Chega de Baleia Azul! Internautas se mobilizam em ações contra o suicídio

Reprodução/Facebook

Movimentos que buscam a valorização da vida e se opõem ao jogo Baleia Azul têm ganhado força nas redes sociais e mobilizado milhares de pessoas em diferentes cidades do Brasil. Nos últimos dias, pelo menos dois projetos semelhantes começaram a repercutir entre internautas. Um deles apresenta desafios do bem para fazer frente à iniciativa que incentiva o suicídio – casos de auto-extermínio já foram registrados em Belo Horizonte e em Pará de Minas. O outro tem dicas para que parentes e amigos de adolescentes e jovens vulneráveis possam ajudá-los.

Baleia Rosa

O desafio da Baleia Rosa surgiu há uma semana e, da noite para o dia, a página do projeto no Facebook pulou de pouco mais de 5 mil seguidores para quase 100 mil. Ao Bhaz, um dos idealizadores contou que o objetivo é auxiliar pessoas que já participam do Baleia Azul ou que têm uma predisposição ao suicídio. “Eu e uma amiga estávamos vendo a repercussão e ficamos chocados com as notícias de mortes. Nós pensamos na página juntos e também criamos um site“, diz o designer de 28 anos que vive em São Paulo e prefere não se identificar.

Reprodução/Facebook

Segundo o homem, o anonimato dele e da amiga é baseado na expectativa de que os adolescentes consigam se abrir mais, sem estar falando necessariamente com uma pessoa que pode vir a julgá-los. “Não colocar nossos nomes e nossos rostos é uma forma de passar segurança a quem pode precisar de auxílio”, conta. “Já recebemos cerca de 1,5 mil mensagens e algumas são de adolescentes e crianças que já pensaram em cometer suicídio”, conta.

O paulista ainda explica que os internautas mais vulneráveis são respondidos na página do Facebook por uma psicóloga que topou fazer parte do projeto. Ele também relata que quem procura o Baleia Rosa e apresenta quadro mais grave é direcionado para conversar com voluntários do Centro de Valorização da Vida (CVV). O órgão do Governo Federal é a maior referência no Brasil para escuta e auxílio de pessoas que pensam em tirar a própria vida. O número para contato é o 141 e ainda há a possibilidade de conversar por chat ou em vídeo.

Reprodução/CVV

“Eu me sinto muito leve por estar ajudando muita gente e se for possível pretendemos ajudar cada vez mais”, explica o designer. “O projeto começou há pouco tempo e transformamos os desafios ruins do Baleia Azul em desafios para fazer o bem, mas já estudamos formas de expansão para levar auxílio e evitar que novos casos de suicídio”, finaliza.

Encontrando Baleias

Já um analista de sistemas de 33 anos é o responsável pelo Encontrando Baleias. A iniciativa surgiu na segunda-feira (17) e também conta com uma página no Facebook e uma conta no Tumblr. Nos dois espaços, o carioca compartilha dicas para que pais e adultos consigam identificar mais facilmente se os filhos ou conhecidos precisam de ajuda.

“A ideia era encontrar uma forma de prevenção e conseguir tirar os adolescentes e jovens do Baleia Azul. No entanto, percebi que uma solução mais viável pode ser conscientizar quem está próximo dessas pessoas”, conta. “Por meio de chamadas provocativas e dicas, a página fala de como reconhecer tendências suicidas, marcas de auto-mutilação e os motivos que levam os jogadores a adotarem tais atitudes. São espaços mais abrangentes”, explica o anônimo.

Reprodução/Facebook

Ele também relata que pais têm o procurado para conversar sobre a situação dos filhos e também para ajudar na divulgação da iniciativa. “O foco não é quem joga, mas exatamente os pais e responsáveis pelos adolescentes e jovens”, conta.

“A página começou tem dois dias e já existe uma repercussão positiva. Espero que alcance ainda mais pessoas e honestamente queria mais tempo para poder ajudar mais pessoas”, continua. “Acredito que em alguns casos as vítimas do Baleia Azul nem estão em contato com algum curador, mas diante de algum sofrimento passam a fazer os desafios por conta própria. É preciso estar atento”, completa.

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Baleia Verde

Outras iniciativas que vão na contramão do Baleia Azul também podem ser encontradas nas redes sociais, como é o caso do Baleia Verde. O jogo estabelece desafios nos mesmos moldes do Baleia Rosa, no qual as tarefas que estimulam auto-mutilação são substituídas por tarefas do bem. Os jogadores podem ser incentivados a ver filmes que os façam rir, a escrever palavras boas no próprio corpo com canetinhas e a procurar amigos para conversar.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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