O bairro Coração Eucarístico e o entorno da PUC Minas têm sofrido com casos de violência nos últimos meses. A Polícia Militar e a universidade estreitaram laços e tentam medidas para conter a crise de segurança.
Durante os primeiros meses de 2017, moradores do bairro e estudantes da PUC Minas têm reportado casos de roubo, assédio, lesão corporal, homicídio e outros tipos de violência. De acordo com boletins de ocorrência a que o Bhaz teve acesso, no Coração Eucarístico foram 53 crimes desse tipo entre 1º de março e 1º de abril. No período entre 2 de abril e 2 de maio, os casos caíram para 35.
“Quando estava saindo de casa há algum tempo, vi um casal assaltando uma vizinha do prédio ao lado. Levaram o celular dela”, comenta Sabrina Braun, administradora. Em outro crime, dois jovens de 16 anos assaltaram estudantes. Os menores usaram facões para intimidar as vítimas e levaram seus celulares. Porém, os estudantes correram atrás dos criminosos, que foram apreendidos pela Polícia Militar.
As pessoas acabam por evitar sair de casa em determinados horários e tentam se proteger. “Tento não andar sozinha, principalmente à noite e evito lugares ermos. Também não uso coisas de valor, nada que chame muita atenção. Só ando arrumada mesmo quando é necessário”, conta Sabrina. “Costumo esconder os pertences de valor, como celular, pelo corpo. E evito andar pelo bairro à noite”, comenta a estudante da PUC Minas Taís Machado.
Polícia Militar e PUC Minas
Após o registro desses casos, os militares começaram, no início de abril, um policiamento “permanente” na avenida 31 de Março, que passa na lateral do campus. Os policiais não ficam no local 24 horas por dia mas, durante o horário considerado crítico, estão sempre presentes. “A vigilância é feita de forma permanente nos locais de maior demanda, a partir das 16h de segunda a sexta-feira”, afirma ao Bhaz o major Ricardo, do 34º batalhão, cuja sede fica no bairro Caiçara e responde pelo policiamento da região noroeste de Belo Horizonte.
A população começa a sentir o efeito das medidas. De abril para maio, os casos foram reduzidos em 34%. “Tenho visto mais policiais sim, acho que está melhorando”, comenta a administradora Sabrina Braun. Porém, nem todos acham que essas medidas são suficientes. “A polícia reforçou a segurança, mas ainda acho que não intimidou os bandidos, ou seja, ainda está muito perigoso”, afirma a estudante Taís Machado.
Na última sexta-feira (5), a Polícia Militar começou a operar uma rede de comunicação direta com a PUC Minas, através de rádios comunicadores. “Espero que com isso, aumente a proximidade entre a PM e a universidade, para que as ações sejam mais rápidas”, comenta Fernando Máximo, comandante da 9ª companhia, que atua diretamente na região da PUC. “Lembramos também, da importância da registrar o boletim de ocorrência sempre que acontecer algum tipo de problema. Desta forma, a Polícia Militar terá um maior conhecimento e poderá tomar medidas mais eficazes”, completa o comandante.
Outra medida que será tomada é a instalação de um posto policial dentro da PUC Minas, na esquina das avenidas 31 de Março e Dom José Gaspar. “A ideia é colocar um contêiner para que as pessoas possam registrar os boletins de ocorrência e outros atendimentos com a polícia, sem ter de ir à 9ª companhia”, comenta ao Bhaz o pró-reitor de Logística e Infraestrutura da PUC Minas, Rômulo Albertini. A previsão é que o projeto esteja pronto no final de junho e já comece a operar. “Também efetuamos a poda de árvores que atrapalhavam a iluminação e estamos sempre em diálogo com a Polícia Militar, a comunidade e estudantes”, completa Rômulo.
