entrega (delivery).

Daí a importância de conhecer um pouco da história daquilo que se faz. O programa Hermes e Renato era hilário, e muitas vezes extremamente preconceituoso. Ter referências não é olhar para o passado de forma puramente nostálgica, desejando que as coisas fossem exatamente como já foram. Pelo contrário, contemplar o passado é entender onde se pode chegar no futuro.

Pode-se discutir por quê certas comédias não sobrevivem ao tempo e às mudanças na sociedade. Por outro lado, é só observar ícones da comédia como Lenny Bruce, Richard Pryor e George Carlin pra perceber que o humor é uma ferramenta que já foi muito usada para subversão e revolução, em vez de reforçar estereótipos preconceituosos ou preservar o status quo acima de tudo.

Referências são importantes para não reinventar a roda e assim poder dar passos adiante, para o novo. Para não cometer nem erros nem acertos que já foram realizados antes, para seguir em frente. É olhando a história que se descobre aonde a comédia já foi e quais caminhos ela pode trilhar de novo, não de novamente, mas de inédito.

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