Centros de Saúde registram filas e falta de vacinas após suspeita de febre amarela em moradores de BH

Imagem ilustrativa (Reprodução/PBH)

Um dia após a Secretaria Municipal de Saúde confirmar a suspeita da circulação do vírus da febre amarela em Belo Horizonte, centros de saúde registraram filas de espera e até falta de vacinas. Diante desse cenário, a administração pública anunciou nesta quinta-feira (16) a contratação de novos agentes de saúde e a implantação de dois novos postos de imunização extras ao longo dos próximos dias.

Contudo, enquanto a prefeitura centraliza investimentos para suprir o aumento da demanda, o Bhaz entrou em contato com pelo menos uma unidade de atendimento em cada uma das nove regionais da capital, para verificar as atuais condições do serviço de prevenção.

Logo no primeiro contato, a reportagem constatou falta de vacina. Segundo informou uma das servidoras do Centro de Saúde Meninos de Jesus, localizado no bairro Santo Antônio, Zona Sul da capital, as 500 doses entregues na unidade na terça-feira foram esgotadas na manhã de hoje. Sem previsão para o reabastecimento, ela aconselhava a população a retornar na próxima semana.

Imagem ilustrativa (Reprodução/PBH)

Em outras unidades, a situação era sempre a mesma: filas de espera longas e médias. No Centro de Saúde Barreiro de Cima, por exemplo, um dos atendentes chegou a informar a reportagem que “não tem melhor horário para atendimento”. Segundo ele, a procura tem se intensificado nos últimos dias, o que vem gerando “fila enorme a qualquer hora do dia”. Ele não soube informar quanto tempo de espera estava levando.

O mesmo cenário foi verificado no Centro de Saúde Betânia, na região Oeste de Belo Horizonte. Uma das agentes de saúde informou que há duas salas de vacinação e que, ainda assim, registravam “grande fila” no início da tarde de hoje.

A situação é melhor, entretanto, nos centros de saúde Alto Vera Cruz, na região Leste, e Califórnia, na região Noroeste. Nesses locais, foram registradas filas médias, o que, segundo informou um atendente, não retêm por muito tempo aqueles que esperam pela imunização.

Já os centros de saúde Vila Maria (Noroeste), Etelvina Carneiro (Norte), Alvorada (Pampulha) e Andradas (Venda Nova) registravam lentidão no atendimento no início da tarde desta quinta-feira.

Casos em BH

A morte confirmada de um macaco por febre amarela na capital pode ser o indício do avanço da doença para o perímetro urbano. Na última quarta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde informou que, das cinco mortes de primatas registradas até então em Belo Horizonte, uma foi confirmada como sendo em decorrência da doença. Especialistas afirmam que esse é o primeiro sinal de circulação do vírus na cidade.

Imagem ilustrativa (Reprodução/PBH)

“São sentinelas. Se o vírus começa a se propagar em determinada área, a morte dos macacos nos enviará um alerta”, esclarece o primatólogo e professor de zoologia da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) em entrevista à Agência Brasil.

Porém, desde então, a Prefeitura de Belo Horizonte vem reiterando “que não há surto de febre amarela na capital”. Inclusive, as suspeitas da doença em cinco pacientes que estavam internados no Hospital Metropolitano Dr. Célio de Castro — o Hospital do Barreiro —, foram descartadas nesta semana. Após diagnóstico negativo, eles receberam alta.

Esforços

Independentemente dos esforços da prefeitura para evitar pânico na população, a corrida aos postos de saúde continua. Na tentativa de suprir a intensificação da demanda, dois novos postos de atendimento extras foram inaugurados na quarta-feira: um na UFMG, na região da Pampulha, e outro no bairro Betânia, na região Oeste.

Outros dois postos extras serão abertos à população nos próximos dias, segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde. Eles estarão localizados nas regionais do Barreiro e Venda Nova — os bairros ainda não foram informados.

Centro de Saúde Betânia conta com posto de vacinação extra; Bhaz constatou fila no local (Reprodução/PBH)

A pasta anunciou também a contratação de 82 técnicos e auxiliares de enfermagem para atuar nos locais de maior demanda. Segundo informou o órgão da administração municipal, as contratações serão temporárias, com duração de três meses, com a possibilidade de prorrogação. Em nota, a prefeitura informou que “o processo de contratação está em fase final”.

Além dos postos extras, a prefeitura afirma que Belo Horizonte oferece vacinação gratuita em 150 centros de saúde espalhados pela capital. Há também oferta de vacinas no Serviço de Atenção ao Viajante, na Savassi, Zona Sul da capital, e em unidades conveniadas pela prefeitura: Sesc São Francisco, na região da Pampulha; Sesc Tupinambás, na região Central; e Hospital Militar, Ipsemg e e Abertta Saúde, na Zona Sul.

Minas Gerais

Minas Gerais já registra o maior número de mortes confirmadas de febre amarela da história. Foram 75 mortes confirmadas no estado até ontem. Outros 94 óbitos seguem sob investigação. O Estado ainda confirmou, até ontem, 208 casos de febre amarela. Atualmente, há outros 730 casos prováveis sendo apurados.

Guilherme Scarpellini

Guilherme Scarpellini é redator de política e cidades no Portal BHAZ.

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