O atleta e preparador físico Fernando Noronha, conhecido como Maradona, foi detido nesta quinta-feira (16) durante megaoperação realizada em conjunto pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. O esportista, proprietário da academia FMA (Fernando Maradona Estúdio Fitness), é suspeito de comercializar anabolizantes e esteroides, substâncias encontradas no escritório do estabelecimento.
Além de Maradona, que tem 40 anos, Alessander Alves Diniz, 44, conhecido como Pikitito, e Douglas Almeida Faria, 29, foram conduzidos à delegacia apontados pela polícia como autores de uso, prescrição, posse, entrega e consumo ou venda de tais medicamentos. A FMA, situada na rua Senador Lima Guimarães, no bairro Buritis, na Zona Oeste de BH, também foi alvo da operação – a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão.
Segundo os policiais civis, a academia seria responsável “pela indicação e comercialização de produtos anabolizantes e esteroides em desacordo com a legislação vigente”. No escritório do estabelecimento foram encontrados diversos medicamentos lacrados de uso controlado dentro de uma geladeira. Ainda conforme a polícia, Maradona alegou que as substâncias são para uso próprio, mas não apresentou nota fiscal dos produtos.
Entre o material apreendido, estavam sete caixas lacradas de um medicamento usado como anabolizante – criado oficialmente para crianças com nanismo – e dois potes, já abertos, de testosterona. Outras substâncias foram encontradas em uma loja chamada FMA Nutrition, anexa à academia, e no carro de um dos suspeitos.
Celulares dos envolvidos também foram apreendidos, nos quais foram encontradas conversas eletrônicas feitas através do aplicativo de mensagens WhatsApp que comprovariam o comércio das drogas, sempre conforme a polícia. A Vigilância Sanitária de Belo Horizonte também participou da operação para tomar as “providências administrativas cabíveis”. Os envolvidos e o material apreendido foram levados ao Deoesp (Departamento de Operações Especiais).
Maradona já conquistou diversos prêmios e é reconhecido entre o público fitness da capital mineira.
O outro lado
Ainda durante a tarde quinta-feira (16), enquanto os investigados prestavam depoimento na delegacia, o Bhaz entrou em contato com a assessoria da FMA para possibilitar que todos os envolvidos se manifestassem sobre o ocorrido antes da publicação da matéria. A empresa se limitou a informar que a academia estava em funcionamento e com toda sua documentação regular. Os números de telefone da redação foram repassados a representantes do estabelecimento para que a reportagem pudesse conversar com Fernando “Maradona”, Alessander “Pikitito” e Douglas Almeida.
Dois dias após o episódio, a defesa dos envolvidos procurou o Bhaz e negou que eles tenham qualquer envolvimento com a venda anabolizantes e esteroides. “Os medicamentos apreendidos eram para uso próprio, prescritos por médico endocrinologista cujo receituário médico foi entregue ao delegado. Vale esclarecer que tais medicamentos são de uso permitido, estavam devidamente registrados e foram adquiridos em farmácia mediante apresentação de receita médica”, diz trecho da nota enviada à reportagem.
A defesa também alega que Maradona, Pikitito e Douglas foram conduzidos à delegacia apenas para prestar esclarecimentos. “Não houve nenhuma infração à Lei, tanto é que após prestarem os esclarecimentos foram liberados pelo Delegado de Polícia e seguem sua vida normalmente. Reafirmam [os investigados] que continuam a exercer suas atividades com total seriedade e profissionalismo”, aponta o comunicado.
Além disso, a defesa solicitou que a reportagem retratasse a informação de que Fernando Maradona foi detido. O Bhaz reafirma que o boletim de ocorrência registrado na última quinta-feira aponta o atleta como “autor” e “investigado” conduzido por policiais à delegacia, e não como “testemunha” apenas. Além disso, o documento ressalta que o dono da FMA não apresentou comprovação de compra ou receita em seu nome que corresponda à quantidade de esteroides apreendidos na academia.
Maradona, Pikitito e Douglas ainda são investigados pela Polícia Civil. A apuração da corporação tem o intuito de combater a comercialização de anabolizantes e esteroides em Minas Gerais.
Atualizada às 20:55 do dia 18/03/2017