Veja os principais ‘vacilos’ dos blocos de BH neste Carnaval e as lições que ficam para 2018

Yuran Khan/Bhaz

O Carnaval de Belo Horizonte neste ano foi lindo, gigante e intenso! Muitos blocos de rua se depararam com o dobro ou até mesmo o triplo do número de foliões esperados em suas apresentações. E aí, obviamente, surgiram os desafios. Durante os últimos sete dias, o Bhaz recebeu uma série de reclamações de leitores que saíram às ruas para curtir a festa.

Diante dos problemas relatados, a reportagem procurou os organizadores dos principais blocos citados para saber: Quais foram as lições aprendidas neste ano? O que fazer para superar esses desafios? Confira abaixo os principais vacilos apontados pelos foliões e como os produtores desta festa em BH pretendem resolver essas questões.

Falhas no som

A qualidade do som nos blocos foi alvo de grande parte das críticas feitas por foliões. Como ampliar o batuque sem perder a identidade do bloco de rua? É possível avançar? Além disso, algumas apresentações – de fato – tiveram problemas consideráveis com o uso de equipamentos.

Estreante no Carnaval, o bloco Funk You teve sua apresentação comprometida por uma falha no trio elétrico. O carro, marcado para chegar às 14h, entrou em cena somente às 16h30, quando o bloco já estava no ponto final do desfile.

Pelo Facebook, organizadores explicaram o ocorrido e pediram desculpas. “Foi nosso primeiro ano, foi muito mais gente do que esperávamos, nosso trio teve um problema, perdeu a embreagem e atrasou demais. Com a multidão, ele custou a chegar perto da bateria. Vocês não tem nada a ver com isso. Sabemos disso. Estamos aqui de coração conversando com vocês porque suamos a camisa pra fazer um dia legal”, destacou o bloco na nota.

“Quem ficou até o final viu que foi muito legal. Viu que teve trio, teve bateria, teve repertório, teve banda e bateria sintonizadas, teve alegria e Carnaval é isso. Pulando e aprendendo”, completou.

Trio elétrico utilizado pelo Baianas Ozadas na Afonso Pena (Yuran Khan/Bhaz)

Um dos maiores do Carnaval de BH, o Baianas Ozadas também acumulou reclamações por causa do som. “Infelizmente virou trio! A bateria não apareceu… Não fez diferença nenhuma… Então não é mais o Baianas de antes… Uma pena!”, comentou uma foliã na página do bloco no Facebook. “Atraso pra sair, bateria fraca, desorganização. Quem já foi antes ficou na saudade do que o bloco já foi!”, avaliou outro seguidor.

Procurado pelo Bhaz, Geo Cardoso, vocalista do Baianas, rebateu as críticas referentes à qualidade do som. “Utilizamos o trio mais potente do Carnaval de BH para conseguir fazer com que todos pudessem ouvir. Na bateria, ninguém notou falta de som. Participo de um grupo enorme de pessoas da bateria e nenhum deles sentiu isso”, afirmou.

“O Carnaval de Belo Horizonte é recente e aqui não existe nenhum especialista. Estamos aprendendo, nós do bloco, da bateria, o poder público… todos estão aprendendo como construir um evento desse tamanho. Com certeza o Carnaval de Salvador, por exemplo, enfrentou problemas como esse há 60 anos, quando estava começando, mas antes não existiam tantos meios de criticar como existe hoje”, completou Geo.

Trajeto

Cumprir todo o trajeto previsto também se tornou um desafio para alguns blocos. O Funk You, por exemplo, não conseguiu passar por todas as ruas listadas para o cortejo. Por causa dos imprevisto com o trio, a organização optou por ir direto para o ponto final do desfile, o que fez com que parte dos foliões não encontrasse a bateria.

O Beiço do Wando, que se concentrou na Rua Ceará, também enfrentou desafios no trajeto. O trio elétrico teve dificuldade para se deslocar, principalmente nas curvas. Em determinado momento, foi necessário pedir a retirada de um food truck que estava no caminho para que o veículo pudesse passar. Apesar disso, grande parte do público aprovou a qualidade do som e a organização do evento.

Guilherme Lopes, um dos organizadores do Beiço, contou ao Bhaz que alguns imprevistos surgiram durante o trajeto. “Mesmo com as medições, o trio ficou um pouco grande para o percurso, o que dificultou a passagem dele por algumas vias. Além disso, o lugar se tornou pequeno para o tanto de gente. Ano passado tivemos cerca de 10 mil pessoas. Este ano o número triplicou e foram cerca de 30 mil. A gente planeja o Carnaval, mas alguns imprevistos acontecem”, avalia.

“Para o próximo ano, vamos ver um lugar maior, que suporte os foliões de maneira confortável. Aos poucos, a gente vai aprendendo e melhorando”, concluiu Guilherme.

Atraso

Os atrasos também marcaram a apresentação de grande parte dos blocos de BH. Todos eles decorrentes de outros problemas enfrentados pelos grupos. O próprio Beiço do Wando só pode deixar a concentração às 10h, horário em que deveria estar já no meio do desfile.

Yuran Khan/Bhaz

O Tchanzinho da Zona Norte também sofreu com atraso. O carro de som do bloco ficou preso no Anel Rodoviário e o cortejo do só iniciou duas horas depois do previsto. Segundo a organização, o responsável pelo trio não chegou a tempo, o que dificultou a saída do bloco.

“Para o ano que vem, vamos contratar o serviço e pedir que cheguem com duas horas de antecedência, para não haver imprevistos como dessa vez”, contou Laila Paulo ao Bhaz, uma das organizadoras do Tchanzinho. Mesmo com o atraso, o bloco acumula elogios nas redes sociais.

Local

Uma das equipes do Bhaz presenciou a insatisfação de parte dos foliões com o local escolhido para a apresentação do Alcova Libertina, um dos blocos mais tradicionais de BH. Muita gente não conseguiu chegar ao palco fixo montado na Praça da Lavadeira, no bairro Colégio Batista.

O espaço fica bem ao lado do Complexo da Lagoinha. “É gente, sem querer crucificar vocês, porque eu boto fé que o rolê deve ser difícil de ser organizado e tudo mais, mas poxa, eu venci a chuva pra sair de casa e não consegui ver nadaaa, nem chegar perto. Vocês são lindos, melhor bloco, faz isso mais não!”, escreveu uma foliã na página do Alcova no Facebook.

Ao Bhaz, Bruno Medeiros, um dos organizadores do bloco, explicou que a escolha do local foi feita com o intuito chamar a atenção para o bairro onde o ateliê de artes da trupe funciona atualmente. “O Carnaval também é um momento de se conhecer a cidade. Não fazer em uma das ruas tradicionais da cidade foi uma escolha. Passamos dois dias inteiros montando a estrutura na praça”, conta.

Nos últimos dois anos, o bloco desfilou pelas ruas de BH com trio elétrico. Desta vez, optou por se apresentar um palco fixo. “É difícil conseguir desfilar e manter a qualidade do som. Preocupamos com isso e decidimos montar em um local perto do ateliê, usar a estrutura que temos de estúdio. A cidade está em uma mudança constante, os blocos também se transformam”, avalia Bruno.

Para o próximo ano, o Alcova tem como certeza o compromisso com a qualidade do som. “Não sabemos ainda sobre local. Mas nos preocupamos em manter o ensaio permanente e a qualidade do som”, conclui o músico.

Letícia Almeida

Letícia Almeida é redatora no Portal Bhaz

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