Kalil diz que não vê diferença entre Dilma e Temer e se esquiva sobre 2018: ‘O quadro é o pior possível’

Prefeito Kalil durante entrevista com Mariana Godoy (Divulgação/RedeTV!)

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), concedeu na sexta-feira (17) uma longa entrevista ao programa Mariana Godoy Entrevista, da RedeTV!. Sempre forte nas declarações, o administrador municipal falou sobre Michel Temer (PMDB), eleições presidenciais em 2018, saúde, IPTU e ainda cutucou o PSDB.

Sobre as gestões de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB), Kalil confessou: “Eu não notei [diferença de foco] como cidadão brasileiro”. Ele prosseguiu: “A diferença é que o presidente Temer tem uma grande oportunidade de mudar a história do país. É muita política e ninguém olha o que este povo está sofrendo”.

Ainda sobre a presidência, o prefeito de BH afirmou não acreditar que as manifestações que impulsionaram o processo de impeachment foram contra a figura de Dilma, mas uma indignação com o “status quo”. “Quando 10,5 milhões vão pra rua, não vão por pedalada, vão porque estão indignados. Não era indignado com a presidente, mas com “status quo” e isso ninguém entendeu”, afirmou.

Eleições 2018

Kalil não descartou a possibilidade de se candidatar à Presidência da República, apesar de dar a entender que não se interessa pelo cargo. “Tudo começa com a responsabilidade. Você tem que ter medo do que você tem pela frente. Quem não teme o que tem pela frente não chega a lugar nenhum”. Para explicar a citação, ele usou o ex-presidente Juscelino Kubitschek para se referir ao povo: “Não deixe o monstro acordar”.

Questionado sobre a legalidade ou não do impeachment de Dilma Rousseff, Alexandre Kalil garantiu que somente pessoas ligadas ao PT, ao PMDB e ao PSDB conseguem ter certeza: “Eu não tenho opinião formada sobre isso”. Para ele o que fez as pessoas irem às ruas não foi exatamente a figura da ex-presidente Dilma Rousseff, mas uma indignação com o “status quo”.

Confrontado com uma pesquisa eleitoral que coloca o ex-presidente Lula com cerca de 30% das intenções de voto, seguido por Marina Silva e Jair Bolsonaro tecnicamente empatados com 11%, Alexandre Kalil foi direto: “Eu acho que está muito cedo, apesar de estarem com muita pressa”.

Ele ainda alertou: ”O quadro é o pior possível”. Para explicar sua observação, ele citou a delação da Odebrecht, que pode comprometer muitos “presenciáveis”. Kalil também defendeu o fim do sigilo sobre as delações e criticou o vazamento seletivo.

PSDB

O prefeito de BH disputou o segundo turno das eleições no ano passado contra o deputado estadual João Leite (PSDB). Na entrevista para Mariana Godoy, Kalil chegou a cutucar o adversário, ao citar ironicamente uma das promessas – construir bonde pela capital mineira. Mas descartou ser inimigo do partido e de Aécio Neves.

“O Aécio foi governador de Minas duas vezes, é senador da República e eu sou um prefeito, fui eleito há 40 dias [sic], entrei na política outro dia, sou fraldinha nesse assunto ainda e não tenho inimigos, eu não construí nenhum. Claro que do jeito que levam machuca, machuca a família, machuca todo mundo e eu nunca tinha visto nada nesse nível, até porque ataque pessoal é para quem rouba, pra quem está delatado, pra quem está enfiado em corrupção. Tem que atacar esse tipo de gente, mas graças a Deus esse tipo de ataque eu não sofri, porque reviraram a minha vida e não acharam nada. Mas não sou inimigo do Aécio Neves de jeito nenhum e quando encontrá-lo serei cortês, como fui com o Antonio Anastasia, como fui com o Zezé Perrela”.

Sobre este último, Kalil afirmou não acreditar que esteja envolvido com o tráfico de drogas, como muito se comenta, informalmente, nas redes sociais.

IPTU

Uma das armas usadas pelos adversários de Kalil foi justamente uma dívida do IPTU que o atual prefeito possuía. Questionado por uma moradora de Belo Horizonte se já havia pago seu imposto, o prefeito da cidade mostrou bom humor.

“Já, paguei antes de assumir”. Kalil ainda defendeu a renegociação das dívidas dos pequenos empreendedores, que sofrem com a crise que vem assolando o Brasil: “Eu quero ajudar o pequeno devedor. A inadimplência em Belo Horizonte hoje é a maior desde 1941”.

Sobre os primeiros momentos de seu mandato, Alexandre Kalil se mostrou muito satisfeito. “Foi muito legal, porque dois terços do meu secretariado eu não conhecia. Eu fui apresentado”. O prefeito de Belo Horizonte contou que a equipe montada para ajudá-lo a administrar a capital mineira é de primeiro nível, com excelentes especialistas.

“Hoje eu posso dizer, com muito orgulho, que eu tenho um senhor secretariado”. Kalil ainda garantiu que a equipe está muito motivada: “Nós seremos sempre indignados, não vamos nunca ser resignados, sempre indignados. Então, esse é o lema com que nós nos tratamos”.

Saúde

Uma das grandes obsessões de Alexandre Kalil é a gestão da saúde, que ele crê ser alvo de disputas no país: “Enquanto for cobiçada politicamente por partidos, a saúde nesse país não tem solução”. O prefeito de Belo Horizonte explicou o porquê de a pasta ser tão cobiçada: “A saúde é o maior orçamento da prefeitura, do estado, da União”.

Kalil disse não ter ideia, ainda, de como combater os “assaltos” à saúde pública no Brasil decorrentes da corrupção e brincou: “Quem descobrir isso no Brasil vai fazer a maior descoberta depois de Cabral”. Ele criticou uma característica que atrapalha a área: “A burocracia cria tanto emaranhado, que ela se torna quase incontrolável. A falta de simplicidade de uma compra esconde essa compra embaixo de muita coisa”.

E concluiu: “Transparência é a vida da saúde”. O administrador da capital mineira elogiou o Sistema Único de Saúde (SUS), ao menos em sua forma teórica: “O modelo do SUS, para quem não sabe, é um modelo estudado, de tão bem feito que ele é”. Ele ainda afirmou que a cidade que governa não soube negociar investimentos da União: “Belo Horizonte foi muito acanhada, pediu mal. Nós temos que pedir e eu tenho certeza que o Governo Federal vai atender, porque é a terceira capital mais importante desse país”.

“A saúde não é brincadeira, a saúde é coisa muito séria”, disse o prefeito antes de falar sobre um comentário do ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha, que teria admitido colocar um deputado na pasta da Saúde porque o governo precisaria de maioria no Congresso. O ministro teria dito, ainda, que esse tipo de “acordo” é a coisa mais natural do mundo. Para Kalil, “não é a coisa mais natural do mundo, mas tudo no Brasil passou a ser a coisa mais natural do mundo”. Ele foi além: “Entregar a Saúde para ter maioria no Congresso e declarar isso é crime. Não é questão de política, é questão de coração, é questão de humanidade”. O prefeito ainda falou sobre seu compromisso de governar para o munícipe mais pobre: “Nós temos que cuidar dele, eu tenho plano de saúde”.

Kalil ainda disse ser contra foro privilegiado, falou sobre a CBF e outros assuntos. Confira a entrevista completa aqui.

Com RedeTV!

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