[Coluna Autêntica] Cinco casas de shows que marcaram a história de Belo Horizonte

Quando vamos falar da música de uma época, logo começamos a citar nomes de bandas, compositores, e canções. É justo que seja assim, afinal a música é a essência da identidade de uma geração. No entanto, não devemos nos esquecer que para que esses artistas possam surgir, há toda uma cadeia dando suporte à sua produção.

Festivais, rádios, revistas, blogs, estúdios são essenciais para que uma banda possa sair da garagem e se tornar relevante. Na base dessa pirâmide estão as casas de show. É lá onde tudo começa. O que seriam dos Beatles sem o Cavern, do punk rock sem o CBGB, do jazz sem o Blue Note?

Hoje, em Belo Horizonte, temos em atividade alguns locais que cumprem esse papel, como A Autêntica, o Matriz e A Obra. Mas, ao longo da história, outros locais serviram de plataforma para que a música da cidade fosse alçada ao reconhecimento nacional e internacional.

Confira a nossa seleção de casas de shows que deixaram sua marca e que a música de Minas Gerais tem uma dívida de gratidão:

Lapa Multshow

Reprodução/Skyscrapercity/LeleoBH

Essa casa ocupou durante anos o prédio do antigo Cine Santa Efigênia, na rua Álvares Maciel, e tinha um tamanho que permitia receber shows de maior porte. O que encantava lá era o forte diálogo que a casa mantinha com a cena local, e o compromisso com a cultura que era assumido.

Durante sua existência, o Lapa recebeu uma quantidade incontável de shows de todos os estilos, do heavy metal à música regional. Era o palco preferido de nove entre dez músicos da cidade. O Lapa Multshow fechou por motivos especulativos, e deixou uma lacuna que demorou a ser preenchida, se é que foi.

Maxaluna

Skank ainda no início da carreira
Divulgação/PaulaFortuna

Casa que ficou famosa por ter abrigado o Skank, antes da banda estourar nacionalmente, ficava na Contorno, próximo a onde hoje é o Hospital Life Center. Era um tipo de ambiente típico daquele momento histórico da música, em que os limites entre show e balada, arte e entretenimento, cover e autoral, eram mais fluidos, menos definidos do que hoje.

Pastel de Angú

Divulgação/PasteldeAngú/Alexsandro Stopa

O bar que leva o nome do delicioso quitute típico de Conceição do Mato Dentro já foi em diversos lugares, de diversos tamanhos.

Quando era pequeno demais para comportar shows de maior porte, ocupava a rua, e foi numa dessas que o Mundo Livre S/A se apresentou pela primeira vez em Belo Horizonte.

O Pastel de Angú sempre foi aberto a propostas artísticas vanguardistas, e era um local de encontro da galera das artes. Parte característica da decoração era um barrado na parede feito com fotos 3×4 dos frequentadores.

Cabaré Mineiro

Wagner Tiso e Milton nascimento posam juntos em foto de divulgação do DVD em que cantam juntos.
Os dois eram sócios no Cabaré Mineiro

Aberto em meados da década de 80, o Cabaré Mineiro era a casa de música da cidade num momento de ouro. Tendo ninguém menos que Wagner Tiso e Milton Nascimento como sócios, o local marcou época e fez história, tendo recebido nomes como Joe Pass, Wynton Marsalis, e outros monstros do jazz, além de estrelas da MPB como Marisa Monte, Ed Motta, e Cássia Eller.

O Cabaré foi fundado com intenção de servir de palco para os alunos da Escola Livre de Música, que formou uma geração de músicos da cidade.

Calabouço

O espírito libertário do Calabouço continua vivo no Matriz, embaixo do conjunto JK
Divulgação/Matriz

Localizado no bairro Primeiro de Maio, o Calabouço era um pequeno bar que abrigava grandes ideais. Além de receber de braços abertos artistas de todas as vertentes, o local funcionava como um centro comunitário, dando apoio a movimentos sociais e promovendo encontros de ordem política, com intuito de melhorar a qualidade de vida no bairro.

Pelo seu palco passaram nomes como Zeca Baleiro, Chico César, Vander Lee e Marku Ribas. Após o Calabouço, os proprietários abriram o Butecário, no centro da cidade, que teve uma vida relativamente curta, mas ficou famoso por receber o primeiro show do Los Hermanos fora do Rio, quando eles ainda não eram barbudos, e tocavam hardcore.

O espírito libertário continua vivo no Matriz, embaixo do conjunto JK, onde Andréia e Edmundo seguem fazendo história, acolhendo a todos com a mesma paixão de sempre. Se há um consenso na cena musical de BH, é que ninguém fez mais pela música da cidade do que esse casal.

* Leo Moraes é músico e sócio da casa de shows A Autentica.

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!